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Parque Natural da Romaria está aberto a visitação todos os dias

O acesso dos visitantes é feito pela portaria, que se localiza atrás da Romaria e do Teatro Dom Silvério, pela rua Alípio Barbosa.

Moradores de Congonhas e outros visitantes já utilizam o Parque Natural da Romaria Hélvio Vitarelli, equipamento integrado ao complexo cultural da Romaria que oferece possibilidades de preservação ambiental, lazer, cultura e turismo sustentável. O parque funciona de terça-feira a domingo de 8h às 17h. Às segundas-feiras, ficará fechado para limpeza e manutenção. Por enquanto, o único acesso permitido é pela entrada principal, que fica atrás da Romaria e do Teatro Municipal Dom Silvério Gomes Pimenta, pela rua Alípio Barbosa. Além de visitar todos os equipamentos, os visitantes podem aproveitar o parque para piqueniques e caminhadas pela trilha. Não é permitida a entrada de bebida alcoólica. Uma equipe de vigias é responsável pela segurança das pessoas e do espaço.

Projetado pelo arquiteto e urbanista da Prefeitura Municipal, Douglas Montes Barbosa, o Parque Natural da Romaria funcionará, em breve, como um elo urbano, conectando-se à Alameda das Palmeiras, ao Teatro Municipal Dom Silvério Pimenta, ao Centro Cultural da Romaria e ao Museu de Congonhas. O equipamento, fruto da parceria do Iphan com a Prefeitura de Congonhas, surgiu como ação do PAC Cidades Históricas e foi entregue, nessa quarta-feira (10/12), como parte dos investimentos do Novo PAC, do Governo Federal.

O Parque Natural da Romaria é composto por equipamentos como um orquidário, jardim de polinização, anfiteatro, cobertura multiuso, relógio de sol, trilhas e decks. Estes equipamentos atendem a diversos públicos, o que fortalece a oferta turística do principal centro histórico de Congonhas, localizado na região do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. O novo atrativo é vivo, acessível e integrado, o que promove educação ambiental, bem-estar e valorização da biodiversidade.

Logo na entrada, está exposta a obra Guardiã do Vale, criação dos artistas Pedro Esteves, Gabi Grotti e Matheus Magalhães de Freitas. Com 3.5 metros de altura, ela se apresenta como um elo entre a natureza, memória e ofício. A estrutura produzida em ligas metálicas e bambu se apoia sobre uma base de hematita – minério que sustentou o trabalho e o desenvolvimento de diversas gerações congonhenses. A Guardiã do Vale resgata um momento fundamental da histórica local, já que desta planta vem o nome de Congonhas. A obra de arte foi financiada pelo Grupo Jota Mendes e pela Gerdau.

Douglas Montes

Responsável pelo projeto do parque, Douglas Montes Barbosa, arquiteto, urbanista e servidor efetivo da Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Congonhas, lembra que o Parque Natural da Romaria é fruto de uma ampla discussão com diversas pessoas. “Isto ocorreu desde o orquidário, que agora foi ampliado para um epifitário, para o qual o saudoso Sr.  Georg Busse [quando era presidente da Associação Orquidófila de Congonhas] contribuiu, apontando como deveria ser a exposição. Cada parte do projeto foi idealizada com base em muita pesquisa de campo, andamos no meio da mata, descobrimos como integrar cada árvore ao projeto, a ponto de conseguirmos rasgar o deck para que um bambuzal florescesse como uma escultura. Então tentamos fazer com que a arquitetura auxiliasse a favor da paisagem, e não o contrário. Agora a expectativa é de que a população adote o espaço e que este seja ocupado por atividades culturais, de educativo ambiental e que ele possa reverberar como um parque urbano de intensa utilização pelos moradores da cidade e visitantes”.

Epífitas são plantas que crescem sobre outras plantas. Conforme explica o secretário de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, João Lobo, a ideia é que o orquidário se transforme em um epifitário, que abriga bromélias, orquídeas, cactos e aráceas. “Congonhas possui um histórico muito antigo de relação com as orquídeas e uma associação orquidófila muito forte, que aceitou o desafio de adotar este espaço em breve”.

Polinizadores

A ideia da alteração do escopo do projeto é explicada pelo secretário: “Albert Einstein, físico teórico alemão [1879 – 1955] dizia que, quando as abelhas e outros polinizadores acabarem, a humanidade teria um tempo de duração menor do que 5 anos. Inicialmente haveria no parque um borboletário, mas propusemos soluções baseadas na natureza, que, no Brasil, país mais biodiverso do Planeta, abriga 450 espécies de abelha sem ferrão. Com a chegada das abelhas africanizadas, o conhecimento sobre as nossas espécies sem ferrão ficou relegado a segundo plano e guardado pelos povos indígenas. Este espaço é para que as pessoas aprendam sobre as abelhas, que são agentes de educação ambiental por excelência. As flores começam a crescer neste jardim de polinização, logo haverá uma diversidade de polinizadores aqui, como borboletas, beija-flores, abelhas e até o gambá, que é um mamífero polinizador que só o Brasil possui”.

“Uma estrutura com 16 colônias foi elaborada ao lado do orquidário para ser um Santuário de preservação das espécies de abelha nativas (sem ferrão) da Mata Atlântica. Por outro lado, dentro da estrutura do meliponário, foram instaladas 5 colônias, que são espécies dóceis, com a finalidade de oferecer para os visitantes acesso visual ao interior das colônias e ter uma compreensão mais sensível de como isso se conecta com a biodiversidade, o nosso alimento e a importância dessas abelhas nativas em ferrão. Além disso, outras colônias foram instaladas no parque com placas didáticas oferecendo informações mais detalhadas aos visitantes. Ao todo, 31 colônias compõem o meliponário do Parque Natural Municipal da Romaria.  Então podemos ver nestas caixas didáticas transparentes por cima, os ovos, as abelhas, o mel e o pólen. As caixas são pensadas para o diâmetro das espécies. Aqui, por meio do trabalho de educação ambiental, desvinculamos abelha do animal que pica, que ferroa e remete a medo. A abelha sem ferrão é a que temos dentro da nossa brasilidade, um ser vivo da nossa casa, com o qual precisamos retomar o elo de interação, por serem tão importantes para a nossa biodiversidade”, descreve Thiago Santos, um dos meliponicultores da equipe “Voa Junto”, responsável por desenvolver o trabalho com polinizadores no parque.

Thiago explica ainda que os jardins foram criados para diversos tipos de polinizadores, tais como abelhas, borboletas, pássaros. “Porém a ênfase do nosso trabalho é com as abelhas nativas sem ferrão. Ao longo de 2026, ministraremos quatro oficinas de criação de abelhas nativas, previstas para acontecerem no parque. Além disso, uma vez a

cada mês, compareceremos no parque para cuidar das abelhas e realizarmos eventuais manutenções”, completa. Para viabilizar um sistema de saneamento de baixo impacto ambiental, o parque adotou uma bacia de evapotranspiração, solução que trata os efluentes sem necessidade de redes extensas de esgotamento e direciona as águas cinzas para bananeiras em crescimento. O equipamento integra tecnologia, sustentabilidade e educação ambiental.

Homenagem

O Parque Natural da Romaria leva o nome de Hélvio Vitarelli, em homenagem póstuma a um grande defensor do patrimônio natural de Congonhas. Ele foi representado pelos irmãos Francisco e Ana Maria Vitarelli na solenidade de inauguração.

Francisco e Ana Maria

“Esta homenagem é muito importante para uma pessoa que fez tanto pela cidade, sem esperar nada em troca. Na época, a sociedade não tinha noção dos riscos que as cidades mineradas corriam. Ele previa a possibilidade de rompimentos de barragens, o que acabou ocorrendo em Mariana e em Brumadinho pouco depois de seu falecimento [que aconteceu em 2013]. Graças ao posicionamento do Hélvio, medidas adotadas evitaram que isso tivesse ocorrido em Congonhas. Ele era fora de seu tempo, lutou também pela proteção da Serra Casa de Pedra. Se não fosse sua intervenção pela sua proteção, hoje não existiria nem a vertente voltada para Congonhas, já que a outra não existe mais [em função da atividade minerária]”, afirma Francisco.

A irmã Ana Maria completa: “Nada que o Hélvio fez foi em vão. A homenagem a ele e a inauguração do parque foram muito lindas, só tenho a agradecer ao povo de Congonhas”.

Leandro Grass, presidente do Iphan

Presente na inauguração daquele equipamento urbano, Leandro Grass, presidente do Iphan, considerou: “Fruto de parceria do Iphan com a Prefeitura de Congonhas, no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, a implantação do Parque Natural da Romaria em meio ao principal sítio histórico de Congonhas assegura à população um novo equipamento público de integração, de conexão com o passado, presente e futuro. O parque pode ajudar a Congonhas a se tornar ainda mais referência na cultura e no turismo. Agradeço à Prefeitura e a toda a equipe que permitiu que este investimento se viabilizasse. Parabéns a todo o povo de Congonhas por esta grande conquista”.

A criação do parque surgiu como uma das dez ações previstas inicialmente para Congonhas no âmbito do PAC Cidades Históricas. O prefeito Anderson Cabido lembrou que a ideia deste programa de aceleração do crescimento destinado ao patrimônio cultural, artístico e natural surgiu de uma reunião da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais (ACHMG), em 2009, quando era o presidente da entidade, como parte do PAC, programa do Governo Federal que produziu benefícios para diversas áreas do serviço público. A ideia foi consolidada, em 2013, em Ouro Preto.

Cabido também lembrou que seu atual vice Zelinho foi, como prefeito entre 2013 e 2020, o que mais captou recursos do PAC Cidades Históricas em toda a história do programa. “Isto nos enche de orgulho, inclusive este teatro onde estamos é fruto deste trabalho”. Além do Teatro Municipal Dom Silvério Gomes Pimenta, Congonhas restaurou os elementos artísticos da Basílica, da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário; requalificou a Alameda das Palmeiras e a Romaria; e construiu o Teatro Municipal Dom Silvério Gomes Pimenta. Obras também selecionadas inicialmente pelo PAC Cidades Históricas, a restauração do prédio da antiga Câmara Municipal, no Centro, e do Museu de Arte e Memória, na Ladeira Bom Jesus, foram contempladas agora pelo Novo PAC. Já o Cine Teatro Leon, outra das dez ações previstas para o município pelo PAC CH, acabou sendo requalificado e revitalizado com patrocínio do BNDES por intermediação do Iphan, como reconhecimento pelo excelente desempenho de Congonhas em todas as etapas do programa. A conquista do Teatro ocorreu pelo mesmo motivo.

“Reconhecemos o valor de tanto cuidado do Governo Federal com Congonhas. Depois de várias ações executadas em parceria com o Iphan, entregamos mais uma obra. O parque faz parte da nossa intenção de aumentar o tempo de permanência do turista na nossa cidade. Queremos que o turismo vire uma grande atividade econômica em nossa cidade, e para isso é necessário investimento com inteligência. Criando o parque, estamos oferecendo uma motivação a mais para ele permanecer em Congonhas, consumir e se hospedar aqui. Isto fortalece a atividade turística, gerando emprego e renda e tornando Congonhas a potência turística que ela merece ser”, finaliza o prefeito.

No ano da inauguração do Parque Natural da Romaria, Congonhas comemora os 30 anos da reconstrução da Romaria (em 1995), 10 anos do Museu de Congonhas (inaugurado em 2015), os 40 anos do título de Patrimônio Mundial atribuído pela Unesco ao Santuário do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos e 220 anos da conclusão e entrega por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, das 12 estátuas dos Profetas em pedra sabão situadas no adro da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos.

Sequência da obra do parque

Perspectiva da Ponte Pensil. Fonte: Projeto Arquitetônico. Arq. Douglas Montes

O Iphan já aprovou o recurso da ordem de R$ 3 milhões para executar a obra da ponte pênsil, original do projeto.

Algumas conexões do parque ainda serão construídas, sendo uma delas em um futuro muito próximo: o acesso pela Alameda das Palmeiras, que será utilizado pelo congonhense e o turista que estejam na região do Santuário.

Outros acessos ao parque estão previstos pelo Museu de Congonhas e pelos bairros Paschoal Vartuli e Vila Rica.

No futuro, uma parte mais ambiciosa do projeto será a conexão do Parque Natural da Romaria com o Parque Alcatruz por meio de um corredor ambiental. A ideia de ocupação do espaço é passar pelo bairro Paschoal Vartuli, onde há uma cascata, até chegar ao Alcatruz, onde estão antigos aquedutos, criados pelos padres redentoristas e que levavam água para a região da Basílica. Este corredor facilitará a polinização de toda a região, fazendo com que a natureza trabalhe pela natureza, ampliando a área de preservação ambiental.

Novo PAC

Antes da inauguração do Parque, na quarta-feira (10/12), o Iphan, em parceria com a Prefeitura de Congonhas, realizou o evento “Avanços do Patrimônio no Novo PAC em Minas Gerais”, no Teatro Municipal Dom Silvério Gomes Pimenta. O encontro que reuniu representantes do órgão federal, prefeitos e parceiros celebrou um amplo conjunto de entregas do Governo Federal a Minas gerais, refletindo um compromisso contínuo com a preservação, recuperação e valorização do patrimônio cultural. Atualmente, o estado reúne cerca de 72 ações habilitadas, contemplando 15 municípios parceiros, que poderão executar mais de 57 obras e contratar 15 novos projetos destinados a futuras intervenções e conservações. Desde 2023, o Iphan já liberou a contratação de 32 obras, das quais cinco já foram entregues e 15 tem previsão de início ainda para o primeiro semestre de 2026, ampliando de forma significativa o alcance das políticas de preservação.

Ao todo, Minas Gerais receberá mais de R$ 290 milhões em investimentos do Iphan pelo Novo PAC, integrando um montante nacional que se aproxima de R$ 800 milhões destinados à proteção do patrimônio cultural brasileiro.

Durante o evento, foram assinados termos de compromissos, anúncios de liberação imediata de recursos do Governo Federal e anúncio de início de obras.

Iphan entrega a Congonhas cheque simbólico.

Para Congonhas, O Iphan anunciou, além da a liberação de mais R$ 3 milhões para a construção da ponte pênsil do Parque Natural da Romaria, além de outros recursos para a restauração do Casarão do Museu da Imagem e Memória e da antiga Câmara Municipal de Congonhas, ações que faziam parte das dez ações de Congonhas aprovadas pelo PAC Cidades históricas, e que agora foram abarcadas pelo Novo PAC, totalizando investimento de cerca de R$ 33 milhões destinados ao município.

Leandro Grass, presidente do Iphan, lembra que “a implantação do Parque Natural da Romaria faz parte de um conjunto de investimentos que o Governo Lula tem feito na área da cultura, do patrimônio cultural. Estamos fazendo um grande pacto com o país todo, por meio do Novo PAC, com investimentos da ordem de R$ 740 milhões. Minas Gerais está sendo muito contemplada neste senso de preservação, de cuidado com o patrimônio cultural, porque Minas é grande referência, podemos dizer que é um país do patrimônio no Brasil, com grandes monumentos e grandes saberes e tradições, que compõem o patrimônio imaterial. Somente em Congonhas, a parceria com o município viabilizou a recuperação de bens tombados e a criação de espaços culturais e de preservação ambiental. Congonhas é uma cidade muito importante para nós, não só por ser patrimônio mundial, mas por acolher um dos principais acervos do Aleijadinho, que é uma grande referência para a nossa cultura. Então daqui pra frente é termos mais projetos e ações. Nunca Congonhas recebeu tantos investimentos do Governo Federal como está recebendo agora, assim como outras cidades históricas mineiras”.

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