Mesmo fabricada em Minas Gerais, a picape Ram 700 nunca chegou às ruas brasileiras. Entenda os motivos por trás da decisão da Stellantis, os mercados onde o modelo faz sucesso e o impacto dessa escolha para o consumidor nacional
A Ram 700 é uma picape compacta produzida na fábrica da Stellantis em Betim (MG), amplamente elogiada em mercados latino-americanos como México, Chile e Colômbia. Mesmo com desempenho eficiente, visual atrativo e motor moderno, ela é ignorada no mercado brasileiro, onde nasceu. Neste artigo, exploramos por que a Ram 700 não é vendida no Brasil, apesar de sua produção nacional e boa aceitação internacional.
O que é a picape Ram 700?
Baseada na Fiat Strada, a picape Ram 700 é uma versão rebatizada para atender ao mercado internacional sob o selo da marca Ram. Mantém praticamente toda a estrutura mecânica e de projeto da Strada, mas recebe visual reformulado na grade, logotipia e acabamento.
Produzida em Betim, ela utiliza o motor 1.3 Firefly flex (convertido para gasolina pura nos mercados externos) e oferece opção de câmbio automático do tipo CVT.
Seus destaques são o visual robusto, equipamentos de conforto e segurança e boa economia de combustível. Em países como o México, lidera o segmento de picapes leves. A Ram 700 compartilha com a Strada a plataforma, mas se diferencia na identidade visual e nos ajustes voltados ao mercado externo.
Por que a Stellantis não vende a Ram 700 no Brasil?
Apesar de ser fabricada em solo nacional, a Stellantis não vende a Ram 700 no Brasil por três motivos principais: estratégia de marca, canibalização da Fiat Strada e o posicionamento de mercado da Ram no país.
A decisão é estratégica, voltada à preservação de uma estrutura de marcas bem segmentada e eficiente em termos comerciais.

No mercado brasileiro, a marca Ram é sinônimo de luxo, robustez e alto desempenho. Com modelos como a 1500, 2500, 3500 e a Rampage, a Ram atua em nichos de alto valor agregado. Colocar a picape Ram 700, uma picape compacta com proposta popular, na mesma rede, comprometeria essa imagem premium.
Essa picape pequena poderia gerar ruído na comunicação da marca, confundindo consumidores que associam a Ram a motores V6 ou V8, alto torque e tecnologia embarcada de ponta. Essa não é a proposta da Ram 700, que tem perfil urbano, prático e econômico.
Fiat Strada lidera o segmento e bloqueia espaço para a Ram 700
A Fiat Strada é a picape mais vendida do Brasil, com mais de 144 mil unidades emplacadas em 2024 e cerca de 700 mil produzidas desde 2020. O modelo é um sucesso absoluto no varejo e no mercado de frotas, atendendo diferentes perfis de consumidor.
Lançar a Ram 700 aqui poderia canibalizar a Strada, provocando divisão de vendas e conflitos na rede de concessionárias. A existência de dois modelos idênticos com logotipos diferentes não faria sentido do ponto de vista estratégico, ainda mais considerando que ambas pertencem à Stellantis.
Ram 700 é sucesso fora do Brasil
Nos mercados onde a Fiat tem menor participação, a Ram 700 encontra espaço como opção versátil e confiável. No México, é vendida nas versões SLT, Big Horn e Laramie, com motor 1.3 Firefly e câmbio CVT. A picape se destaca pelo estilo robusto, alinhado com a identidade visual da Ram.
Outros países como Colômbia, Peru, Chile e Bolívia também recebem a picape, com variações de acabamento e opções de cabine dupla. Nessas regiões, o nome Ram tem força no mercado de utilitários, e a ausência da Fiat favorece a adoção da nova identidade.
Equipamentos, motorização e consumo
A picape Ram 700 traz equipamentos similares à Strada top de linha. Destaques incluem central multimídia de 7 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, câmera de ré, controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, faróis de LED e rodas de liga leve aro 15.
O motor 1.3 Firefly a gasolina gera cerca de 99 cv e 13 kgfm de torque, acoplado ao câmbio CVT com sete marchas simuladas. Segundo testes feitos no México, o consumo é de 16,1 km/l em ciclo misto sem carga, e 8,7 km/l com carga próxima do limite.
Ficha técnica
Especificação | Detalhes |
Motor | 1.3 Firefly, 4 cilindros, gasolina |
Potência | 99 cv a 6.000 rpm |
Torque | 13,0 kgfm a 4.000 rpm |
Câmbio | Automático CVT (7 marchas simuladas) |
Tração | Dianteira |
Capacidade de carga | 650 kg |
Multimídia | Tela de 7″, com Android Auto e Apple CarPlay |
Rodas | Liga leve aro 15 |
Segurança | 4 airbags, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa |
Consumo médio | 16,1 km/l (sem carga) |
Origem | Produzida em Betim (MG), exportada para América Latina |
Por que a Ram 700 não é vendida no Brasil: escolha de posicionamento
A decisão da Stellantis de manter a Ram 700 fora do mercado brasileiro é coerente com sua estratégia de segmentação de marcas. A Fiat segue forte nas picapes compactas e médias, enquanto a Ram foca no segmento premium. Ambas as marcas têm espaços bem definidos e audiências distintas.

Introduzir a Ram 700 no Brasil criaria conflitos internos, não apenas nas vendas, mas também na comunicação e atendimento em concessionárias. A empresa aposta em manter a consistência e a eficiência no uso de sua estrutura.
A ausência da Ram 700 no Brasil e seu futuro incerto
Embora produzida no Brasil e celebrada em outros países, a Ram 700 segue fora do mercado interno por motivos claros: proteger a liderança da Fiat Strada, preservar a imagem premium da Ram e evitar conflitos comerciais dentro do grupo Stellantis.
A picape continua sendo um sucesso internacional, o que reforça a competência da engenharia brasileira. Para o consumidor nacional, resta a curiosidade e a esperança de que, em algum momento, essa picape que faz tanto sucesso lá fora também possa brilhar por aqui.
Ainda que a atual estratégia da Stellantis pareça imutável no curto prazo, mudanças no mercado, novas exigências de consumidores ou uma reestruturação de posicionamento de marcas podem, eventualmente, abrir espaço para que a Ram 700 seja considerada no Brasil.
A demanda por picapes compactas bem equipadas segue em alta, e o prestígio internacional da Ram 700 pode acabar influenciando uma reavaliação futura por parte do grupo. Até lá, a Ram 700 segue como um exemplo de produto nacional que conquistou o mundo, mas ainda espera por reconhecimento em casa.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS