Figura histórica do agronegócio brasileiro se reposiciona após décadas de controvérsias, e adota discurso ambiental em meio à pressão internacional e mudanças climáticas, revelando detalhes pouco conhecidos sobre seu impacto na Amazônia e no Cerrado.
Blairo Maggi, nascido em 29 de maio de 1956, é engenheiro agrônomo e principal nome do agronegócio brasileiro.
Fundador do Grupo Amaggi, foi o maior produtor individual de soja do mundo, respondendo por até 22% da produção de Mato Grosso em determinado período.
Sua trajetória é emblemática: de “rei da soja” polêmico a ator central da virada verde do agronegócio, defensor da agricultura sustentável.
Da era do desmatamento ao Motosserra de Ouro
Na virada dos anos 2000, Blairo Maggi ganhou notoriedade mundial.
Em 2005, o Greenpeace lhe conferiu o troféu “Motosserra de Ouro” por liderar ações de desmatamento na Amazônia.
Naquele período, o desflorestamento em Mato Grosso chegou a 26 mil km² entre 2003 e 2004.
Embora polêmico, o episódio marcou o início da sua trajetória rumo à virada verde do agronegócio.

MT Legal: a virada verde do agronegócio em prática
Em 2008, como governador de Mato Grosso (2003–2010), Maggi lançou o programa MT Legal, com monitoramento por satélite aliado ao Código Florestal.
Entre 2009 e 2010, resultados evidentes: a taxa de desmatamento despencou aproximadamente 87%.
Esse número confirma um dos marcos da agricultura sustentável no país.
Em reconhecimento, o Greenpeace substituiu simbolicamente a motosserra por uma caixa de bombons — gesto que simbolizou a transição de Blairo Maggi.
Infraestrutura, economia e identidade cultural
Durante sua gestão estadual, pavimentou mais de 1 000 km de rodovias e investiu em hidrovias e ferrovias para escoar a safra.
Esses avanços fortaleceram a economia regional, especialmente em Sapezal – município criado por seu pai e onde Maggi reforçou presença política e social.
De ascendência italiana e alemã, manteve vivas tradições do Rio Grande do Sul, como chop mates e bombachas, combinando identidade cultural com inovação no Cerrado — traço de sua agricultura sustentável.
Senado, ministério e controvérsias

Em 2011, elegeu-se senador com mais de 1 milhão de votos e, em 2013, presidiu a Comissão de Meio Ambiente.
Já no Ministério da Agricultura (2016–2019), lançou o Plano Agro+, desburocratizando o setor.
Mas enfrentou críticas por sua atuação antes da “Operação Carne Fraca” e por sugestões de flexibilização na fiscalização sanitária.
Em 2017, foi alvo da Operação Malebolge por suspeita de empréstimos fraudulentos no BicBanco, e aparece nos Paradise Papers por estruturações financeiras no exterior.
Legado ambiental de Blairo Maggi: Amazônia e Cerrado em evidência
Blairo Maggi foi figura-chave da bancada ruralista, influenciando políticas sobre licenciamento ambiental em áreas sensíveis.
Contudo, em 2024 afirmou: “a agricultura precisa ser bem equilibrada com o meio ambiente”.
Reforçou o discurso de virada verde do agronegócio ao convidar o climatologista Carlos Nobre, em evento da Amaggi, para debater aquecimento global com sócios.
A Amaggi entrou em 2022 no ranking global Timber/Forest 500 – ferramenta que classifica empresas comprometidas com transparência na gestão de florestas.
A partir daí, ampliou metas de agricultura sustentável, com foco no Cerrado, onde investe em sistemas integrados de AR – agropecuária, silvicultura sustentável e conservação.
Blairo Maggi e a repercussão global e política moderna
Blairo Maggi participou de COPs (incluindo Bali 2007 e Marrakech 2016), usando sua experiência como produtor para argumentar que produção agrícola e conservação são compatíveis.
No Fórum de Governadores da Amazônia Legal, pressionou por incentivos fiscais a quem reduzia o desmate — reforçando sua imagem de promotor da agricultura sustentável e da virada verde do agronegócio.
Destaques de Blairo Maggi em números e símbolos
- 87% de redução do desmatamento (2009–2010)
- 22% da soja de Mato Grosso produzida sob gestão direta
- Motosserra de Ouro (2005) que se converteu em símbolo da virada
- Presença no Timber/Forest 500 (2022)
Blairo Maggi acumulou experiências que cruzam expansão agrícola, formulação de políticas públicas e iniciativas voltadas à preservação ambiental.
Sua trajetória reúne episódios que marcaram o desmatamento na Amazônia e também ações posteriores que buscaram conciliar produção com conservação.
Hoje, ele se apresenta como defensor de práticas associadas à virada verde do agronegócio, articulando medidas e discursos alinhados à agricultura sustentável.
Mas até que ponto essas mudanças refletem uma transformação estrutural no modelo agroambiental brasileiro — ou são apenas ajustes pontuais diante das pressões de mercado e clima?
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS