Minas Gerais, um estado brasileiro conhecido por suas montanhas majestosas e cachoeiras impressionantes, guarda em sua história geológica uma surpresa intrigante. Há 500 milhões de anos, essa região era banhada por um mar raso, algo inimaginável considerando sua localização atual distante da costa. Essa descoberta foi possível graças a fósseis de organismos marinhos encontrados no município de Januária, no norte do estado.
Esses fósseis pertencem aos gêneros Cloudina e Corumbella, seres que habitavam um ambiente marinho de baixa profundidade que, segundo pesquisadores, cobria não só essa parte do Brasil, mas também se estendia até partes das Américas do Sul e África, quando esses continentes ainda eram unidos na massa continental conhecida como Gondwana.
Qual era a extensão desse mar no passado?
Os registros geológicos sugerem que o mar que cobria Minas Gerais fazia parte de uma vasta confluência de águas intracontinentais, ligada ao antigo Oceano Clymene. Estudos indicam que ele percorreu regiões hoje distribuídas entre o leste da América do Sul, oeste da África, e possivelmente, o sul da Antártida. Este mar, provavelmente, tinha profundidades que não ultrapassavam os dez metros, permitindo a existência de uma vida marinha rica e diversificada.
Importância do Grupo Bambuí na Paleogeografia
A respeito dos estudos que comprovam a existência desse mar, destaca-se o Grupo Bambuí. Esta formação sedimentar abrange cerca de 300 mil km², abrangendo partes de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Tocantins e o Distrito Federal. A formação geológica é fundamental para compreender a distribuição dos oceanos e continentes da antiga supercontinente Gondwana, sendo uma das áreas sedimentares mais estudadas da América do Sul.
- Paleogeografia: Estudo da disposição dos continentes e oceanos ao longo da história da Terra.
- Grupo Bambuí: Formação sedimentar essencial para decifrar a geologia do São Francisco.
O que revelam os fósseis de Cloudina e Corumbella?
Os fósseis de Cloudina são de particular interesse devido a suas características únicas de esqueleto de carbonato de cálcio, um dos primeiros a serem encontrados no Período Ediacarano. Eles são importantes como fósseis-guia, permitindo aos geólogos datar e correlacionar camadas geológicas. A fragilidade de suas carapaças sugere que os Cloudina habitavam águas calmas e rasas, reforçando a ideia de um mar sobre o que hoje conhecemos como Minas Gerais.
- Cloudina: Primeiro fósseis com esqueleto mineralizado do Ediacarano.
- Corumbella: Cnidários com carapaças mineralizadas, confirmando a presença de mares rasos na área.
Implicações para a Compreensão do Passado da Terra
Estas descobertas destacam a importância de Minas Gerais na história geológica da Terra. Ao entender a presença de mares antigos sobre o estado, cientistas podem refinar suas interpretações sobre a evolução geológica e biológica da região. Tal exploração nos permite um entendimento mais profundo de como as dinâmicas tectônicas moldaram a face do planeta ao longo dos milhões de anos, revelando um passado onde mares cobriam áreas hoje dominadas pela terra seca.
Em suma, a pesquisa sobre os fósseis encontrados em Minas Gerais não é apenas sobre um pedaço da história local, mas sim sobre uma janela que se abre para compreender as complexas mudanças que a Terra experimentou ao longo das eras geológicas. Este conhecimento é vital para apreciarmos a continuidade e a transformação do nosso planeta.
FONTE: ESTADO DE MINAS