Lançada no ano 2000, a primeira moto popular de 4 tempos da Yamaha no Brasil chegou com design moderno e partida elétrica para enfrentar a líder absoluta do mercado.
No início do novo milênio, o mercado brasileiro de motos tinha um sinônimo: Honda CG. Por décadas, ela reinou praticamente sozinha. Foi então que, em março de 2000, um competidor chegou para mudar o jogo. A Yamaha YBR 125 não foi apenas mais um lançamento; foi o primeiro grande desafio à soberania da CG, oferecendo uma alternativa real para o consumidor.
Com um projeto mais moderno, motor superior e itens como partida elétrica e freio a disco, a Yamaha YBR 125 se provou uma concorrente à altura. Sua combinação de inovação, conforto e uma confiabilidade que se tornou lendária conseguiu o que parecia impossível: forçar uma nova era de competição e evolução no segmento mais importante de motocicletas do Brasil.
O cenário antes de 2000: O reinado absoluto da Honda CG no Brasil
Para entender o impacto da Yamaha YBR 125, é preciso lembrar como era o mercado antes dela. Desde o início de sua produção em Manaus, em 1976, a Honda CG 125 era mais que uma moto; era o veículo padrão do país. Com sua reputação de robustez, simplicidade mecânica e uma imensa rede de concessionárias, a CG dominava o mercado de forma incontestável.
Seu motor OHV, embora antigo, era conhecido como indestrutível. A Honda também foi pioneira ao lançar a primeira moto a álcool do mundo em 1981. Esse domínio, no entanto, gerou uma certa estagnação. As evoluções da CG eram graduais, focadas em custo e confiabilidade, mas não em modernidade ou design. O mercado estava pronto para algo novo.
Março de 2000: Os diferenciais que tornaram a Yamaha YBR 125 uma ameaça real

O lançamento da Yamaha YBR 125 foi um movimento estratégico. Ciente de que não podia competir em volume, a Yamaha focou nos pontos fracos da CG: design e tecnologia.
Design e estilo: enquanto a CG era conservadora, a YBR tinha um design de inspiração europeia, com tanque esculpido e visual mais esportivo. Era uma moto que unia trabalho e lazer.
Tecnologia e conveniência: este foi o diferencial decisivo. A Yamaha ofereceu a YBR 125 em três versões, sendo a mais completa (ED) com partida elétrica e freio a disco dianteiro. Na época, a CG Titan topo de linha ainda usava freio a tambor, uma tecnologia inferior, especialmente na chuva.
Motorização superior: o coração da YBR era um motor OHC (comando de válvulas no cabeçote). A CG usava um motor OHV (comando no bloco). Na prática, o motor da YBR era mais moderno, vibrava menos e tinha um funcionamento mais suave e refinado.
A YBR 125 contra a CG 125 Titan no papel
Colocando os dois modelos lado a lado, as filosofias de engenharia ficam claras. Embora ambas tivessem a mesma potência de 12,5 cv, a Yamaha YBR 125 entregava essa força em uma rotação mais baixa.
A maior diferença estava no torque, responsável pela sensação de “puxada”. A YBR oferecia 1,19 kgf.m a 6.500 rpm, enquanto a CG entregava 1,00 kgf.m a 7.500 rpm. Isso tornava a YBR mais ágil e confortável no trânsito, exigindo menos trocas de marcha. Somado ao freio a disco e à suspensão com maior curso, a YBR oferecia um pacote tecnicamente superior em segurança e conforto.
Confiabilidade, economia e os problemas crônicos da YBR
O verdadeiro teste de uma moto acontece no dia a dia. Donos da Yamaha YBR 125 rapidamente consolidaram sua reputação. A palavra mais usada para descrevê-la é “confiabilidade”. Relatos de motos com mais de 100.000 km sem problemas mecânicos graves são comuns. A economia também é um pilar, com médias de consumo que variavam de 30 a 40 km/l.
No entanto, a moto não era perfeita. A principal crítica era a dificuldade e o custo para encontrar peças, especialmente em cidades pequenas, um ponto onde a imensa rede da Honda sempre levou vantagem. Além disso, seu desempenho era modesto, sendo uma moto estritamente urbana. Com o tempo, alguns problemas crônicos, como folga no rolamento da coroa e quebra de cabos, foram identificados.
Como a Yamaha YBR 125 mudou o mercado para sempre

Embora nunca tenha vendido mais que a CG, o impacto da Yamaha YBR 125 foi transformador. Em apenas dois anos, a Yamaha dobrou sua participação de mercado no Brasil, forçando a Honda a reagir e a acelerar a modernização da própria CG.
A maior vitória da YBR foi conceitual. Ela provou que uma moto utilitária podia ser confiável, econômica e, ao mesmo tempo, ter design moderno e tecnologia. Ela deu ao consumidor brasileiro algo que ele não tinha: uma escolha real. Ao fazer isso, a Yamaha YBR 125 inaugurou uma nova era de competição que elevou o padrão de todas as motos populares no país, um legado que beneficia os motociclistas até hoje.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS