Desterro de Entre Rios, MG – Um estudo de caso recente no município de Desterro de Entre Rios, em Minas Gerais, elaborado pela aluna Erika Milane Silva, Mestranda em Administração Pública pela Universidade Federal de São João del Rei, revelou uma correlação positiva entre o aumento dos investimentos em políticas públicas e uma significativa redução nos índices de suicídio. A pesquisa, que analisou o período de dez anos entre 2015 e 2024, destaca a importância de ações governamentais integradas para a promoção da saúde mental e do bem-estar social da população, especialmente em municípios de pequeno porte.
Historicamente, Desterro de Entre Rios apresentava uma média de casos de suicídio considerada alta em comparação com outras cidades de características populacionais semelhantes. A vulnerabilidade social e a limitação de opções de lazer, diversão, entretenimento e convivência em pequenos municípios são fatores que podem agravar o isolamento social e quadros de sofrimento psíquico. De 2015 a 2019, o município registrou 13 óbitos por suicídio.
No entanto, uma *mudança notável foi observada a partir de 2020. O levantamento de dados empíricos revelou que houve um *aumento expressivo no investimento de recursos públicos em diversas áreas como saúde, educação, cultura, esporte e lazer. Conforme a análise dos gastos governamentais, a partir de 2020 e 2021, o crescimento nos investimentos tornou-se mais significativo, após um período de comportamento mais estagnado entre 2015 e 2019.
Em particular, os setores de Cultura e Desporto e Lazer apresentaram crescimentos notáveis. O investimento em Cultura cresceu 2.162%, e em Desporto e Lazer, 635,16% ao longo do período analisado. Áreas como Saúde e Educação também viram um crescimento progressivo e expressivo de investimentos.
Coincidentemente, no mesmo intervalo de tempo, *houve uma redução significativa nos casos de suicídio. Entre 2020 e 2024, o número de óbitos por suicídio em Desterro de Entre Rios caiu para 5, representando uma *queda de aproximadamente 61,54% em relação ao período anterior.
Embora o estudo ressalte que não é possível afirmar uma relação de causa e efeito direta, os dados sugerem fortemente uma correlação positiva. A hipótese é que o fortalecimento dessas políticas, mesmo as não direcionadas exclusivamente à saúde mental, pode ter contribuído para a criação de um ambiente mais acolhedor, com maior acesso a serviços, oportunidades e espaços de convivência.
As políticas públicas são ações planejadas pelo governo para atender às necessidades coletivas, como saúde, educação, cultura, esporte e lazer. O cuidado com a saúde mental, muitas vezes negligenciado, vai além do tratamento de problemas já instalados, dependendo também da criação de condições para que as pessoas vivam com menos sobrecarga, estresse, e mais apoio social, lazer e vínculos comunitários fortalecidos. Projetos culturais, incentivo ao esporte e lazer, por exemplo, podem ter um efeito preventivo muito maior no sofrimento psíquico do que apenas medidas pontuais.
A experiência de Desterro de Entre Rios reforça que, com *planejamento, investimento e compromisso, municípios de pequeno porte podem alcançar resultados concretos na melhoria da qualidade de vida e na redução de problemas graves de saúde mental, como o suicídio, através de *políticas públicas integradas e sensíveis à realidade local.