Cientistas detectam que o planeta reflete menos luz solar, especialmente no hemisfério norte, e o efeito pode intensificar o aquecimento e alterar o clima mundial
A Terra escurece em escalada, e isso tem preocupado cientistas da Nasa. Dados de satélite coletados ao longo de quase vinte anos mostram que o planeta está refletindo menos luz solar de volta ao espaço, especialmente no hemisfério norte e absorvendo mais calor.
Embora pareça sutil, essa mudança pode intensificar o aquecimento global e alterar o equilíbrio energético que regula o clima.
Terra escurece em escalada e fenômeno preocupa cientistas
O estudo, conduzido pela equipe de Norman G. Loeb, do Centro de Pesquisa Langley da Nasa, usou informações do sistema CERES (Clouds and the Earth’s Radiant Energy System). Esse instrumento mede a quantidade de energia solar que a Terra absorve e a quantidade que ela devolve ao espaço.
O resultado indica um desequilíbrio crescente entre os hemisférios, o norte do planeta passou a reter cerca de 0,34 watt a mais por metro quadrado a cada década em comparação ao sul.
“As duas metades da Terra estão refletindo menos luz solar, mas o efeito é mais intenso no hemisfério norte”, explicou Loeb, que liderou a pesquisa.
Um astronauta capturou uma aurora cintilante do espaço e a compartilhou em sua conta pessoal nas redes sociaisFoto: JonnyKimUSA/X
Mudanças no Ártico e poluição controlada agravam o cenário
O fenômeno que faz com que a Terra escureça em escalada tem origem em vários fatores. O principal é a redução das áreas cobertas por gelo e neve no Ártico, que antes funcionavam como espelhos naturais ao refletir a luz do Sol. Com o derretimento, o solo e o mar, mais escuros, absorvem mais calor.
Outro elemento é a diminuição dos aerossóis na atmosfera, especialmente em países industrializados. Essas partículas, antes associadas à poluição, ajudavam a refletir parte da radiação solar. Apesar disso, com políticas ambientais mais rígidas, a atmosfera ficou “mais limpa”, mas também menos refletiva.
Enquanto isso, fenômenos como incêndios florestais e erupções vulcânicas no hemisfério sul chegaram a elevar temporariamente o nível de partículas na atmosfera, mas não o suficiente para equilibrar o aumento de calor no norte.
Consequências para o clima global
Os cientistas alertam que o desequilíbrio energético pode mudar o fluxo dos ventos, das correntes marítimas e a distribuição de calor pelo planetaFoto: Canva/ND
Os cientistas alertam que o desequilíbrio energético pode mudar o fluxo dos ventos, das correntes marítimas e a distribuição de calor pelo planeta. Isso significa que regiões como Europa, América do Norte e partes da Ásia podem sofrer um aumento de temperatura mais rápido do que o esperado.
Atualmente, estima-se que a Terra absorva 0,83 watt extra por metro quadrado de energia solar a cada década desde 2001. Parte dessa energia é redistribuída pelos oceanos e pela atmosfera, mas o restante fica retido, intensificando o aquecimento global.
Loeb e sua equipe pretendem continuar o monitoramento por satélite para entender se a tendência observada, de que a Terra escurece em escalada, é temporária ou representa uma transformação duradoura no equilíbrio energético do planeta.
FONTE: ND +