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Militarização de escolas em Lafaiete e região gera polêmica e divide opiniões entre pais e educadores

A decisão do governo Romeu Zema (Novo) de transformar sete escolas públicas da região em unidades cívico-militares acendeu um alerta e já provoca reações acaloradas entre pais, professores e entidades ligadas à educação. Em Conselheiro Lafaiete, a medida atinge cinco escolas estaduais: Narciso de Queiroz, Geraldo Bittencourt, Domingos Bebiano, Augusto José Vieira e General Sylvio Raulino de Magalhães. Também estão na lista a Lamartine de Freitas, em Congonhas, e a Cônego Luiz Vieira, em Ouro Branco.

A proposta, que insere militares da reserva no cotidiano escolar para atuar na disciplina e na gestão, está longe de ser consenso. “Não fui consultada, ninguém me perguntou se eu queria meu filho em uma escola com militar na porta”, afirma uma mãe, que preferiu não se identificar. Ela não é a única. Em grupos de pais e conselhos escolares, já circulam mensagens de protesto, questionando a falta de diálogo e a imposição de um modelo que muitos consideram ultrapassado.

O Sind-UTE de Lafaiete acompanha de perto o caso e denuncia o avanço do que considera um projeto autoritário. “É mais uma medida antidemocrática do governo Zema. A escola pública precisa de investimentos, valorização dos educadores e projetos pedagógicos que dialoguem com a realidade dos alunos — não de militares no pátio escolar”, afirma uma representante local do sindicato.

Segundo ela, a militarização das escolas silencia a juventude e fere princípios básicos da educação pública. “Não se educa com ordens, mas com diálogo e escuta. Transformar escolas em espaços de repressão é negar o direito à formação crítica e cidadã”, reforça.

Disciplina ou silenciamento?

Especialistas alertam que não há comprovação de que o modelo civico-militar melhore significativamente o desempenho dos estudantes. Em vez disso, há relatos de evasão escolar, aumento de tensões internas e perda de identidade pedagógica. Pais também demonstram preocupação com a mudança no ambiente escolar. “A escola do meu filho sempre foi acolhedora, com projetos culturais e rodas de conversa. Não sei se isso vai continuar existindo com militar tomando conta”, diz outro pai, morador do bairro São João.

Polêmica à vista

A ausência de consulta pública é um dos pontos mais sensíveis da medida. Para muitos, o governo estadual impõe uma mudança profunda na rotina escolar sem ouvir quem será diretamente afetado: estudantes, pais, professores e gestores.

A militarização das escolas públicas promete se tornar uma das grandes polêmicas do segundo semestre em Lafaiete e cidades vizinhas. E a pergunta que começa a ecoar com força nas ruas é: qual o verdadeiro projeto de educação que queremos para nossas crianças?

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