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Esculturas de Aleijadinho retornam às Capelas dos Passos, em Congonhas (MG)

As 64 esculturas sacras passaram por um processo de desinfestação, que teve início em outubro de 2023. As capelas também passaram por limpeza e reparos

Reconhecidas como uma das mais importantes obras do barroco mundial, as 64 esculturas esculpidas por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, retornaram na última sexta-feira (09), às Capelas dos Passos da Paixão de Cristo, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG). As obras-primas do mestre Aleijadinho passaram por um processo de desinfestação, conduzido com o acompanhamento técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

O método de desinfecção aplicado –  anóxia  – consiste em colocar as esculturas dentro de câmaras seladas, feitas de um plástico especial com três metros de comprimento, dois metros de largura e um metro de altura. Após o acondicionamento das peças, injeta-se gás inerte (nitrogênio) nas câmaras, removendo todo o oxigênio do interior. Este procedimento, que dura em média 45 dias, elimina cupins adultos, ovos, larvas e pupas. Após esse período, as bolhas são abertas e as esculturas recebem aplicação de produtos protetores para prevenir novas infestações. 

Foto: André Brasil/Iphan

Especialista do Grupo Oficina de Restauro, empresa responsável pelo processo de desinfestação das esculturas, Adriano Ramos destacou a importância da técnica utilizada desde o início dos processos, em outubro de 2023, “estamos empregando um método inovador que substitui o uso de produtos químicos, o que poderia comprometer a integridade das obras ao exigir a penetração do produto na madeira. Nossa abordagem é limpa e inerte, utilizando gás nitrogênio para criar um ambiente sem oxigênio, o que elimina os xilófagos sem a necessidade de perfurar ou danificar a madeira e a pintura das esculturas”, explica. 

“Desde a aprovação da intervenção até o translado das imagens, o Escritório Técnico do Iphan em Congonhas acompanhou cada etapa do processo”, afirmou Marília Sinimbu, chefe do Escritório Técnico do Iphan em Congonhas. “Cada fase foi cuidadosamente monitorada, com a emissão de documentação técnica para garantir a segurança e a integridade das peças. A complexidade de movimentar e acondicionar essas obras históricas exigiu um cuidado redobrado, assegurando que todo o procedimento fosse realizado com a máxima precisão.” 

Além da desinfestação das esculturas, as capelas que abrigam os Passos da Paixão de Cristo passaram por uma profunda limpeza e reparos, incluindo a reforma da Capela da Ceia, que apresentava problemas de infiltração. 

As esculturas, que retornaram ao espaço original onde foram instaladas entre 1799 e 1808, compõem um dos mais completos grupos escultóricos de imagens sacras do mundo. O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, inscrito no Livro do Tombo de Belas Artes pelo Iphan em 1939, recebeu o título de Patrimônio Cultural Mundial pela UNESCO em 1985, é um testemunho da genialidade do artista e da importância cultural das suas obras.

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