Estudo tem resultados apresentados, com a catalogação de 64 cavernas no distrito de Lima Duarte
Por dois anos e meio, pesquisadores percorreram 106,84 quilômetros à procura de cavernas no Parque Estadual do Ibitipoca, no município de Lima Duarte. O resultado deste trabalho foi apresentado na última semana, durante o 1º Seminário de Pesquisas do Parque, realizado entre os dias 6 e 8 de novembro.
O estudo, chamado “Projeto Ibititur”, resultou na catalogação de 64 cavernas, sendo 28 descobertas ou redescobertas durante a expedição. Em 13 dessas cavidades, sendo nove abertas à visitação e quatro não turísticas, também foi feita a avaliação do potencial espeleoturístico. Com os dados deste estudo, foi possível definir o estado de conservação, os riscos aos visitantes e a vulnerabilidade das cavidades, culminando na elaboração de um zoneamento ambiental espeleológico. Esse zoneamento serve como auxílio para apoiar a gestão atual e também a futura no manejo das visitas às cavidades.
O pesquisador Marcelo Taylor, espeleólogo e engenheiro geólogo membro da Sociedade Excursionista e Espeleológica (SEE), participou dos estudos e afirma que, através deles, foram determinadas zonas de caminhamento seguras dentro das grutas. Também foram feitas intervenções físicas, como escadas e degraus para permitir a visitação sem riscos. “Foram estabelecidos critérios de fechamento da visitação em caso de chuvas extremamente fortes, que poderiam aumentar o risco dos visitantes. Podemos dizer que o risco para os visitantes é desprezível, ou seja quase nulo”, afirma.
Novas grutas
Sobre as novas grutas descobertas, Marcelo destaca a Gruta do Bocão. “Um bela gruta de 759 metros de extensão, que a partir da década de 1990 perdeu sua localização, tendo até sido confundida com a Gruta Catedral. Sua redescoberta e mapeamento integral em detalhe nos permitiram entender melhor os processos de formação das grutas em quartzito de Ibitipoca.”
Outra pesquisa ressaltada por ele foi a comprovação da conexão hídrica entre a Gruta das Bromélias, Vandinho e Martimiano II, com um sistema conectado em aproximadamente 7,5 quilômetros. “Entre as novas descobertas, também podemos citar também duas belas grutas que têm importante função de drenagem de água e conservação de recursos hídricos, a Gruta do Funil e a Gruta Rasteirinha.”
Futuramente, novas grutas podem ser abertas a visitação em Ibitipoca, explica Marcelo. No entanto, a abertura de uma nova caverna à visitação demanda estudos específicos e detalhados, para que não haja risco ao ambiente e às espécies que os habitam. Esses estudos devem ser sintetizados em um Plano de Manejo Espeleológico que determine quais zonas podem ser visitadas, por quantas pessoas, com a presença de guias e demais condições.
Seminário promove encontro de pesquisas sobre o parque
Entre os dias 6 e 8 de novembro, diversos pesquisadores se reuniram na sede do Parque Estadual do Ibitipoca para apresentar pesquisas que tratavam da fauna, flora e aspectos culturais e históricos da Unidade de Conservação.
Com uma programação interdisciplinar, a atual gerente do espaço, Clarice Silva, afirma que o resultado do seminário foi positivo para mostrar o que já foi feito e o que ainda precisa ser feito dentro do Parque do Ibitipoca. “O encontro foi muito produtivo. As trocas entre os participantes, o encontro dos pesquisadores, dos temas que são debatidos, tivemos muito conhecimento sobre aspectos históricos, culturais, sobre a fauna, flora e a gestão do Parque e também sobre a gestão da visitação.” No total, conforme Clarice, o seminário recebeu 150 pessoas entre os três dias.
FONTE TRIBUNA DE MINAS