A Vale iniciou, nesta quarta-feira (20), as obras de desmanche em mais uma das cinco barragens a montante que serão eliminadas em 2022, como medida de segurança, uma vez que as estruturas com esse modelo de construção oferecem mais riscos.
Os trabalhos focarão a descaracterização do Dique Auxiliar da Barragem 5, na Mina Águas Claras, em Nova Lima (MG), antecipou a empresa à Reuters.
Ao final do ano, o dique será uma das 12 estruturas alteadas a montante da empresa eliminadas no Brasil. Ao todo 30 estruturas passarão pelo processo.
“A eliminação de todas as barragens a montante da Vale é um dos pilares do princípio de garantia de não repetição de rompimentos como o de Brumadinho”, disse em comunicado.
A descaracterização de barragens a montante em função do desastre de Brumadinho, que provocou a morte de cerca de 270 pessoas em 2019, tem tido custos importantes para a Vale, que lançou uma provisão adicional de 1,7 bilhão de dólares no balanço do último trimestre.
O Dique Auxiliar não recebe rejeitos desde o ano 2000 e é uma das 23 estruturas alteadas a montante da companhia que ainda passarão pelo processo de descaracterização em atendimento às normas federais e estaduais de segurança de barragens vigentes.
Segundo a Vale, diante do possível incremento de riscos durante as obras de descaracterização, foi construído preventivamente, em março, um reforço para dar maior estabilidade à estrutura durante o processo.
“Em caso hipotético de ruptura, todo o rejeito (cerca de 2,2 milhões de metros cúbicos) ficará contido dentro da Barragem 5, evitando qualquer dano às pessoas ou ao meio ambiente.”
A companhia ainda definiu que as atividades de escavação e movimentação do rejeito serão realizadas com equipamentos não tripulados, operados remotamente, com tecnologia desenvolvida pela empresa em conjunto com fornecedores.
A previsão de conclusão dos trabalhos é em dezembro deste ano. Atualmente, tanto o Dique Auxiliar quanto a Barragem 5 estão em Nível de Emergência 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), sendo ambas as estruturas monitoradas permanentemente pelo Centro de Monitoramento Geotécnico da Vale.
Projeção
Com a conclusão das obras e a reintegração ao meio ambiente de mais cinco estruturas, a Vale prevê encerrar 2022 com 40% das suas estruturas a montante eliminadas.
Isso significa que 12 de 30 barragens mapeadas já estarão descaracterizadas, disse a empresa.
Além do Dique Auxiliar na Mina Águas Claras, as estruturas com previsão de conclusão das obras de descaracterização neste ano são: os Diques 3 e 4, da barragem Pontal; a barragem Ipoema, em Itabira (MG); e a Barragem Baixo João Pereira, em Congonhas (MG).
“A atualização mais recente do Programa de Descaracterização indica que 90% das barragens a montante serão eliminadas até 2029 e 100% até 2035”, afirmou.
Segundo a companhia, as estruturas cujos prazos para término da descaracterização são mais extensos referem-se àquelas de maior risco, mais complexas e que envolvem um volume de rejeitos maior.