Rua do Trem em Hanói reúne ferrovia colonial ativa, casas a centímetros dos trilhos, restrições oficiais de março de 2025 e turismo diário em beco de Hoan Kiem sem barreiras físicas
Em uma rua estreita de Hanói, no distrito de Hoan Kiem, casas dividem centímetros com trilhos ativos; trens passam várias vezes ao dia, atraem turistas e motivam restrições oficiais em março de 2025 por riscos à segurança urbana.
Coexistência urbana sem separação formal
A cena cotidiana mostra portas, varandas e trilhos no mesmo nível, sem barreiras ou plataformas, exigindo coordenação precisa dos moradores quando o trem se aproxima diariamente.
A ferrovia, construída na era colonial francesa, permaneceu ativa enquanto a expansão residencial avançou, incorporando trilhos ao tecido urbano sem interrupções do serviço.
Com o tempo, casas cresceram alinhadas à linha férrea, consolidando uma convivência extrema que redefine limites entre moradia, circulação pública e infraestrutura pesada.
Viralização turística e pressão econômica
Nos últimos anos, redes sociais impulsionaram a fama do local, com imagens do trem passando a poucos centímetros de visitantes segurando cafés.
O fluxo constante estimulou cafés, terraços e barracas improvisadas, criando renda local, mas ampliando conflitos entre segurança, fiscalização e dependência econômica do turismo.
Moradores passaram a ajustar rotinas ao horário do trem, retirando móveis e mercadorias minutos antes da passagem, num balé urbano repetido diariamente.
Medidas oficiais e justificativas de segurança
Em março de 2025, o Departamento de Turismo de Hanói determinou a suspensão de passeios organizados ao local, citando riscos e incidentes recorrentes.
A decisão incluiu barreiras físicas e placas de advertência, além do fechamento de estabelecimentos sem licença, segundo comunicados do Departamento de Turismo de Hanói.
As autoridades apontaram aumento de visitantes e proximidade extrema dos trilhos como fatores centrais para restringir o acesso a trechos específicos.
Aplicação intermitente das regras
Na prática, a rua segue recebendo visitantes, sobretudo nas extremidades menos fiscalizadas, onde lojas permanecem abertas apesar das restrições vigentes.
Turistas se aglomeram atrás das barreiras para observar o trem, mantendo o local entre os mais fotografados da cidade, mesmo com controle irregular.
Essa aplicação intermitente reforça a tensão entre norma oficial e realidade econômica local, que segue dependente do fluxo diário.
Vida cotidiana sob risco constante
Morar ao lado de trilhos ativos impõe desconforto e perigo, mas, em áreas densas e de baixa renda, o espaço é continuamente redefinido.Play Video
Pessoas cozinham, conversam e brincam enquanto aguardam o trem, integrando o risco à rotina, numa adaptação silenciosa e persistente.
A Rua do Trem funciona como metáfora urbana, revelando como cidades absorvem infraestrutura preexistente de forma pragmática, ainda que arriscada.
Exceção visual ou padrão global
Embora rara em grau, a proximidade extrema não é conceitualmente única, aparecendo em cidades do Sudeste Asiático, África e América Latina.
Nesses contextos, informalidade e planejamento limitado aproximam moradia e infraestrutura, produzindo soluções improvisadas para a escassez de espaço.
Questões para o futuro urbano
O que torna Hanói singular é a transformação dessa convivência em cartão-postal, ampliando visibilidade e pressão regulatória sobre moradores.
A pergunta central permanece: que cidade se constrói quando fronteiras entre público, privado e perigoso ficam tênues, exigindo escolhas urbanas urgentes.
Como antecedente, tentativas anteriores de controle já haviam ocorrido, mas a combinação entre turismo digital e economia local manteve a rua ativa, apesar das medidas, num equilíbrio delicado.
Com informações de O Globo.




