Bacias dos rios das Velhas e Paraopeba, as grandes responsáveis pela água para toda a Grande BH, sofrem com poluentes das cidades, da indústria e do agronegócio
Essencial para o abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas também com o trecho com mais amostras contaminadas em 2024, em Lagoa Santa, o Rio das Velhas tem outros segmentos extremamente poluídos em sua bacia. É o que ocorre no Ribeirão da Mata, em Pedro Leopoldo, depois do Ribeirão das Neves, no Bairro Doutor Lund, perto de uma fábrica de pré-moldados de concreto, onde foram detectados 10 poluentes, sendo que de 30 amostras, 10 (33,3%) tinham violações de parâmetros.
O fundo arenoso do manancial está coberto de lodo escuro, enquanto há lixo espalhados pelas margens e agarrado ao fundo. O cheiro das águas é forte e lembra esgoto, e a equipe de reportagem encontrou diversos peixes mortos em um dos remansos.
O mesmo curso d’água continua extremamente poluído em Vespasiano, próximo à rodovia MG-010, no Bairro Caieiro, onde de 30 amostras foram verificadas 11 violações (36,6%) de limites de tolerância a poluentes, de 11 diferentes tipos de poluição. No local, abaixo de onde foram observados peixes mortos, há pessoas pescando e até vivendo às margens sob uma ponte.
Violações vêm da cidade e do campo
Também importantíssima para o fornecimento de água para a população, a Bacia do Rio Paraopeba é outra com trechos extremamente poluídos, com destaque para o Rio Brumado, em Entre Rios de Minas, na Região Central, com 11 poluentes e 23,8% de amostras fora de conformidade com a legislação. Em outro afluente, o Córrego Pintado, em Ibirité, na Grande BH, foram detectados 11 diferentes poluentes e 23,6% de violações de parâmetros máximos poluidores.
No Ribeirão Betim, na cidade de mesmo nome, na Grande BH, foram medidos 10 poluentes e 25% de violações. O Ribeirão Ibirité teve 10 poluentes e 16,4% de amostras sem conformidade e o próprio Rio Paraopeba, em Papagaios, marcou 10 poluentes e 22,7% de testes acima dos limites de tolerância.
De acordo com o Igam, a poluição observada na Bacia do Rio Paraopeba está muito associada aos lançamentos de esgotos, sobretudo nos centros urbanos, e às atividades de agropecuária. “A qualidade das águas pode ter sido agravada também pelas atividades industriais desenvolvidas, principalmente, indústrias de abatedouro, de automóveis, de extração de areia, mineração de minerais metálicos, de cerâmica, laticínio, metalúrgica, siderurgia e de produtos de limpeza”, aponta o instituto.
“As cargas difusas, os processos erosivos e o assoreamento também contribuem para impactar a qualidade das águas. Dessa forma, para que as águas sejam devolvidas às suas adequadas condições de qualidade, são necessários investimentos em saneamento básico, melhoria na eficiência do tratamento dos efluentes industriais, manejo adequado do solo, preservação da vegetação marginal e ações de educação ambiental”, sugere o Igam.
O quadro nas captações
A poluição também se mostra presente nos principais mananciais de abastecimento da Grande BH onde houve testes nas estações do Igam em 2024. Uma situação que encarece o tratamento e adiciona etapas de purificação ao processo antes da distribuição pela rede de água da região.
No Rio Paraopeba, onde fica a captação de água construída pela mineradora Vale e operada pela Copasa após o rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, de 58 amostras, 12 (20,6%) continham poluentes acima da tolerância legal, como alumínio, chumbo, ferro, fósforo, manganês, sólidos em suspensão e Escherichia coli.
O Ribeirão Serra Azul que é o principal formador do reservatório de Serra Azul, em Juatuba, na Grande BH, apresentou 13 (14,7%) de 88 amostras contendo níveis acima da tolerância legal para alumínio, Escherichia coli (indicativo de esgoto), ferro, fósforo, manganês e baixo oxigênio dissolvido antes da captação do reservatório de abastecimento. Já o Ribeirão Betim que forma a represa de Vargem das Flores só tem coletas para testes após a captação do reservatório. De 91 amostras, 6 (6,5%) continham poluentes acima da tolerância legal de alumínio, manganês, sólidos em suspensão e baixo oxigênio dissolvido.
O Rio das Velhas, antes da captação da Copasa para a Grande BH, em Nova Lima, e o Rio Manso, antes de formar o reservatório de mesmo nome, não emitiram dados pelas estações de controle do Igam e por isso não se sabe qual a condição das águas que ingressam nessas captações que juntas respondem por mais de 80% do volume consumido na Grande BH.
A situação no Arrudas
Extremamente poluído ao cortar a capital mineira e receber inúmeras cargas de esgotos, o Ribeirão Arrudas antes da foz no Rio das Velhas, depois da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Copasa, em Sabará, não é um dos mais críticos. De 121 amostras de água coletadas, 10 (8,2%) continham poluentes fora dos limites ambientais para alumínio, demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, manganês, oxigênio dissolvido, sólidos em suspensão, substâncias tensoativas e Escherichia coli.
FONTE CLICK PETRÓLEO E GÁS