A construção da BR-3, hoje chamada BR-040, marcou um dos momentos mais significativos da engenharia e da integração nacional na década de 1950. Idealizada para ligar o Rio de Janeiro a Belo Horizonte e à recém criada capital federal, a rodovia simbolizou o projeto desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek, conectando os principais centros econômicos e estimulando o crescimento das cidades do interior. A obra uniu capitais e encurtou trajetos, abrindo caminho para a modernização de Minas Gerais e do Brasil. Entre os trechos mais emblemáticos da rodovia destaca-se o Viaduto Vila Rica, erguido sobre o Córrego das Almas, no km 592 da BR-040, a cerca de 60 quilômetros de Belo Horizonte. O viaduto concretiza o traçado da rodovia sobre o relevo acidentado da Serra de Itabirito, integrando engenharia e paisagem de forma exemplar. Localizado entre Itabirito e Ouro Preto, próximo a Congonhas e Conselheiro Lafaiete, o monumento se insere em um cenário de grande valor histórico e paisagístico em Minas Gerais.
Projetado pelos engenheiros do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), o viaduto foi construído em concreto armado, com traços elegantes que acompanham o relevo da serra. Com mais de 200 metros de extensão e altura máxima de cerca de 50 metros sobre o leito do córrego, a estrutura destacou-se entre as maiores obras rodoviárias do país, tornando-se símbolo da ousadia e da visão do projeto da BR-3. Sua imponência refletiu o triunfo da engenharia brasileira e a ambição de um país voltado para o futuro. A inauguração da BR-3, em 1957, foi conduzida pelo presidente Juscelino Kubitschek, com a participação de José Francisco Bias Fortes e do governador do Estado do Rio de Janeiro, Miguel Couto Filho, destacando-se como marco da mobilidade e do progresso em Minas Gerais.

Hoje, a rodovia e o viaduto carecem de atenção. Precisam de novos significados e iniciativas de preservação que resgatem sua importância histórica. O Viaduto Vila Rica integrou rotas entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, aproximando dois estados essenciais para a economia e a cultura. A obra não apenas reduziu distâncias, mas fortaleceu o comércio, impulsionou o turismo e consolidou a ligação entre regiões mineradora e fluminense — um marco que projetou desenvolvimento sobre concreto e ideal de modernidade.
A proximidade da rodovia amplia oportunidades de revitalização. Transformar o viaduto em espaço de visitação pública, com museu dedicado às grandes construções brasileiras, preservaria memórias e incentivaria educação patrimonial. O acervo poderia reunir fotos, vídeos, desenhos e projetos, além de objetos, máquinas e ferramentas de trabalho, revelando de maneira tangível a história da engenharia brasileira e a vida das pessoas envolvidas nas obras.
O Viaduto Vila Rica reúne condições ideais para se tornar um símbolo vivo da mobilidade, engenharia e progresso. Seu cenário poderia abrigar turismo histórico e educativo, oferecendo aos visitantes a experiência de contemplar de perto a grandiosidade de uma obra que transformou Minas Gerais e o Brasil.
Domingos T Costa



