Irmãos podem comandar cidades históricas vizinhas na região central do estado

Duarte Júnior (Republicanos) disputa em Ouro Preto; Juliano Duarte (PSB) é candidato em Mariana.

A distância entre o Centro Histórico de Ouro Preto e o Centro Histórico de Mariana é de 12 quilômetros. Uma mesma família pode, pela primeira vez na história, comandar, ao mesmo tempo, duas das mais importantes cidades históricas de Minas Gerais. Mais velho, Duarte Junior tenta a prefeitura de Ouro Preto. O mais novo, Juliano Duarte, é candidato em Mariana.

Aos 44 anos, completados em setembro, Duarte Junior é formado em direito e tem trajetória política iniciada na juventude. Foi o mais jovem vereador a ser eleito no ano 2000 para a Câmara Municipal de Mariana. Ficou na casa legislativa de 2001 a 2004. Em 2012 foi eleito vice-prefeito, na chapa encabeçada por Celso Cota. No meio de 2015, Cota teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral, e Duarte assumiu a prefeitura da cidade em 15 de julho daquele ano, quando Mariana tinha orçamento estimado em R$ 375,6 milhões e cerca de 59 mil habitantes.

Menos de quatro meses após assumir, viu a Barragem de Fundão se romper, despejando lama e rejeitos de mineração pelo meio ambiente e destruindo comunidades rurais de Mariana, como Bento Rodrigues e Paracatu. 19 pessoas morreram, uma delas ainda sem ter tido seus restos mortais resgatados. A tragédia completa 10 anos em novembro de 2025.

Reeleito com facilidade em 2016, com 74% dos votos, Duarte ficou na prefeitura de Mariana até o final do mandato, em 2020. Dois anos depois disputou vaga na Câmara dos Deputados, ficando como primeiro suplente do PSC. Teve 40.826 votos, impulsionado por sua atuação de cobrança pelos direitos dos atingidos pela Tragédia da Samarco, ao mesmo tempo em que defendia a importância da mineração para geração de empregos e renda na cidade.

No final de 2023 se filiou ao Republicanos, comandado por Euclydes Pettersen em Minas Gerais. O político se licenciou do cargo de deputado federal em fevereiro deste ano, abrindo espaço para Duarte Junior exercer, por quatro meses, o cargo, capitalizando influência para a eleição em Ouro Preto.

Em contato com a Itatiaia, Duarte Junior afirmou que, apesar de ter construído sua trajetória em Mariana, tem histórico político também na cidade vizinha, citando, inclusiva, uma expressiva votação na região.

“Iniciei a minha trajetória política na região dos inconfidentes, tenho um serviço prestado já pela cidade de Mariana, como tenho um serviço prestado também pela cidade de Ouro Preto. Fui deputado federal, o mais votado em Ouro Preto, o mais votado na cidade a qual fui prefeito e como deputado federal demonstrei meu comprometimento. Foram mais de cinco milhões de emendas, uma boa parte dela direcionada a Ouro Preto, quase dois milhões de reais, seja para Santa Casa, seja para a Prefeitura Municipal de Ouro Preto”, afirmou.

Duarte Junior enfrenta o atual prefeito de Ouro Preto Angelo Oswaldo (PV), que tenta a reeleição; e os candidatos Du Evanvelista (PSOL) e Pastor Mazinho (PL). Quem vencer comanda um orçamento estimado em 758 milhões de reais em 2024, para cerca de 75 mil habitantes.

“Uma cidade que arrecada acima de 2 milhões de reais por dia está deixando muito a desejar. E eu sei o que é fazer gestão, eu fui prefeito de um município que perdeu quase 100 milhões de reais por ano de receita e manteve todas as suas contas em dia. Sou o prefeito, à época, que não respondeu um único processo relacionado às licitações e tive todas as minhas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas”, disparou.

Disputa em Mariana

Juliano Duarte tem 42 anos e é formado em direito. Divide com o irmão, Duarte, a influência política vinda da família. Duarte Gonçalves pai foi vereador em Mariana por três mandatos, entre 1977 e 1982, 1983 e 1988, e entre 2005 e 2008. Hoje o pai está afastado da vida pública.

Oito anos após o irmão mais velho se eleger vereador, Juliano ganhou sua primeira eleição – em 2008. De lá pra cá soma quatro mandatos seguidos como vereador, sendo o mais votado nas eleições de 2020 com 1.460 votos.

A família Duarte acompanha, de perto, a conturbada cena política marianense nas últimas duas décadas. Entre 2009 e 2023 a cidade teve nada menos que onze trocas de comando na prefeitura – média de um prefeito a cada um ano e três meses.

O próprio Juliano, enquanto presidente da Câmara de Vereadores, assumiu interinamente a prefeitura entre janeiro de 2021 e julho de 2022, quando foi retirado do cargo por decisão do ministro Alexandre de Moraes, que considerou abuso de poder político o fato de Juliano ser irmão de Duarte, que havia comandado a cidade nos cinco anos e meio anteriores a 2021. Quando o irmão mais velho, Duarte, era prefeito (2015-2020), Juliano se licenciou da Câmara de Vereadores para ser secretário de saúde do município. Na mesma época a esposa de Duarte, Regiane Oliveira, foi secretária de desenvolvimento social.

Depois de quatro mandatos seguidos como vereador (2008 a 2024), Juliano agora é candidato a prefeito pelo PSB. Enfrenta Roberto Rorigues (PL), apoiado pelo atual prefeito Celso Cota (PSDB), que desistiu de tentar a reeleição por problemas de saúde. O outro candidato no pleito marianense é Bruno Teixeira (PSTU).

A reportagem tentou contato com Juliano Duarte e, até o fechamento desta matéria, não teve retorno.

Mariana tem orçamento estimado em 700 milhões de reais para o ano de 2024. A cidade tem 64 mil habitantes.

FONTE ITATIAIA

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