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O que aconteceu com Opala, Monza e Del Rey? Os carros que já foram símbolo de luxo e sumiram das ruas brasileiras

Durante anos, Opala, Monza e Del Rey ocuparam as garagens mais desejadas do país. Hoje, restam lembranças, colecionadores e uma pergunta: o que aconteceu com esses carros de luxo que marcaram época?

No Brasil dos anos 1970, 80 e início dos anos 90, ter um Opala, Monza ou Del Rey era mais do que possuir um carro — era fazer parte de um grupo seleto. Esses veículos carregavam consigo uma simbologia de luxo, poder aquisitivo e modernidade. Muitos deles foram utilizados por empresários, políticos e até como viaturas oficiais do governo. A presença marcante nas ruas e estradas era proporcional ao impacto cultural que deixaram. Hoje, no entanto, esses modelos praticamente desapareceram da paisagem urbana. Para entender o que aconteceu com Opala, Monza e Del Rey, é necessário revisitar sua origem, evolução e os fatores que levaram ao fim da produção.

O que aconteceu com o Opala: o pioneiro da sofisticação nacional

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Chevrolet Opala foi um marco na história da indústria automobilística brasileira. Lançado em 1968 no Salão do Automóvel de São Paulo, o Opala foi o primeiro carro de passeio da General Motors do Brasil. Era uma adaptação do Opel Rekord C, da Alemanha, com elementos do americano Chevrolet Impala — de onde, segundo rumores, viria o nome “Opala”.

Sua produção durou 24 anos, encerrando-se em abril de 1992, com mais de 1 milhão de unidades fabricadas. O modelo teve várias versões ao longo do tempo, desde o 4 cilindros econômico até o potente motor de 6 cilindros, famoso por equipar as versões SS e Diplomata.

O Opala era o carro preferido de altos executivos, da polícia e até mesmo da presidência da República. O ex-presidente Juscelino Kubitschek, inclusive, faleceu em um Opala durante um acidente na Via Dutra.

Por que o Opala saiu de linha?

A resposta está na evolução tecnológica e na mudança do mercado consumidor. Nos anos 90, os carros importados começaram a entrar com força no Brasil, trazendo tecnologias mais avançadas. O Opala, com seu visual clássico e motor robusto, já não acompanhava os novos tempos. Foi substituído pelo Chevrolet Omega, que oferecia mais recursos eletrônicos, conforto e desempenho.

Apesar de sua saída das linhas de montagem, o Opala permanece vivo na cultura automotiva brasileira, sendo objeto de colecionadores e encontros de carros antigos.

O que aconteceu com o Monza: o rei da classe média

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Se o Opala era o carro da elite, o Chevrolet Monza foi o queridinho da classe média nos anos 80. Lançado no Brasil em 1982, o Monza foi a resposta da General Motors à nova demanda por carros médios com conforto e desempenho equilibrados.

Sua origem vem da linha “J-body”, uma plataforma global da GM. Enquanto nos EUA ele se chamava Cavalier e na Europa era o Opel Ascona, no Brasil, virou Monza, com identidade própria e forte apelo popular.

O Monza chegou ao topo em 1984, quando se tornou o carro mais vendido do país, superando até o Fusca. Era oferecido com motores 1.6, 1.8 e 2.0, em versões a gasolina e álcool, sendo um dos primeiros a incorporar a injeção eletrônica no Brasil. Tinha direção hidráulica, ar-condicionado e câmbio automático — itens de luxo na época.

Por que o Monza saiu de linha?

A produção foi encerrada em 1996. A principal causa foi o avanço tecnológico de novos concorrentes e a abertura para carros importados. O Vectra chegou para ocupar seu lugar, trazendo um visual moderno e tecnologias que o Monza já não acompanhava.

Com o tempo, o modelo se tornou obsoleto frente às novas exigências do mercado, perdendo espaço até para carros compactos mais econômicos e equipados.

O que aconteceu com o Del Rey: o luxo acessível da Ford

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Na mesma época em que o Monza ganhava as ruas, a Ford investia em um segmento similar com o Ford Del Rey. Lançado em 1981, o carro foi projetado com base na plataforma do Corcel II, mas com acabamento superior, motor mais potente e foco no conforto.

Oferecido nas versões sedã, coupé e perua, o Del Rey logo se destacou entre os carros de luxo nacionais. Era equipado com motores 1.6 e 1.8 e trazia itens como rádio toca-fitas, bancos reclináveis e acabamentos em veludo.

Ao longo da década de 1980, tornou-se comum ver Del Reys em frotas de táxis executivos e como carro de chefes de família bem posicionados economicamente.

Por que o Del Rey desapareceu?

A Ford decidiu encerrar sua produção em 1991. O motivo? O surgimento do Ford Versailles, fruto da joint venture Autolatina entre Ford e Volkswagen. O Versailles veio com mais espaço interno, design atualizado e melhor desempenho — substituindo o Del Rey como modelo de entrada no segmento de sedãs médios.

Além disso, o fim da Autolatina nos anos 90 e a chegada dos importados enfraqueceram os modelos tradicionais como o Del Rey, que deixou de ser competitivo frente às novas tendências.

Outros ícones que sumiram das ruas: Landau e Simca Chambord

Ford Landau: o carro dos presidentes

Antes do Del Rey, o Ford Landau reinava entre os carros de alto luxo no Brasil. Derivado do Ford Galaxie americano, o Landau foi produzido entre 1971 e 1983 e serviu inclusive como carro presidencial em diversas ocasiões.

O modelo impressionava com seu motor V8, acabamento em couro, vidros elétricos e ar-condicionado. Era o ápice do conforto nos anos 70. No entanto, seu tamanho e consumo elevado o tornaram inviável com o passar dos anos.

O Landau foi descontinuado em 1983, abrindo caminho para o Del Rey, que, apesar de mais modesto, era mais adequado à nova realidade econômica.

Simca Chambord: o pioneiro do luxo

Produzido no Brasil entre 1959 e 1967, o Simca Chambord foi o primeiro carro de luxo fabricado nacionalmente sob licença. Com visual inspirado nos Fords norte-americanos dos anos 1950, o Chambord trazia um motor V8 e acabamento refinado.

Apesar de seu sucesso inicial, a marca Simca foi incorporada pela Chrysler, e o Chambord acabou sendo substituído por modelos da montadora americana. O fim do Chambord marcou o encerramento da breve, mas simbólica, trajetória da Simca no Brasil.

Carros de luxo que viraram relíquias

Hoje, o que aconteceu com Opala, Monza e Del Rey é parte de uma história maior sobre transformações na indústria automotiva brasileira. Esses modelos não foram apenas carros — foram símbolos de status, marcos de engenharia nacional e ícones de um tempo em que possuir um sedã com ar-condicionado e direção hidráulica era o auge do conforto.

Com o tempo, fatores como:

  • Evolução tecnológica
  • Abertura para importações
  • Mudanças no perfil do consumidor
  • Custos elevados de manutenção
  • Legislação ambiental e de segurança

…levaram à extinção desses veículos das linhas de produção e, pouco a pouco, das ruas.

Hoje, restam apenas colecionadores e entusiastas que mantêm viva a memória desses automóveis com amor e dedicação. Em clubes especializados e encontros de antigos, ainda é possível ouvir o ronco dos motores seis cilindros, sentir o cheiro do banco de veludo e revisitar uma época em que o carro era mais do que um meio de transporte: era um símbolo.

O que aconteceu com Opala, Monza e Del Rey revela um Brasil que mudou

A queda desses ícones automotivos não representa fracasso, mas o fim de um ciclo e o início de uma nova era. O Brasil de hoje é diferente daquele dos anos 80. Os carros são menores, mais tecnológicos, mais eficientes — mas talvez nenhum traga o mesmo brilho no olhar de quem viu, dirigiu ou sonhou com um Opala SS, um Monza Classic ou um Del Rey Ghia.

O que aconteceu com Opala, Monza e Del Rey é o reflexo da modernização do país, mas também um convite à nostalgia. Eles foram reis de uma estrada que agora pertence a outros, mas jamais sairão da memória de quem viveu a época em que eram soberanos.

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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