Prefeituras da região estão sob intensa fiscalização, com a instauração de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para apurar possíveis irregularidades cometidas por administrações anteriores. Em Capela Nova, Conselheiro Lafaiete, Belo Vale, São João Del Rei e Itaverava, vereadores investigam suspeitas de desvios de recursos públicos, irregularidades diversas e até nepotismo. As apurações miram diretamente ex-prefeitos e suas gestões, levantando questionamentos sobre a aplicação de verbas públicas.
Capela Nova: suspeita de desvio de R$ 1,5 milhão
Em Capela Nova, a CPI investiga o possível desvio de R$ 1,5 milhão dos cofres municipais. Parte do montante seria proveniente de uma emenda parlamentar federal destinada à construção de uma unidade de saúde, enquanto o restante teria origem em recursos próprios da administração passada. A denúncia levou os vereadores a formalizar um pedido de investigação junto ao Ministério Público de Minas Gerais. A Câmara Municipal também se comprometeu a fornecer documentos que possam ajudar a esclarecer os fatos.
Conselheiro Lafaiete: CPI das obras públicas
Já em Conselheiro Lafaiete, a CPI foi instaurada para averiguar possíveis irregularidades em obras públicas realizadas na gestão anterior. Entre os principais alvos estão projetos inacabados, atrasos. A comissão pretende analisar contratos e pagamentos, com foco especial em obras essenciais, como escolas, unidades de saúde e infraestrutura urbana. Os vereadores defendem mais transparência e pretendem responsabilizar eventuais culpados.
Belo Vale
Um relatório elaborado nos primeiros dias da administração do Prefeito Belo Vale (MG), Lapinha (Solidariedade) expôs um rombo de R$ 37 milhões. Sem recursos para pagar as contas, a prefeitura impôs um regime de guerra com cortes em todas as secretarias, como também a contratação de uma auditoria em obras para elaboração de um diagnóstico contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial. Um decreto suspende todas as concessões de alvarás sem a comprovação do interesse público e cada secretário tem 45 dias tem apurar fatos relacionados a cada pasta. Segundo relatório, não houve transmissão formal do cargo, sem as informações necessárias sobre a situação contábil, financeira etc, além de vultoso resto a pagar que compromete o planejamento e a gestão. O ex-prefeito Nequinha (MDB) negou todas as acusações.
São João del Rei
O prefeito de São João del-Rei, Aurelio Suenes, realizou uma coletiva de imprensa ao lado do diretor do DAMAE, Rômulo Viegas, para abordar os desafios financeiros e administrativos enfrentados pelo município herdados da administração Nivaldo Andrade. O prefeito iniciou sua fala criticando duramente as dívidas herdadas pela atual gestão. Segundo ele, a dívida do DAMAE com a Cemig soma R$ 102 milhões, valor considerado “vergonhoso” para a prefeitura. Outra dívida mencionada foi com o Instituto de Previdência, que chega a aproximadamente R$ 17 milhões. O prefeito ainda assumiu com uma bomba após determinação do Ministério Público. Com cerca de 90 mil habitantes, São João del-Rei é uma das únicas cidades de Minas Gerais que ainda não conta com um sistema de hidrômetros para monitorar o consumo de água. Diante disso, o Ministério Público determinou o cumprimento do TAC, que inclui a suspensão do fornecimento de água a inadimplentes e a implantação do sistema de hidrômetros.
Fiscalização intensificada e expectativa por responsabilização
O avanço das investigações reflete a crescente pressão popular por transparência e responsabilidade na gestão dos recursos públicos. Em todas as cidades, a expectativa é que as CPIs tragam esclarecimentos sobre as denúncias e, caso sejam confirmadas irregularidades, os responsáveis sejam devidamente punidos.
Com a participação do Ministério Público e de órgãos de controle, as investigações devem ganhar novos desdobramentos nas próximas semanas. As Câmaras Municipais reforçam o compromisso com a fiscalização e a luta contra a corrupção, prometendo rigor na apuração dos fatos e na cobrança de medidas legais contra possíveis irregularidades.