Histórias do interior passam por seres místicos, assombrações e muito mais
Para quem adora uma boa história de terror, o Halloween traz o convite perfeito para explorar o lado sombrio e misterioso de Minas Gerais. O estado é conhecido por suas lendas de assombrações que fascinam e assustam. Neste 31 de outubro, em vez de fantasias e abóboras, que tal mergulhar nas tradições locais e conhecer os causos que arrepiam os mineiros há gerações?
A seguir conheça algumas histórias.
O bebê de três olhos – Sete Lagoas
Em meados dos anos 2000, a cidade de Sete Lagoas, na região central do estado, se preparava para receber um show da banda Calypso, então no auge do sucesso. O evento receberia 35 mil pessoas e seria um sucesso. Até que, um dia antes do show, se espalhou a notícia de que havia nascido um bebê na cidade que tinha três olhos.
Ao ver o menino, a enfermeira que estava no quarto exclamou assustada: “Que menino feio!” O menino teria respondido. “Feio será o que vai ocorrer no show da banda Calypso amanhã!”
O medo se espalhou na cidade e muita gente deixou de ir ao show, que foi considerado um fracasso. Alguns mais corajosos compareceram à apresentação de Joelma e Chimbinha e relataram que houve um problema na iluminação que deixou o clima assustador, mas nenhum outro incidente foi registrado.
O caso fez tanto sucesso na época que até foi tema de um reportagem da TV Alterosa.
Caboclo d’Água – Barra Longa
Reza a lenda que, em Barra Longa, na Zona da Mata, existe uma criatura bizarra chamada Caboclo d’Água. Com 1,20m de altura, ele tem dentes e unhas afiadas, além de olhos grandes e um apetite voraz. Ele se alimenta de bezerros e bota o terror na região.
Muita gente jura de pé junto que já viu a criatura. Para tentar provar a existência desse monstro, alguns moradores chegaram a construir uma espécie de gaiola com uma isca. O voluntário ficaria 24 horas com parte do corpo na água para chamar a atenção do Caboclo. Com tanto risco, há até um prêmio para os interessados. Também tem uma recompensa para quem conseguir uma foto ou até capturar a criatura.
Procissão das almas – Mariana
Essa lenda é famosa e até aparece no filme “Pequenas histórias” (2007), dirigido por Helvécio Ratton. A história se baseia na tradicional Procissão das Almas, que acontece toda madrugada de Sábado de Aleluia em Mariana, na região Central de Minas.
Uma mulher passava o dia falando da vida alheia, ficando em sua janela vigiando tudo que acontecia na cidade durante as noites. Até que, em uma Sexta-Feira da Paixão, ela estava de butuca quando viu aproximar uma procissão.
No entanto, por mais que ela se esforçava, ela não conseguia ver os rostos daquelas pessoas vestidas de preto e carregando velas. Até que uma pessoa saiu do cortejo e foi até ela. “Mulher, a noite é dos mortos. Guarde esta vela para mim”, disse.
Ela aceitou o pedido. Foi então que outro fiel veio até ela. “Mulher, guarde a sua língua, amanhã estaremos juntos em outras paragens. Pegue a minha vela!”, exclamou. Ela acatou novamente e seguiu espiando o movimento.
No entanto, na manhã seguinte, quando foi procurar a vela, encontrou um osso humano. A mulher desmaiou. Em pouco tempo, o padre e o médico da cidade vieram ajudá-la, mas ela já estava morta.
A loira do banheiro – Sabará
A famosa história do fantasma que atormenta alunos no banheiro das escolas teria surgido em Sabará, na Grande BH. Na cidade, havia uma professora muito bonita, mas muito brava, causando terror nos estudantes mais travessos.
Mas, depois de muitos anos, ela faltou. Os alunos logo descobriram o porquê: ela tinha morrido após ser atropelada por um trem. No entanto, a professor continuava na escola, agora como uma assombração, toda vestida de branco e com algodão no nariz e nos ouvidos.
Segundo a lenda, ela atormenta as estudantes que fazem bagunça pelo colégio.
Lenda da porteira do óleo – Carrancas
Em Carrancas, no Sul de Minas, esta história causa arrepios a séculos. Segundo a lenda, quem passa em frente à tal porteira, situada na região Leste da cidade, após a meia-noite, ouve vozes e lamentos de antigos escravizados que foram mortos naquele local.
É que, ao lado da porteira, fica uma copaíba, ou árvore de óleo, onde os antigos escravos eram castigados. A assombração também aparece em forma de luzes e na porteira, que fica batendo sozinha.
A alma que pediu missa – Nova Lima
Essa lenda surgiu em Nova Lima, na Grande BH. Segundo a história, perto de um antigo cruzeiro, era possível ouviu lamentos e gemidos que seriam de almas penadas que esperavam sua redenção.
Certo dia, um morador passava próximo ao local quando ouviu a lamúria e resolveu perguntar. “Em nome de Jesus, por que geme e lamenta tanto?”, questionou. Um homem, sentado aos pés do cruzeiro então surgiu. “Peça à minha filha para mandar celebrar uma missa para mim. Há muito tempo não recebo uma”, disse.
A assombração deu o nome e o endereço da filha, e, no dia seguinte, o morador foi encontrá-la. Ao chegar lá, descobriu que aquele homem morrera no cruzeiro muitos anos antes. A filha mandou que rezasse a missa e ele nunca mais foi visto por aí.
No entanto, há relatos de que de vez em quando são ouvidos lamentos e gemidos sem que ninguém saiba de onde vêm. Mas que, quando essas almas finalmente recebem suas preces, o silêncio volta a reinar.
A lenda da Serra do Caraça – Catas Altas
Antes de se tornar o município de Catas Altas, na região Central de Minas, havia na região uma aldeia indígena comandada pelo cacique Ubiratã. Quando ele morreu, seus filhos Ubajara e Tatagiba enfrentaram uma jornada para salvar a vida da mãe, que havia adoecido de tristeza. A conselho de um pajé, foi-lhes revelado que a cura exigia a busca de três elementos mágicos: ouvir a árvore das harmonias, ver o pássaro azul com segredos misteriosos e trazer um pouco d’água das fontes de ouro. O jovem Tatagiba, determinado, partiu em busca desses itens, mas acabou encantado por forças sobrenaturais e transformado no Morro da Piedade.
Preocupado com a demora de Tatagiba, Ubajara decidiu procurá-lo. Para protegê-lo dos mesmos perigos, o pajé lhe ofereceu um óleo perfumado com poderes de proteção. Chegando à região encantada, Ubajara ouviu a voz de Tatagiba nas montanhas, relatando seu destino. Pegando a água mágica, o irmão mais velho seguiu seu caminho de volta, e ao cruzar com o monstro adormecido, usou o óleo encantado para transformar a criatura na rocha que se tornou o famoso Caraça.
Com o remédio em mãos, Ubajara retornou e curou sua mãe. Em gratidão, ela decidiu viver aos pés da montanha, acompanhada de duas anciãs, o que deu nome ao Rio das Velhas.
Quadro do bebê amaldiçoado – Santa Rita do Sapucaí
A história da foto de um bebê diante do piano em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, transformou-se em uma lenda urbana cheia de mistério e assombrações. O quadro com a foto estava abandonado na rua e foi encontrado por estudantes em 2008.
Logo, descobriram que a imagem daquela bebê (que ganhou o nome de “Juliana”) acabou ali após uma menina se recusar a ficar com ela. Após levarem o objeto para casa, vários eventos estranhos surgiram: um dos jovens que viveu em uma das casas onde a foto ficou guardada faleceu pouco tempo depois de se mudar, e os moradores restantes passaram a relatar “mudanças” inquietantes na casa.
Os relatos sobre a imagem misteriosa incluem sons inexplicáveis, sensações de isolamento, e até visões de vultos. Em uma ocasião, um dos estudantes acordou para encontrar o quadro ao lado da cama, o que o levou a descartá-lo em um terreno baldio. Na nova casa para onde a foto foi levada, os moradores também vivenciaram estranhezas, incluindo desligamentos inesperados de aparelhos de som e frequentes crises de pânico. Hoje, o paradeiro do quadro é desconhecido, mas a memória de sua passagem permanece, preenchida com histórias de medo e incerteza.
Fazenda do capeta – São José do Goiabal
Em meados dos anos 1950, a Fazenda do Funil, localizada no que um dia se tornaria São José do Goiabal, no Vale do Rio Doce, uma família de 13 pessoas sofria com pedradas, vozes do além, crianças sendo arremessadas e cheiro de enxofre. Sem uma explicação lógica para aqueles fenômenos, logo se descobriu que se tratava de uma aparição do diabo.
A história da fazenda do capeta percorreu o estado e ganhou destaque em uma edição da revista O Cruzeiro na época, que narrou que os moradores estavam sofrendo com “drama, desassossego e noites mal dormidas”. “Há mais de quatro meses que o diabo não deixa a gente conhecer o que é sossego nesta casa de Deus”, narrou um dos moradores à reportagem, que disse ter agarrado o braço do capeta, mas deixou a criatura escapar.
FONTE ESTADO DE MINAS