Nas duas últimas semana, Congonhas vive um turbilhão político com escândalos, operações, confusão, briga e uma clima de instabilidade política ainda não vivenciada nos últimos 30 anos. Algumas polêmicas foram parar na Delegacia alimentando uma disputa nociva à cidade.
Não é apenas a poeira da mineração que sufoca Congonhas. A cidade, que carrega um patrimônio histórico de valor mundial e uma das maiores arrecadações de Minas Gerais, vive uma espécie de transe político e social.
Em resposta ao episódio, o prefeito Anderson Cabido (PSB) publicou um vídeo repudiando qualquer tipo de agressão, enquanto o vereador Igor alegou em suas redes sociais que se trataria de uma perseguição política, relacionada à sua postura fiscalizatória e de oposição à gestão municipal. Já na quinta-feira (28) uma operação da PCMG e MPMG varreu os bastidores políticos.
Sessão tensa: Câmara de joelhos
Na sessão da Câmara da manhã desta terça-feira (2), o clima permaneceu tenso, com troca de acusações e farpas entre os parlamentares. Os desdobramentos políticos intensificaram os debates ainda mais acalourados.
Igor negou veementemente as ameaças descritas no boletim, afirmando que jamais teria feito qualquer menção a “sangrar” Thales ou sua família. Em suas declarações, o vereador ressaltou que trechos de conversas foram retirados de contexto para montar a narrativa que deu origem à denúncia.
“Sou cristão e nunca falaria o que está no boletim. Jamais isso foi dito. Desafio qualquer testemunha a provar o contrário”, afirmou Igor, acrescentando que pretende resistir e lutar pela verdade. Ele também criticou o silêncio do Legislativo diante do episódio, considerando-o um momento dramático para a cidade. “É triste ver o Legislativo silenciar e ficar de joelhos neste momento por que passa a nossa cidade. Não é possível o Legislativo não veja como está tudo sendo orquestrado. Eu vou resistir a esta covardia pois estou com a verdade”, desabafou.
O presidente da Câmara, Averaldo Pica Pau, comentou que ambos os lados já registraram boletins de ocorrência e que o Legislativo aguarda a apuração dos fatos. “Não existe ataque à instituição. Conversei com vários vereadores e os advogados da Câmara. Em nenhum momento, a Casa foi citada. Vamos ter cautela e, no momento oportuno, a Câmara se posicionará. Não aceitarei qualquer pressão. Não aceitarei nenhum ataque ao vereador Igor até o julgamento final no caso vindo de parte do corpo interno da prefeitura”, disse, citando que é momentos de reconstrução de um diálogo.
Durante a sessão, outros vereadores destacaram a necessidade de manter a paz e o diálogo dentro da Câmara. Koelhinho, por exemplo, afirmou que se trata de um momento delicado para história de Congonhas e que a verdade será revelada. “Não podemos trazer esta briga para dentro do Legislativo. Esta foi pior semana que Congonhas já viveu nos últimos tempos inclusive com apreensão de dinheiro e repercussão nacional. Esperamos que a justiça seja feita. Quem errou deve ser punido”, analisou.

Operação sangria
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil deflagraram, nesta quinta-feira (28), a Operação Sangria, que busca desarticular um suposto esquema de peculato e fraude em licitação envolvendo projetos para a construção de um complexo hospitalar em Congonhas, no Campo das Vertentes.
Segundo apurou O Fator, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em seis endereços em Congonhas e Belo Horizonte. Foram alvos da operação o ex-prefeito de Congonhas, Cláudio Dinho, a esposa dele, Libertad Lamarc, o ex-secretário de Saúde do município, Allan Falci, e o presidente da Associação Pró-Vida Congonhas, Arthur Padovani. Os agentes encontraram, na casa de Dinho, cerca de R$ 587 mil em espécie. Também foram apreendidos celulares e computadores.
“O foco da operação foi 100% voltado à entidade Pró-Vida. Trata-se de uma associação ligada ao ex-prefeito, que foi alvo de CPI entre 2023 e 2024. Isso mostra que, na época, estávamos no caminho certo ao investigar diversas irregularidades em repasses, que somavam cerca de R$ 17 milhões. Tudo indica que existem irregularidades envolvendo a Pró-Vida. Apesar de não termos obtido resultados totalmente satisfatórios na CPI, acredito que a Justiça não tardará. Esta não é a única investigação, e muito ainda está por vir. Pessoas que se aproveitaram dos cofres públicos terão que responder pelos seus atos. Fico satisfeito em afirmar que todo o trabalho desenvolvido na Câmara estava correto e dentro da lei. Errou, vai pagar a conta. Tenho convicção de que atuamos de forma correta, sem qualquer motivação política”, exortou Averaldo Pica Pau.
Em tom mais conciliador, o Vereador Eduardo Matosinhos elogiou seu ex-assessor, Igor Souza. “Ele foi 3 vezes assessor no meu gabinete. Exaltou, sim. Perdeu a compostura, sim. Mas, a Justiça vai apurar tudo. Ele é uma criança. Não vamos antecipar nada. O delegado vai analisar”, analisou. “Citam que fui puxa-saco. Me orgulho, de ter sido líder e ex-secretário da gestão do Dr. Cláudio Dinho. Quem sou eu para julgar. Que a verdade seja esclarecida. Eu sou exemplo de resistência na vida pública. A verdade me absolveu. Fui cassado e ganhei na 3ª instância monocraticamente e no Pleno. Congonhas precisa de paz. O Anderson tem meu apoio e respeito todos os vereadores. E a verdade vai aparecer para os envolvidos”, encerrou.