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Presença de telefone supera a de geladeira entre pobres no Brasil, diz IBGE

Entre as pessoas extremamente pobres, a proporção de moradores em lares com o aparelho de comunicação foi de 94,2%

A presença de telefone celular ou fixo é maior do que a de geladeira em lares com pessoas consideradas pobres ou extremamente pobres no Brasil, segundo dados de 2023 divulgados nesta quarta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No ano passado, 97,1% da população considerada pobre vivia em domicílios com pelo menos um telefone celular ou fixo no Brasil, ante 96,5% com geladeira.

Entre as pessoas extremamente pobres, a proporção de moradores em lares com o aparelho de comunicação foi de 94,2%, acima do percentual de 92,9% com o eletrodoméstico.

Os resultados sinalizam uma diferença se comparados à população como um todo. Entre o total de habitantes, a parcela em lares com geladeira (98,5%) supera o grupo com telefone celular ou fixo (98,2%).

O IBGE destacou os dados durante a apresentação da Síntese de Indicadores Sociais. A publicação analisa estatísticas sobre as condições de vida da população.

Bruno Perez, analista da pesquisa do IBGE, disse que o celular se tornou um bem praticamente essencial para a comunicação e afirmou que o aparelho pode ser usado por pessoas de renda mais baixa para trabalhar ou procurar emprego.

“Não temos dados sobre isso, mas, às vezes, para contratar um trabalhador rural ou uma diarista, você contrata pelo celular. A pessoa precisa daquilo para conseguir trabalho”, disse.

O IBGE ainda lembrou que pessoas mais pobres também podem ter acesso ao aparelho por meio de doações. “Como as pessoas com mais dinheiro trocam muito, então pode ter uma proporção de celulares doados. É uma possibilidade”, afirmou Perez.

INTERNET CRESCE DE FORMA ACELERADA

O instituto aponta que o acesso domiciliar à internet cresceu de “forma extremamente acelerada” entre os extremamente pobres em um intervalo de sete anos.

Nesse grupo, a proporção de pessoas com acesso à rede nos lares aumentou de 34,7% em 2016 para 81,8% em 2023.

O percentual, contudo, segue abaixo dos verificados entre os pobres e a população como um todo, que também cresceram.

Entre os pobres, o percentual com acesso domiciliar saiu de 50,7% em 2016 para 88,7% em 2023. Na população total, o indicador pulou de 68,6% para 92,9% em igual intervalo.

Entre os seis tipos de produtos analisados pela pesquisa, o telefone e a geladeira são os mais próximos de alcançarem 100% dos brasileiros.

Ambos são os únicos com presença acima de 90%, tanto para a população como um todo quanto para as camadas mais pobres.

Dados sobre moto, carro, máquina de lavar e computador

O instituto também trouxe dados sobre motocicleta, carro, máquina de lavar e microcomputador.

No caso da motocicleta, 27,6% da população como um todo vivia em lares com o veículo. Trata-se de um patamar similar ao registrado entre a população pobre (27,3%) e a população extremamente pobre (23,9%).

Quando o bem analisado é o automóvel, as diferenças ficam mais evidentes. Em 2023, 51,4% da população total morava em domicílios com carro, percentual bem superior aos registrados entre os pobres (24,5%) e os extremamente pobres (16,3%).

“O que parece fazer mais sentido é que a motocicleta é um substituto mais barato para o automóvel”, disse Perez.

“Alguns setores de menor rendimento que não conseguem adquirir um automóvel vão conseguir adquirir uma motocicleta. E também é um meio de trabalho para quem trabalha com entregas, mototáxis, que são setores em geral de baixa renda”, acrescentou.

Ainda de acordo com o IBGE, 70,8% da população total do país tinha máquina de lavar no domicílio em 2023. É um percentual superior ao verificado entre os brasileiros pobres (46%) e os extremamente pobres (36%).

As diferenças também aparecem quando o objeto avaliado é o microcomputador. No ano passado, 41% da população total vivia em endereços com o aparelho, acima das proporções verificadas entre os pobres (14,8%) e os extremamente pobres (11,2%).

CRITÉRIOS DA PESQUISA

Os recortes divulgados pelo IBGE levam em consideração parâmetros do Banco Mundial para caracterizar uma pessoa como pobre ou extremamente pobre.

A linha de pobreza é de US$ 6,85 por dia em PPC (paridade de poder de compra) ou R$ 665 por mês. A medida de extrema pobreza, por sua vez, é de US$ 2,15 por dia em PPC ou R$ 209 por mês.

Na prática, pessoas que viviam com quantias inferiores a essas foram consideradas pobres ou extremamente pobres.

O IBGE afirmou que o percentual da população abaixo da linha de pobreza caiu de 31,6% em 2022 para 27,4% em 2023. A proporção mais recente é a menor desde o início da série, em 2012. Em termos absolutos, a parcela recuou de 67,7 milhões para 59 milhões.

No mesmo período, a proporção em situação extrema pobreza caiu de 5,9% para 4,4%, outra mínima da série. Em termos absolutos, o grupo recuou de 12,6 milhões para 9,5 milhões.

FONTE: JORNAL DE BRASILIA

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