Operações irão produzir biomassa carbonizada para atender a indústria siderúrgica, além de pallets de madeira para exportação
Após iniciar a atuação em Juiz de Fora, na Zona da Mata, no próximo ano, a usina de bioenergia Braspell projeta novas unidades em Minas Gerais, em vistas de atender a demanda impulsionada pela transição energética global. Em dez anos, a empresa projeta pelo menos seis novos empreendimentos no Estado, com aportes estimados em R$ 10 bilhões. Cidades como Conselheiro Lafaiete, Itabirito e Bom Jesus do Amparo, na região Central do Estado, Andrelândia e Lavras, no Sul, poderão receber os investimentos.
As operações produzirão biomassa carbonizada para atender a indústria siderúrgica, além de pallets de madeira para exportação. Parte das instalações devem ocorrer em cidades ao longo da ferrovia operada pela MRS Logística – principal meio de escoamento da produção.
As informações são do CTO da Braspell, Afonso Bertucci. Em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio, o executivo adiantou que regiões florestais de Conselheiro Lafaiete e Itabirito estão no radar para a implantação de atividades no médio prazo.
Assim, a expectativa é que os investimentos em bioenergia movimentem de forma considerável a economia no interior de Minas Gerais, impulsionando a geração de empregos e o desenvolvimento de novas tecnologias. “Em um período de 20 anos, projetamos 14 empreendimentos no Estado ao longo da ferrovia até o Porto de Itaguaí (no Rio de Janeiro)”, destaca.
Mas Bertucci frisa que o avanço da atividade no Estado levará mais tempo, em razão da disponibilidade de madeiras existentes. Depois, a empresa dependerá novos plantios florestais para expandir as atividades.
Uma expansão robusta no longo prazo também dependerá de investimentos governamentais para a melhoria de trechos férreos que ligam o Triângulo Mineiro ao porto no Rio de Janeiro. A partir da modernização, cidades como Andrelândia, Bom Jesus do Amparo e Lavras também se despontam como potenciais para abrigarem novas usinas, revela o executivo.
Além da biomassa carbonizada, a empresa estuda ampliar o portfólio com a produção do etanol da madeira de segunda geração (etanol 2G). O biocombustível é produzido a partir dos açúcares contidos na celulose e tem o potencial de substituir parte dos combustíveis fósseis consumidos no mundo nas próximas décadas. “É um projeto embrionário, porém de alto potencial no mercado interno. Iremos visitar algumas plantas na Europa e estudar para ampliar nossos plantios florestais”, adianta.
Planta em Juiz de Fora deve faturar US$ 300 milhões por ano
Em Juiz de Fora, a empresa projeta iniciar a produção 18 meses após a instalação da usina, ou seja, em meados de 2027. Com investimento inicial de R$ 300 milhões, a usina será instalada dentro do Distrito Industrial da cidade em uma área de 60 hectares, próximo ao Porto Seco a outras plantas de grande porte, como a ArcelorMittal.
Em paralelo, a empresa conduzirá operações em uma base florestal ociosa nas proximidades da cidade, em uma área de 6 mil hectares disponíveis. Em até dez anos, a expectativa é aumentar plantações locais, alcançando a marca de 60 mil hectares de eucalipto, e futuramente de acácia mangium.
Em pleno vapor e com plantações de grande porte, a estimativa é que a empresa fature cerca de US$ 300 milhões anuais com o projeto. A ampliação da atuação permitirá a geração de 1,5 mil postos de trabalho na área agrícola e 250 na indústria.
“Juiz de Fora tem a vantagem de ser um centro logístico muito forte, com uma ferrovia eficiente que leva para o porto de Itaguaí. Para a biomassa carbonizada, temos um raio grande de clientes ao redor, universidades, e mão de obra qualificada. É o lugar ideal”, resume o executivo. Reportar erro
FONTE: DIÁRIO DO COMÉRCIO