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Vista da estátua do Juquinha é bloqueada por placas na Serra do Cipó

Placas fotovoltaicas alimentam câmera para segurança da obra, mas ficam próximas ao Juquinha. Há reclamações de que interfiram na paisagem natural e nas fotos

Dois painéis fotovoltaicos, que juntos ocupam uma área de 4 metros quadrados, mudaram a paisagem da Serra do Cipó, na cidade de Santana do Riacho, na Região Central de Minas Gerais. Os equipamentos, instalados pela mineradora Anglo American para gerar energia para uma câmera de vigilância, vem gerando descontentamento em turistas e moradores locais porque bloqueiam parte da visão das montanhas e da estátua do Juquinha, um ícone da região.

“De qualquer distância que você tire uma fotografia, fica uma imagem distorcida, diferente da composição com as montanhas e a natureza que a gente tinha antes das placas solares e do poste com a câmera. A estátua do Juquinha, as placas solares e as câmeras são muito contrastantes. Se a pessoa tira uma foto de longe, o poste e as placas saem (na foto). Se a pessoa tira de perto, a paisagem natural não sai (na foto)”, afirma o administrador do restaurante que funciona ao lado da estátua, Dilceu Moreira da Silva.

“Isso, quando a gente fala sobre fotografias. Mas para o olhar de quem vem admirar a estátua e as montanhas, as placas e a câmera atrapalham de qualquer ângulo. Tirou a harmonia da natureza com a estátua”, complementa Dilceu.

Segundo o administrador, muitos turistas têm reclamado da nova composição. “Atendo pessoas que vêm no Juquinha todos os dias e a maioria reparou e desaprovou a interferência que essas placas geraram na estátua. Tem gente que nem acredita o quanto de bom senso que faltou para se instalar placas desse tamanho de uma forma tão agressiva ao lado da imagem do Juquinha”, conta.

Placas solares que alimentam a câmera de segurança do Juquinha são alvo de críticas de interferência cênica
crédito: Dilceu Moreira da Silva

A Anglo American, empresa que é proprietária do terreno onde o Juquinha foi esculpido e responsável pela sua proteção, não respondeu sobre o posicionamento dos equipamentos de segurança. Limitou-se a informar que, desde o dia 10 de maio de 2024 está em funcionamento a câmera para monitorar a estátua do Juquinha, um dos principais símbolos da Serra do Cipó.

“O sistema de segurança é permanente e atende ao acordo assinado junto ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), que ainda inclui ações de restauração do monumento e sinalização da área”.

“A câmera de vigilância faz monitoramento 24 horas da estátua e fica a 15 metros da obra. O dispositivo possui conexão com internet e é alimentado por energia solar. O objetivo é permitir que vigilantes acionem a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) em caso de ataques. Essa medida faz parte de um acordo entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a mineradora Anglo American, proprietária do terreno, visando a restauração e requalificação de um dos símbolos mineiros mais fotografados”, diz a nota.

Vítima de vandalismo e deterioração natural, a vulnerabilidade do Juquinha da Serra do Cipó foi denunciada e acompanhada por reportagens do Estado de Minas desde 10 de junho de 2023. Naquela época, a estátua já havia perdido o dedão da mão direita; uma fenda havia se aberto em uma das pernas, e as bordas do chapéu estavam quebradas.

Nos braços, surgiram buracos com mais de um dedo de largura e profundidade. O paletó também apresentava danos. A superfície da obra de arte estava repleta de trincas e rachaduras. Em algumas partes dos braços e pernas, os vergalhões de aço que sustentam a estrutura estavam expostos e enferrujando.

Após as reportagens do EM, o MPMG tomou medidas para que o Juquinha não ficasse mais abandonado. “Quando vimos as reportagens, decidimos atuar de ofício, em conjunto com a promotoria de Jaboticatubas. Instauramos um procedimento de investigação, um inquérito civil, e foi nesse inquérito civil que as providências para a proteção desse símbolo mineiro foram tomadas”, afirmou o promotor de justiça Lucas Trindade, da Coordenadoria Estadual de Meio Ambiente e Mineração do MPMG, responsável pelo início da ação.

FONTE ESTADO DE MINAS

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