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O chamado do rio

Era uma manhã tranquila em Congonhas do Campo. O sol iluminava suavemente as colinas, e o som do rio Maranhão sussurrava entre as pedras, como se guardasse segredos há muito tempo esquecidos. As pessoas caminhavam pelas ruas, concentradas em suas rotinas, alheias ao milagre que o rio estava prestes a revelar.

Um jovem pescador passava suas manhãs à beira do Maranhão, esperando conseguir pescar alguns peixes. Naquele dia, enquanto puxava sua rede, algo inusitado chamou sua atenção. Uma garrafa velha e desgastada estava presa entre os galhos e pedras na margem do rio. Intrigado, ele a pegou e viu que havia um pedaço de papel dentro.

Com cuidado, abriu a garrafa e retirou a mensagem. As letras estavam corroídas pelo tempo, mas ainda legíveis. Ele começou a ler em voz alta: “Cuidem da história da Freguesia de Congonhas do Campo, ajudem-me a pagar a promessa. Assinado: o idealizador e construtor do Santuário do Bom Jesus.”

A notícia da descoberta se espalhou rapidamente pela cidade. Todos se reuniram na praça principal, onde o jovem pescador, agora acompanhado por autoridades locais e curiosos, lia novamente a mensagem. O burburinho era geral. Quem teria enviado aquela mensagem? Como a garrafa conseguiu resistir tanto tempo à ação das águas e do tempo?

Legenda foto: Livro sobre a historia de Feliciano Mendes e da construção do Santuário Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas, está à venda no Museu de Congonhas e na Livraria DA RUA, em BH.

Historiadores e estudiosos se debruçaram sobre a carta, tentando desvendar o mistério. A assinatura indicava que o remetente era ninguém menos que Feliciano Mendes, o português cuja promessa levou à construção do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. A carta, escrita na primeira metade do século XVIII, fazia um apelo para que as gerações futuras cuidassem da história e do legado da cidade.

A mensagem tocou profundamente a todos. Era como se o próprio ermitão atravessasse o tempo para lembrar à comunidade a importância de preservar sua história. Inspirados pelo apelo, os moradores se uniram para revitalizar os projetos históricos e culturais da cidade.

E assim, a mensagem do rio Maranhão, vinda das profundezas do tempo, reavivou o espírito, garantindo que a promessa de Feliciano Mendes continuasse a ser cumprida, geração após geração.

  • Autor: Domingos T Costa

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