Destino turístico preza pela tranquilidade, boa comida e inúmeros casos de pessoas que largaram tudo para morar lá
Destinos turísticos com cenários deslumbrantes existem aos montes pelo mundo. Mas lugares que tocam a alma a ponto de provocar lágrimas nos olhos são raros. E foi exatamente esse arrebatamento que vivi em Corumbau, um distrito de Prado, no sul da Bahia.
Com cerca de 2 mil habitantes, o vilarejo oferece bons e variados restaurantes, além de diversas opções de hospedagem. No entanto, seu maior encanto está na fusão entre o tom bucólico que acompanha o visitante desde a chegada e a beleza singular da praia, emoldurada por falésias e restaurantes onde o ritmo desacelerado parece ser incorporado tanto pelos moradores quanto pelos turistas.
Passei quase 10 dias por lá no início do ano e percebi que Corumbau vive em um equilíbrio peculiar: já está no radar dos viajantes que buscam tranquilidade e exclusividade, mas permanece entre dois destinos vizinhos mais estruturados e conhecidos — Caraíva e Cumuruxatiba. Assim, guarda uma quietude mais acentuada diante das vizinhas.
Por isso, mesmo com a crescente popularidade, Corumbau ainda é um refúgio perfeito para descansar, explorar praias mais desertas, saborear boa gastronomia e conhecer moradores locais ou simplesmente “aterrissaram” ali .
Neste texto, compartilho minha experiência nesse paraíso para te inspirar e contribuir com a sua viagem.
O vilarejo

Areias brancas, águas calmas e quentes, além de um ambiente tranquilo, estão entre os melhores aspectos de Corumbau. A cidade, localizada a 90 km de Prado, tem um acesso um pouco difícil. Para chegar lá de carro, é preciso enfrentar uma estrada de terra.
No centro, o turista encontra uma farmácia, um pequeno mercado e restaurantes. Logo de cara, percebi que, embora seja possível ver belas casas em alguns pontos, a arquitetura predominante das residências e estabelecimentos é simples e, em alguns casos, rústica. É raro ver prédios de três andares ou casas muito próximas umas das outras, o que contribui diretamente para a atmosfera pacífica do lugar.
Como já havia pesquisado sobre Corumbau, não me surpreendi com a ausência de atrações turísticas tradicionais. No entanto, há excelentes restaurantes na Ponta e em outras áreas da cidade. Também existe a possibilidade de fazer um bate-volta até Caraíva, incluindo um passeio de buggy. Mas a proposta aqui é outra: descansar, caminhar, desacelerar.
O melhor passeio que fiz foi percorrer toda a praia de bicicleta, e recomendo a experiência a todos que passearem por lá.
Onde ficar em Corumbau
Em Corumbau, fiquei hospedado em dois lugares. O primeiro foi a Vila Budião, um espaço aconchegante, bem organizado e com uma equipe extremamente atenciosa. O grande destaque é o adorável e farto café da manhã. Outro ponto positivo é a localização: a pousada fica muito perto dos bares e restaurantes da Ponta de Corumbau, o que facilita o acesso para refeições e momentos de confraternização.
Minha segunda experiência de hospedagem foi no lado oposto do vilarejo, na casa da Fernanda — uma gentil e animada paulista que também comanda um bar (cuja história você conhecerá mais adiante). A casa fica sobre as falésias, do outro lado da Ponta, em uma área ainda mais tranquila, ideal para caminhadas e para apreciar o pôr do sol.
Na minha próxima visita a Corumbau, no entanto, já sei onde quero ficar: na Morada Pochixá, da belo-horizontina Tina Melo. Além do charme da hospedagem, que conta com chalés, suítes e casinhas para receber turistas, Tina também está à frente de uma loja de arte popular, tornando o espaço ainda mais especial.
Onde comer em Corumbau
Entre as ótimas refeições que fiz em Corumbau, o grande destaque foi A Casa Chão. Conduzido pelo casal Núbia e Luciano, o restaurante tem um conceito intimista: são apenas oito lugares, e todos os clientes compartilham uma grande mesa em frente a uma cozinha aberta. Para jantar lá, é preciso fazer reserva — sugiro garantir o lugar com alguns dias de antecedência.
Além do excelente cardápio, que inclui massas, carnes e frutos do mar, a seleção de vinhos é robusta e apresentada de forma acessível. Ao som da música ambiente e entre uma taça e outra, as conversas fluem com a naturalidade das ondas do mar. Foi nesse jantar que tiver a oportunidade de conversar mais com o casal Bethânia e Dudu, conterrâneos de Belo Horizonte.
Corumbau e suas ‘aterrissagens’
Ao conversar com diferentes pessoas durante minha estadia, percebi que me apaixonar por Corumbau estava longe de ser algo inédito. Pelo contrário. Esse também foi o caso de Bethânia e Dudu, um casal simpático de Belo Horizonte com quem tive a oportunidade de conviver por alguns dias.

Eles me contaram que conheceram Corumbau em 2016. Chegaram sem grandes expectativas, apenas com a recomendação de que “poucas pessoas conheciam o lugar”. Mas bastou avistar o mar para que fossem completamente impactados. “Fiquei tão impressionada com a beleza do lugar que comecei a chorar de emoção”, confessa Bethânia.
Nos anos seguintes, eles desbravaram a região em diversas viagens. “Corumbau nos oferece tudo o que amamos: natureza abundante e preservada, banho de rio e de mar, tribos indígenas, lugares intocados e aconchegantes, simplicidade, energia positiva, canto dos pássaros, baleias jubarte, mar limpo de um azul vibrante e, acima de tudo, a hospitalidade genuína dos moradores”, enumera Bethânia.
Com o passar do tempo, o amor pelo lugar só cresceu. Hoje, além de passarem sempre as férias ali, decidiram comprar dois terrenos: um para construir uma casa e outro para uma futura pousada, chamada de Projeto Valor Corumbau. “A obra começou e, aos poucos, estamos construindo nossa história e nossos sonhos nesse paraíso”, conta Bethânia.
Bethânia e Dudu foram os novos amigos com quem mais conversei ao longo da viagem, mas histórias como a deles surgiam a todo momento. O mesmo arrebatamento aconteceu com Fernanda Savoia, a paulista que divide sua vida entre a Itália e Corumbau; com Waleska e seu marido, que trocaram Campo Grande pelo mar da Bahia e que conheci em meu último jantar na cidade. Todos eles, assim como tantos outros, foram conquistados por um vilarejo cujo nome significa “lugar longe de tudo”, mas que, ironicamente, ninguém mais quer ficar longe depois de conhecer.
FONTE: O TEMPO