Com uma versão de 673 cv, o sedã elétrico da Xiaomi, o SU7, esgotou em 24 horas na China e se prepara para uma expansão global, mirando no Brasil.
Imagine uma gigante dos celulares decidindo, do dia para a noite, invadir uma das indústrias mais antigas e complexas do mundo: a de automóveis. Essa é a história do sedã elétrico da Xiaomi SU7, o carro que materializa essa ousadia. É a primeira vez que uma gigante global de celulares projeta e produz em massa um carro sob sua própria marca, realizando o que por anos se especulou sobre a Apple.
Lançado em março de 2024 na China, o sedã elétrico da Xiaomi causou um impacto imediato, com uma demanda que superou todas as expectativas e esgotou a produção do primeiro ano em apenas 24 horas. Com uma estratégia agressiva, que combina altíssima performance, tecnologia e um preço competitivo, a Xiaomi agora se prepara para uma expansão global e o Brasil está no radar.
A aposta da gigante da tecnologia: a estratégia por trás do lançamento do SU7 em 2024
A estratégia da Xiaomi com o SU7 é uma aplicação direta do manual de disrupção do mundo da tecnologia ao setor automotivo. A abordagem se baseia em oferecer uma relação extrema entre performance e preço para ganhar mercado rapidamente, além de integrar o carro a um vasto ecossistema de produtos que o consumidor já possui.
O lançamento, em 28 de março de 2024, foi um fenômeno. A empresa recebeu 88.898 pedidos firmes nas primeiras 24 horas, o que levou os prazos de entrega a quase um ano para algumas versões. O sucesso foi tão grande que a meta de produção para 2025 foi elevada para 350.000 unidades. Para dar conta da demanda, a Xiaomi construiu uma fábrica de ponta em Pequim. A planta usa a técnica de ‘gigacasting’ (popularizada pela Tesla), que molda grandes partes do chassi como uma peça única, eliminando centenas de componentes e soldas. O resultado é um carro mais rígido, mais barato de produzir e que fica pronto a cada 76 segundos.
A engenharia do SU7: a plataforma “Modena”, os motores “HyperEngine” e as baterias da BYD e CATL

O sedã elétrico da Xiaomi é construído sobre a plataforma “Modena”, desenvolvida pela própria empresa para ser flexível e suportar diferentes configurações de motores e baterias, com arquiteturas de 400V e 800V.
Um dos trunfos da Xiaomi é o desenvolvimento de seus próprios motores, a família “HyperEngine”:
- SU7 e SU7 Pro (RWD): Usam um motor traseiro de 299 cv e 400 Nm de torque.
- SU7 Max (AWD): Combina dois motores que entregam uma potência total de 673 cv e 838 Nm de torque, com uma aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 2,78 segundos.
A estratégia de baterias também é sofisticada. A Xiaomi usa múltiplos fornecedores para otimizar o custo e o desempenho de cada versão. O modelo de entrada usa a bateria Blade (LFP) da BYD, enquanto as versões mais potentes usam as baterias Qilin (NMC) da CATL. A arquitetura de 800V do SU7 Max permite uma recarga ultrarrápida, adicionando 510 km de autonomia em apenas 15 minutos.
O ecossistema “Human x Car x Home” e o sistema HyperOS
Concessionárias auto nas proximidades
O maior trunfo do sedã elétrico da Xiaomi não está apenas na mecânica, mas em seu “cérebro”. O carro é o centro do ecossistema “Human x Car x Home”, tudo conectado pelo sistema operacional proprietário da Xiaomi, o HyperOS.
Na prática, isso significa que seu carro ‘conversa’ com a sua casa. Ao se aproximar, ele pode não apenas abrir a garagem, mas também ligar o ar-condicionado na sua temperatura preferida e acender as luzes da sala, transformando o ato de chegar em casa em uma experiência de automação contínua. A cabine conta com uma tela central de 16,1 polegadas, painel de instrumentos giratório e suporte para conectar tablets Xiaomi e até iPads.
A briga dos sedãs elétricos: o sedã elétrico da Xiaomi contra o BYD Seal e o Tesla Model 3

O Xiaomi SU7 Max entra em uma briga de gigantes, competindo diretamente com as versões de performance do BYD Seal e do Tesla Model 3.
A comparação direta mostra que o sedã da Xiaomi leva vantagem em potência e aceleração. Mas aqui, a Xiaomi aplica seu xeque-mate. Enquanto Tesla e BYD vendem carros excelentes, a Xiaomi vende um ‘super dispositivo’ sobre rodas, totalmente integrado ao ecossistema que milhões de pessoas já usam. A competição, para a Xiaomi, não é sobre o carro, é sobre o controle do seu dia a dia.
O futuro global e o Brasil: quando o sedã elétrico da Xiaomi pode chegar ao país?
A Xiaomi já confirmou seu plano de expansão global, com a meta de iniciar as vendas em mercados internacionais até 2027. Embora a data de 2026 para o Brasil seja uma especulação do mercado, ela se alinha a essa estratégia.
A chegada ao Brasil, no entanto, é um jogo de xadrez complexo. A BYD não só chegou primeiro, como está construindo uma fábrica. Para a Xiaomi, o desafio é duplo: não basta apenas importar um carro competitivo; é preciso construir do zero uma rede de concessionárias e, principalmente, a confiança do consumidor brasileiro de que um celular e um carro podem, de fato, vir da mesma marca com a mesma qualidade. A estreia europeia do SU7 no Mobile World Congress de 2025 foi um passo importante, e o sucesso nesse mercado será um termômetro para a chegada do sedã elétrico da Xiaomi a outros países, incluindo o Brasil.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS