Dores do Turvo é uma pequenina cidade da Zona da Mata mineira que ficou por muito desconectada das regiões limítrofes. Muitos atribuem certa estagnação econômica e cultural ao crônico abandono político que enfrenta especialmente pela desconexão viária com seus municípios limítrofes. Mas esse status vem se revertendo através do resgate de outras conexões históricas reveladas por um projeto que envolve dezenas de pesquisadores que culminou com a produção de um livro que poderá ajudar refazer as ligações históricas dessa cidade com a História de Minas. Partindo de seu patrimônio cultural o historiador André Colombo, que assina a organização da obra, conseguiu reunir uma série de pesquisas de quinze autores que se dedicaram a diversos temas da história da localidade em uma publicação que aborda quase 300 anos de história do lugar.
Partindo de fontes históricas locais, que abarca desde acervos familiares aos acervos das duas irmandades que atuaram na localidade e que estão sob guarda da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, os autores desenvolveram artigos que lançam novas luzes sobre este importante trecho que conecta os sertões dos rios Piranga e Pomba, importante região de fronteira política e econômica no século XVIII. Os autores destacam que a obra tem por objetivo promover algumas revisões históricas e apontar muitas possibilidades de apropriação desse acervo.
Historiadores, arquitetos e restauradores tiveram acesso a esse grande acervo documental sob guarda da Paróquia e puderam analisar documentos inéditos, alguns anteriores à criação oficial da Capitania de Minas Gerais. A documentação traz aspectos demográficos que ajudam a reconstruir a ocupação da Zona da Mata mineira. Trabalhando essa documentação os pesquisadores também encontraram documentos que ajudam a preencher lacunas importantes sobre a atuação de oficinas de arte sacra, como dos icônicos escultores designados como integrantes da Oficina do Mestre Piranga. Pelos documentos apresentados no livro, como o risco elaborado pelo entalhador português José de Meirelles Pinto para a primeira Capela de Nossa Senhora das Dores, datado de 1781, e os ajustes entre a Irmandade e especialmente Antônio de Meirelles Pinto, apontado como outro integrante da oficina, comprovam uma série de trabalhos documentados por esses artífices na localidade.
Pela documentação analisada o organizador que estuda as devoções e as imagens sacras inseridas na Freguesia de Rio Pomba, à qual oficialmente a Capela de Dores do Turvo esteve vinculada nos séculos XVIII e XIX, aponta que nessa localidade esteve sediada a mais atuante irmandade leiga da Freguesia de Rio Pomba. A atuação da confraria de Nossa Senhora das Dores, fundada por moradores oriundos da região de Jequitibá e também por muitos descendentes do sertanista Brás Pires, deixou um legado documental que vem suprir muitas lacunas da história dessa região. Graças à parceria entre o Conselho de Patrimônio Cultural da localidade com a Paróquia de Nossa Senhora das Dores este livro pode ser produzido.
A obra analisa diversos bens culturais como um grande Calvário datado do século XVIII, que teria sido encomendado ao escultor Manoel Dias mas que pode ter tido a participação do Padre Félix Lisboa – Irmão do Mestre Antônio Francisco Lisboa. Outro estudo dedica-se à Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, importante projeto do arquiteto ítalo-brasileiro Rafael Juliano, que deixou dezenas de obras naquela região, assim como os elementos artísticos, como o conjunto de vitrais do Atelier Galiano e a monumental obra do artista modernista e restaurador Edson Motta, integrados à Igreja Matriz ainda na primeira metade do século XX.
SERVIÇO:
Lançamento: “Dores do Turvo: História, devoção, arte e patrimônio cultural”
Data: 21/12/2024 – 20 horas.
Local: Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores do Turvo.
Valor do livro: R$ 50,00* (Os valores serão integralmente revestidos para a restauração do Órgão de tubos da Igreja Matriz).
Contato: (32) 9.9161-7424 ou [email protected][