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CONFUSÃO SEGUE EM RIO ESPERA (MG): Pároco confia na Justiça para reverter decisão de suspensão de funcionamento de relógio histórico; comunidade se revolta

“Vou aguardar o Juízo. Confio na Justiça e na credibilidade do Judiciário brasileiro, independente da decisão”. Esta foi opinião sintética do Padre Jackson Braga, pároco da histórica Igreja de Nossa Senhora da Piedade, em Rio Espera (MG), que guarda imagens barrocas, atribuídas a Aleijadinho, ao comentar a a decisão provisória de tutela antecipada, proferida pela 4ª Vara de Conselheiro Lafaiete, através da Juíza Célia Maria Andrade, em ação movida por um dentista, insatisfeito com o barulho dos badalos do relógio, instalado na Matriz em 1959, a chamada “Lei do Silêncio”.

Este é o principal assunto que domina as conversas na simpática Rio Espera (MG), de povo amável e acolhedor. A revolta tomou conta da comunidade de quase 5,5 mil moradores, amplamente contrária a decisão da justiça e polêmica instalada rende conversas intermináveis. “O que acho mais estranho é o povo incomodar com o relógio e os pancadões, nas ruas, carro, bares correndo solto noite inteira. Vai entender”, analisou uma morada nas redes sociais. A alegação da comunidade é que o direito individual não pode sobrepor ao coletivo.

Na cidade, de maioria de católica fervorosa, onde fé e a religiosidade são marcas presentes na formação de seu povo com mais de 300 anos de história de Rio Espera, a suspensão do funcionamento do relógio, referência histórica de mais de 7 décadas, é um retrocesso nos costumes dos moradores e afronta direitos garantidos. Em um comunicado divulgado na sexta-feira (31), o Padre comunicou que paralisaria os toques do sino, ao aguardar a decisão final da justiça. A ação proposta pelo dentista se baseia no direito que está sendo perturbado pelo som do sino do relógio ao longo do dia e madrugadas. Sem acordo em uma audiência, o Padre, que defende o amplo diálogo, entendeu por interromper o funcionamento do sino. Ele justifica que trata-se de um relógio centenário, de origem suíça, com mecânica complexa, sendo um trabalho atípico com mistura digital, elétrica e mecânica e surgiram conflitos de funcionamento que espera sanar com ajuda de empresa. As intervenções no equipamento causaram danos que exigem reparados que não foram sanados. O sino continuará na torre da igreja.

Matriz de Nossa Senhora da Piedade guarda relíquia barroca, a “Pietá”, obra de Aleijadinho, que morou uma época de sua vida em Rio Espera

“Peço a todos paciência. Sei do quanto desejam que sua história e costumes sejam respeitados, porém lembro-lhes de nossa obrigação de respeitar os direitos dos indivíduos, sem prejuízos coletivos, prescritos na Constituição Federal. Além disso, o clamor por Justiça deve ser equilibrado com misericórdia, que Nossa Senhora nos ensinou”, salientou o pároco.

Na comunidade já há um movimento para pressionar as autoridades pela volta do sino, intitulado “SOS todos pelo funcionamento do relógio da matriz”. A campanha é para que a autoridade judicial se sensibilize com o clamor da comunidade, revoltada com essa decisão, afinal desde da inauguração da igreja Matriz em 25 setembro 1959 o relógio está em funcionamento e é uma referência e relíquia histórica.

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