A Praça da Liberdade amanheceu vibrando em outra frequência. Entre instrumentos reluzentes, partituras ao vento e músicos de dezenas de cidades, o historiador Luiz Otávio da Silva, presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico Cultural, Artístico e Paisagístico de Conselheiro Lafaiete, esteve presente para testemunhar o reconhecimento oficial das Bandas de Música de Minas Gerais como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, aprovado por unanimidade pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural na sede do IEPHA-MG.
Embora ocupe o cargo no COMPHAP, Luiz Otávio fez questão de destacar que sua presença no evento não se tratou de uma representação oficial do conselho, mas de um gesto pessoal em defesa da memória mineira e da tradição musical. “As bandas não precisam de microfone para contar história. Elas falam pela melodia e pelas ruas que percorrem. Estar aqui não é função administrativa, é afeto. É compromisso com aquilo que nos forma como mineiros”, afirmou.


Logo após o anúncio, a celebração tomou forma de cortejo. O tradicional Bandão reuniu músicos de várias cidades e percorreu a Praça da Liberdade até os jardins do Palácio da Liberdade, dentro da programação do Primeiro Encontro Estadual de Bandas de Minas Gerais.
“Quando todas tocaram juntas, parecia que Minas respirava no mesmo compasso. Era como ver memória se movendo diante dos olhos”, disse. Durante a programação, o historiador entregou ao presidente do IEPHA, Paulo Roberto Meireles do Nascimento, e ao representante da Diretoria de Proteção e Memória, Adriano Maximiano da Silva, obras que retratam manifestações culturais de Conselheiro Lafaiete. Entre elas, Violas de Queluz 130 anos de arte e história, Sociedade Musical Santa Cecília Lá vai a banda no compasso da história e Cerâmica Saramenha.
“Esses livros são testemunhos vivos. Não fui levar presentes, fui levar provas de que nossa cidade não apenas preserva, mas produz cultura e pesquisa.” Luiz Otávio já acompanhou outros momentos marcantes, como os registros das Folias, da Viola e do Congado, e vê o reconhecimento das bandas como extensão natural dessa trajetória. “Patrimônio é organismo vivo. A oficialização é o início. Agora precisamos fortalecer mestres, arquivos, escolas de música, acervos, memória e continuidade. Tradição não sobrevive sozinha.”
O cortejo encerrou-se, mas o som permaneceu ecoando. Minas celebrou suas bandas. E Lafaiete, mais uma vez, esteve presente no compasso da história — não por formalidade, mas por paixão.



