Durante o Grande Expediente da reunião desta terça-feira (26), o presidente da Câmara Municipal de Congonhas, vereador Averaldo Pereira (PL), fez um duro discurso exigindo medidas concretas para melhorar a qualidade do ar no município. A situação foi reforçada pela professora da UFMG, Tassiana Toledo, integrante da Rede de Monitoramento do Ar, que destacou que, entre 2022 e 2024, houve piora significativa nas emissões de partículas poluentes decorrentes das atividades minerárias, com impactos diretos na saúde da população. Segundo ela, a rede necessita de investimentos para ampliar a análise de todos os poluentes presentes no ambiente inclusive atendendo bairros ainda não monitorados.
A declaração ocorreu durante audiênica pública, realizada pelo Legislativoi, na noite de segunda-feira (25), para discutir a expansão da CSN e deixou um alerta sobre a qualidade de vida dos congonhenses em meio a grandes investimentos que se avizinham no território.
O diagnóstico foi elaborado pela UFMG e outras seis universidades brasileiras e uma estrangeira, através de um convênio com a Prefeitura. O estudo apontou alta concentração de micropartículas, que são invisíveis a olho nu mas que causam riscos a saúde, durante todo o ano na cidade. Segundo a professora Taciana Toledo, as concentrações chegam a estar acima dos limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde e atingem vários pontos da cidade, sendo mais críticos em bairros como Jardim Profeta, Pires e no distrito de Lobo Leite. O estudo também apontou alta presença de ozônio em Lobo Leite, outro poluente que afeta a saúde e o clima.

Averaldo ( foto) criticou o avanço “desordenado” da mineração na região e ressaltou a necessidade de encontrar um ponto de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação da vida. “Não somos contra a mineração. Mas não podemos continuar dessa forma. O diagnóstico de 2017 a 2024 mostra que a situação piorou, ultrapassando inclusive os índices recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estamos no oposto a vida. Isso já afeta diretamente bairros como Pires, Jardim Profeta e Lobo Leite. Em Murtinho, a ausência de estação de monitoramento faz parecer que a região não sofre impactos, quando, na realidade, não há dados disponíveis — afirmou.
O parlamentar defendeu que cada atividade econômica assuma sua parcela de responsabilidade pela poluição que causa, com indicação percentual das emissões por empresa. Ele também cobrou maior firmeza do Executivo e lembrou que o Legislativo não pode “ficar gritando sozinho”.
— Não podemos mais conceder licenças sem discutir a qualidade do ar. Nem para um simples churrasquinho. Precisamos atualizar a legislação ambiental municipal, ampliar o sistema de monitoramento e entregar em 2025 um diagnóstico melhor do que o do ano passado. O que está em jogo é a vida da nossa população — declarou.
Averaldo ainda reconheceu como um avanço o convênio firmado em gestões anteriores com a UFMG, que permitiu acesso a dados científicos sobre a poluição em Congonhas, elogiou a sua renovação e defendeu que o Ministério Público atue junto nessa causa. “A situação não pode continuar como está e mudar a direção. O que está em vida é a vida da população e não a economia”, encerrou.