Projeto idealizado pela Editora MARTINS composto de seis volumes, será apresentado à comunidade belo-valense, no dia 18 de novembro, às 17:00 horas, na Biblioteca Municipal Dona Maria José Jacques Penido, quando será lançado o primeiro volume da Coleção “Conhecer Belo Vale”. A obra inaugural, “Cronologia de Belo Vale: povoados e vilas a partir do século XVII. – Aspectos eclesiásticos, judiciários e administrativos” foiorganizada por meio de extensa fonte de pesquisa literária e documental colhida em bibliotecas, cartórios, arquivos públicos e entrevistas orais, que o autor vem desenvolvendo há mais de 30 anos.
O conteúdo ressalta fatos significativos na trajetória da construção do município, sejam políticos, sociais, culturais e religiosos. O autor faz um recorte desses fatos desde a implantação de um ponto de apoio à expedição de Fernão Dias Paes – Roças de Matias Cardoso de Almeida – 1673, provavelmente, plantadas em área da antiga região do Parahypeba, atual Costas, distrito de Santana do Paraopeba, espaço geográfico que deu origem ao município de Belo Vale.
Fatos desafiadores e falta de incentivo à pesquisa
Há fatos novos e desafiadores, comenta o autor: Belo Vale foi o primeiro povoado oficial erguido na Província de Minas, ao contrário de Ibituruna, comprovado por extensa pesquisa de Salomão de Vasconcellos. Además, estudos do historiador Kleverson Teodoro de Lima apontam a localidade Costas, e não a de Vargem de Santana, como antiga sede que deu origem ao atual Distrito de Santana do Paraopeba. Segundo o historiador, Costas foi o local do pouso dos bandeirantes e onde ergueram a Capela de São Pedro do Parahypeba. – Há um equívoco que deve ser reparado pelo município; aponta Kleverson Lima.
A Cronologia apresenta outros fatos, até então, pouco explorados ou desconhecidos. Por volta dos anos de 1840, Peter Wilhelm Lund, naturalista dinamarquês, pai da paleontologia e arqueologia no Brasil, visitou e registrou a Gruta da Calçada na Serra dos Mascates. Pesquisadores europeus que exploraram as serras e o antigo povoado de São Gonçalo da Ponte descreveram em seus livros detalhes surpreendentes. O naturalista austríaco Georg Wilhelm Freireyss relatou que em companhia do Barão de Eschwege, pernoitou na Fazenda da Grota, em 1814 – (…) encantei-me com a hospitalidade dos proprietários. Outra revelação interessante: o famoso aeronauta Alberto Santos do Dumont – 1873 e 1932 – foi tetraneto de Manoel Machado, sócio e primo de Manoel Teixeira Sobreira, portugueses que construiram a Capela de Nossa Senhora Sant’Ana.
Há pouca pesquisa elaborada sobre o município de 351 anos. A falta de incentivos a esses estudos ignora sua relevante história, deixando lacuna de dados preciosos. Por outro lado, é dispendioso para o historiador executar um bom trabalho, uma vez, que há dificuldade de encontrar documentos e registros espalhados pelos cartórios e arquivos de diversas cidades, às quais, Belo Vale pertenceu. O que sabemos sobre os dois portugueses Paiva Lopez e Gonçalo Álvares, que levam nomes das principais ruas da cidade, e a eles são atribuídas construções da Capela de Boa Morte e Matriz de São Gonçalo? A coleção “Conhecer Belo Vale” pretende contribuir com dados fundamentais da formação de nosso município, para levar a uma reflexão e oferecer elementos que contribuam com a identidade social do belo-valense, no cenário do histórico território em que ele vive.
São Pedro do Parahypeha: primeiro lar da pátria mineira
– (…) pode-se, por melhor aplicar, a nominata de primeiro lar da pátria mineira a Belo Vale. Antes, conferido por Diogo de Vasconcellos à cidade de Ibituruna. O lugar, Roças Matias Cardoso de Almeida passou a se chamar São Pedro do Paraypeba, primeiro nome registrado para Vargem de Santana, onde se lavrou o primeiro auto-oficial de toda Minas: do recebimento das esmeraldas e da posse das feitorias e arraiais fundados pelo grande e malogrado chefe, em 28 de junho de 1681.
Tarcísio Martins, jornalista, editor e pesquisador da história de Belo Vale