A expansão urbana desordenada, a verticalização acelerada, o excesso de ruído urbano e o trânsito caótico têm se tornado fatores preocupantes para a saúde mental dos habitantes de Belo Horizonte. A cidade, que abriga mais de 2,5 milhões de pessoas, enfrenta desafios cada vez maiores para proporcionar qualidade de vida em meio ao estresse cotidiano.
Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), o ruído ambiental é o segundo maior fator de risco ambiental para a saúde humana, ficando para trás apenas da poluição do ar. Em Belo Horizonte, dados recentes apontam que cerca de 65% da população está exposta a níveis de ruído superiores aos recomendados, principalmente nas áreas centrais e ao longo das vias de trânsito intenso.
A verticalização também desempenha um papel importante nessa pesquisa. Estudos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostram que a densificação urbana pode levar ao aumento do isolamento social, à perda de áreas verdes e à elevação dos níveis de estresse, afetando diretamente o bem-estar mental dos moradores. “A arquitetura das cidades deve ser planejada para harmonizar o convívio urbano com a saúde de seus habitantes, mas em Belo Horizonte, vemos uma crescente desconexão entre o espaço construído e as necessidades humanas”, destaca um relatório da instituição.
O trânsito, outro vilão do cotidiano belo-horizontino, é responsável por agravar os índices de ansiedade e estresse. Nos horários de pico, os motoristas chegam a gastar até 80% mais tempo em deslocamentos, conforme dados da BHTrans. Essa rotina contribui para sintomas como irritabilidade, cansaço extremo e até transtornos psicológicos mais graves.
O neuropsicanalista Renato Lisboa, referência na área de saúde mental e qualidade de vida, comentou a situação:
“Belo Horizonte vive hoje um processo que impacta diretamente o equilíbrio emocional de seus moradores. A verticalização desordenada cria ambientes mais opressivos, enquanto o trânsito e o ruído constate mantém os níveis de estresse cronicamente elevados. A saúde mental é uma construção coletiva e precisar ser tratada como prioridade por todos em especial pelo poder público.
A Prefeitura de Belo Horizonte, ciente do problema, iniciou projetos para mapear os impactos da poluição sonora e do trânsito na saúde dos cidadãos. Em 2023, foi lançado um estudo pioneiro para medir os níveis de ruído em diferentes pontos da cidade, um passo inicial para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes.
Os especialistas recomendam a criação de mais áreas verdes, melhorias no transporte público e a adoção de tecnologias de controle de ruído em veículos e edifícios como formas de mitigar os danos. Soluções que promovam ambientes urbanos mais humanizados são essenciais para que a capital mineira possa equilibrar desenvolvimento e qualidade de vida.