Projeto promove vivências e palestras em escolas, conectando estudantes à história e prática dessa arte centenária
A preservação e valorização da Cerâmica Saramenha seguem firmes em Ouro Branco com a continuidade do projeto “Cerâmica Saramenha”, que chega ao seu 3º ano de atuação, iniciado em novembro de 2024 e com atividades ao longo de 2025. Com o objetivo de difundir essa importante tradição artesanal e garantir sua transmissão às futuras gerações, o projeto promove vivências em escolas, palestras e ações de conscientização sobre esse patrimônio cultural.
Este projeto, Cerâmica Saramenha – Ano III, número LEIC:CA: 2018.13605.0275, conta com o patrocínio da Gerdau, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, e gestão da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social dos Inconfidentes e Alto Paraopeba – ADESIAP MINAS. A terceira edição prevê 20 atividades, sendo 15 vivências e cinco palestras que serão realizadas ao longo de 2025, ampliando o alcance da técnica e fomentando o interesse de crianças e jovens.
A Cerâmica Saramenha e sua importância histórica
A Cerâmica Saramenha tem raízes profundas em Minas Gerais. Trazida de Portugal no século XIX, essa técnica se consolidou na região da antiga Vila Rica e encontrou em Ouro Branco um de seus últimos redutos. Durante décadas, a produção artesanal da louça vidrada tradicional esteve em risco de desaparecimento, mas, graças aos esforços de resgate e valorização, a técnica segue viva e sendo transmitida.
Leonardo Ricart, um dos últimos mestres da Cerâmica Saramenha, é peça-chave nesse processo. Discípulo de Mestre Bitinho (Silvestre Guardiano Salgueiro, 1918-1998), ele tem se dedicado a compartilhar seus conhecimentos com novas gerações. Sua jornada na arte começou na década de 1990, quando participou de uma oficina que despertou seu interesse pelo ofício – prova de que a divulgação e o ensino são fundamentais para manter essa tradição.



Vivências escolares: conectando tradição e aprendizado
As vivências escolares são um dos pilares do projeto. Direcionadas a alunos do ensino fundamental e médio, principalmente da rede pública e da zona rural de Ouro Branco, essas atividades proporcionam um contato direto com a cerâmica, desde sua história até a prática de moldagem da argila.
No Colégio Arquidiocesano de Ouro Branco (CAOB), uma das escolas que recebeu a iniciativa no final de 2024, o estudante Pedro, aluno do 1º Ano do Ensino Médio, compartilhou sua experiência: “foi muito legal! Com o Mestre Léo ensinando, foi mais fácil, porque ele corrigia quando eu errava. Eu me interessei bastante, consegui tentar fazer um pouco do que ele mostrou. Aqui na escola, a professora Kátia já tinha comentado sobre essa arte, e, quando vimos as imagens na sala, pesquisamos mais sobre o tema. Mas foi na palestra que realmente entendemos que a Cerâmica Saramenha não é só um artesanato, é uma mistura de culturas. Foi uma experiência incrível!”
Para além da experiência prática do contato com a cerâmica e o conhecimento adquirido por meio das palestras, as vivências são inclusivas e, no CAOB, contou com a presença de uma intérprete de Libras, reforçando nosso compromisso com a inclusão e acessibilidade. Acreditamos que a cultura e o conhecimento devem alcançar a todos, sem barreiras.
A professora Kátia Braz, que leciona Artes, História e Literatura no colégio, reforça a importância do projeto: “falar sobre patrimônios materiais e imateriais na história e cultura locais é essencial. A experiência prática faz com que os alunos compreendam, na essência, o valor dessa arte. Ver o encantamento deles ao moldar a argila e compreender a história por trás da técnica é transformador.”
Alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal e Ouro Preto, receberam, no dia 28 de novembro de 2024, uma vivência e uma palestra, que aconteceu no Laboratório de Maquetes da Escola de Minas, sob a orientação do professor responsável Maurício.
Em 2025, as atividades já se iniciaram. No dia 14 de março, o projeto esteve presente na Escola Noemi Nogueira, em Monsenhor Izidro, na cidade de Ouro Branco, onde foram realizadas 12 vivências escolares e 2 palestras, envolvendo turmas do Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio.



Preservação e futuro da Cerâmica Saramenha
Além das vivências, o projeto promove palestras e iniciativas de difusão cultural. A publicação do livro “Cerâmica Saramenha – Escrituras da Louça Vidrada”, em 2024, foi um marco desse trabalho, reunindo informações sobre a história, técnica e preservação da arte, com distribuição gratuita. O livro está disponível para download gratuito no site do projeto.
O impacto do projeto vai além das salas de aula. Ele fortalece a identidade cultural de Ouro Branco, inspira jovens a valorizar o patrimônio local e mantém viva uma tradição centenária. Em 2025, a continuidade das atividades reforça o compromisso com essa missão, garantindo que a Cerâmica Saramenha siga moldando histórias e encantando novas gerações.
Para acompanhar as ações do projeto, acesse nosso site e redes sociais.
Para baixar o livro, acesse: https://www.ceramicasaramenha.art.br/.