Volkswagen anuncia nova geração da Amarok com promessa de ruptura total no projeto atual, mesmo herdando plataforma de picape chinesa. O investimento bilionário visa criar um modelo 100% adaptado ao gosto e às exigências do consumidor sul-americano.
A nova geração da Volkswagen Amarok, que será produzida na Argentina a partir de 2027, promete ser uma picape totalmente adaptada à realidade sul-americana, apesar de usar a mesma plataforma da gigante chinesa Saic.
A montadora alemã anunciou recentemente um investimento robusto de US$ 580 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) para viabilizar o projeto, e fez questão de destacar que o modelo não será uma simples adaptação da Maxus Terralord 9, veículo de origem chinesa que servirá de base estrutural para a nova Amarok.
Segundo o presidente da Volkswagen na América Latina, Alexander Seitz, mais da metade do projeto será regionalizado, com o objetivo de atender com precisão às exigências dos consumidores locais, principalmente brasileiros.
Investimento bilionário com foco no consumidor sul-americano
Durante entrevista coletiva realizada após o evento de anúncio do investimento, Seitz fez questão de reforçar que a decisão de injetar centenas de milhões de dólares no projeto não tem como objetivo apenas mudar o emblema de uma picape chinesa.
Ele ressaltou que, se fosse para fazer algo superficial, a quantia investida seria significativamente menor.
“Acha que faríamos um investimento alto assim se não fosse para ter um produto inteiramente novo?
Se fosse só para trocar o logotipo no volante, a grade, os amortecedores e os faróis, custaria 30 milhões [de dólares]”, comparou o executivo.
“Estamos investindo 580 milhões. Isso mostra o nível de adaptação e regionalização do projeto”, afirmou.
Apesar da estrutura ser compartilhada com a Maxus Terralord 9, um modelo robusto que ultrapassa os 5,50 metros de comprimento (maior do que os 5,35 metros da atual Amarok), a versão sul-americana contará com alterações profundas em seu design externo, interior e sistemas eletrônicos.

Picape personalizada para o gosto brasileiro
A nova Amarok será desenhada e ajustada por engenheiros e designers da América Latina, com atenção especial ao perfil do consumidor brasileiro, conhecido por sua exigência em relação a desempenho, conforto e tecnologia.
Além das mudanças visuais, a picape também contará com adaptações em softwares como o sistema de assistência à condução (Adas) e uma central multimídia que atenda aos padrões locais.
“Os chineses ainda não conhecem tão bem o gosto do consumidor sul-americano. Vamos adaptar muita coisa. O consumidor local não aceita qualquer produto no segmento de picapes médias. Então vamos dar a ele o que ele demanda”, explicou Seitz.
Mudanças na motorização: adeus ao motor V6?
Uma das maiores transformações esperadas está sob o capô.
A nova Amarok pode deixar para trás o consagrado motor V6 3.0 turbodiesel de origem Audi, que desenvolve 258 cavalos de potência e é amplamente elogiado por sua performance.
Essa substituição se deve, em parte, à necessidade de atender às exigências do Proconve L8, programa brasileiro de controle de emissões veiculares.
Com isso, cresce a possibilidade de a Amarok ganhar uma nova motorização, que deve manter a eficiência do diesel, mas com foco em sustentabilidade e adequação às leis ambientais.
Seitz sinalizou que a Volkswagen trabalha em parceria com a Saic para desenvolver um novo conjunto mecânico compatível com o diesel brasileiro, mais impuro que o europeu, o que exige uma calibragem mais robusta dos motores.
“Sabemos que esse tema [o motor] é importante para o consumidor brasileiro. E queremos que [a nova Amarok] seja referência em potência, tecnologia e segurança. Por isso fomos muito claros nas negociações com a parceira [Saic]: ‘Vocês têm um trem de força que atenda o que precisamos? Não? Então vamos desenvolver um novo’”, afirmou.

Diesel ainda é prioridade, mas versão híbrida está no radar
Embora o motor V6 esteja com os dias contados, a Volkswagen não pretende abandonar o diesel.
A nova Amarok poderá receber uma motorização turbodiesel inédita, que não será exatamente a mesma utilizada pela Maxus Terralord 9, equipada com um 2.5 de quatro cilindros e 223 cv, mas sim uma variação profundamente adaptada.
Além disso, versões híbridas estão em análise pela engenharia da montadora, especialmente aquelas que conciliem a força do motor a combustão com a eficiência dos propulsores elétricos.
De acordo com Seitz, embora um sistema híbrido a diesel esteja sendo avaliado, há um entendimento de que a opção híbrida flex possa fazer mais sentido no contexto agropecuário brasileiro, onde muitos consumidores têm fácil acesso ao etanol e investem em energia solar.
“Como o [motor] elétrico já gera muita potência, [ter um híbrido a diesel] perde um pouco de sentido.
Ao mesmo tempo, o consumidor do agro cada vez mais armazena etanol nas suas fazendas, além de instalar painéis solares.
Não estou dizendo que a Amarok seguirá esse caminho, mas será que não faz mais sentido [um híbrido flex do que um híbrido a diesel]?”, refletiu o presidente.
Amarok terá plataforma multitração e aposta na versatilidade
A nova Amarok será construída sobre uma plataforma multitração, o que permitirá a adoção de diferentes tipos de motorização no futuro, incluindo opções puramente elétricas, híbridas ou apenas a combustão, tornando o modelo mais competitivo num mercado em transformação.
Essa flexibilidade é vista como um trunfo importante para a Volkswagen, que busca recolocar a Amarok entre as líderes do segmento de picapes médias no Brasil e na América do Sul, enfrentando concorrentes de peso como Toyota Hilux, Ford Ranger e Chevrolet S10.
Além do novo design, da motorização atualizada e das tecnologias embarcadas, a montadora também pretende melhorar significativamente a segurança e a conectividade do modelo, seguindo as tendências do setor automotivo global.

Fábrica da Volkswagen na Argentina como polo estratégico
A produção da nova Amarok acontecerá na unidade de General Pacheco, na Argentina, onde a Volkswagen já produz a atual geração da picape.
O investimento anunciado também permitirá modernizar a planta industrial, tornando-a mais eficiente, tecnológica e alinhada com as metas de sustentabilidade da marca.
Além disso, a fábrica argentina continuará sendo um centro estratégico de exportação para diversos países da América Latina, incluindo o Brasil, principal mercado consumidor da Amarok.
E você, o que acha da nova proposta da Volkswagen para a Amarok? A aposta em um projeto regionalizado é suficiente para enfrentar a concorrência cada vez mais acirrada entre as picapes médias no Brasil? Comente abaixo e participe da discussão!
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GAS