No campo da hipótese, se a massa de minério extraída na Mina de Casa de Pedra, algo próximo de 1,17 bilhão de toneladas nos últimos cinquenta anos, fosse comparada à geografia local, seria como se a Serra do Deus-me-livre, um dos marcos naturais mais emblemáticos de Ouro Branco, tivesse sido desmontada repetidas vezes, deixando em seu lugar cavas profundas e marcas visíveis no território.
Para transportar todo esse minério, seriam necessários cerca de 11,7 milhões de vagões, cada um carregando 100 toneladas. Organizados em trens de 150 vagões, formariam aproximadamente 78 mil composições completas. Cada trem, com 1,6 quilômetro de comprimento, alinhado em sequência, criaria uma malha de impressionantes 124.800 quilômetros — quase dez vezes o diâmetro da Terra, que mede 12.756 quilômetros. Seria como se os trilhos se espalhassem pelo planeta inteiro, conectando cavas e montanhas derrubadas em uma gigantesca rede de ferro e minério.
Essa comparação ajuda a imaginar que a exploração mineral na região vai muito além de números ou de embarques. Montanhas deram lugar a cavas profundas, deixando cicatrizes no território visíveis a olho nu, como lembranças permanentes da força transformadora da mineração sobre a paisagem..
Foto/acervo: Altary de Souza Junior
(Final dos anos 1940 e início dos anos 1960)
Domingos T Costa
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