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A invasão chinesa: vendas de importados crescem 6 vezes mais que nacionais e acendem alerta na indústria

Balanço da Anfavea revela que, no primeiro semestre de 2025, o avanço de veículos importados, impulsionado pela China, foi muito superior ao dos modelos produzidos no Brasil, gerando preocupação com a desindustrialização.

De acordo com dados divulgados em julho de 2025 pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o mercado automotivo brasileiro vive um momento de forte contraste. Enquanto as vendas de veículos nacionais apresentam um crescimento modesto, a comercialização de modelos importados disparou, com um ritmo seis vezes mais acelerado. O fenômeno, impulsionado principalmente pela forte entrada de marcas chinesas, acendeu um alerta na indústria sobre os riscos de um aprofundamento no processo de desindustrialização do país.

O balanço do primeiro semestre de 2025 mostra que os veículos importados conquistaram uma fatia significativa do mercado, aproximando-se de níveis não vistos desde 2022. Para a Anfavea, essa “invasão” de chineses e outros modelos importados, embora aumente a oferta ao consumidor, representa uma ameaça à cadeia produtiva local, aos empregos e aos investimentos de longo prazo anunciados pelas montadoras instaladas no Brasil.

O avanço dos importados em números

Os dados da Anfavea para o primeiro semestre de 2025 são claros. O número de veículos importados emplacados no Brasil aumentou 15,6%, passando de 197.667 para 228.472 unidades. No mesmo período, as vendas de veículos de produção nacional cresceram apenas 2,6%.

Com esse desempenho, a participação dos veículos importados no total de emplacamentos de carros zero quilômetro no Brasil saltou de 13% em 2022 para 19,1% em 2025. O volume de quase 230 mil unidades importadas no primeiro semestre já se aproxima do total registrado em todo o ano de 2022, que foi de 273,5 mil.

China acelera, mas Argentina ainda lidera como principal fornecedor

A invasão chinesa: vendas de importados crescem 6 vezes mais que nacionais e acendem alerta na indústria
Argentina x China

A China foi o país com o maior crescimento nas exportações de veículos para o Brasil. As vendas de modelos chineses registraram uma alta de 37,2%, com 70.695 unidades emplacadas no primeiro semestre de 2025. A Anfavea projeta que a China será responsável por aproximadamente 200 mil veículos importados emplacados no Brasil até o final do ano.

Apesar do avanço chinês, a Argentina continua sendo o principal fornecedor de veículos para o mercado brasileiro. Com um aumento de 13,6%, o país vizinho enviou 102.805 unidades para o Brasil no mesmo período.

O alerta da Anfavea, risco de desindustrialização?

A entidade que representa os fabricantes instalados no país vê o cenário com preocupação. “O que está por trás desse dado é um processo que pode aprofundar um processo de desindustrialização, de queda de empregos, de menor consistência da nossa cadeia de fornecedores”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea.

Embora os investimentos de cerca de R$ 180 bilhões anunciados pelas montadoras com produção local estejam mantidos por enquanto, Calvet alertou que “essas turbulências que podem desfavorecer a produção local, farão necessariamente que as contas sejam revistas”. A Anfavea defende a recomposição da alíquota de importação para o setor, especialmente para veículos elétricos e híbridos, como forma de diminuir o que considera um “desequilíbrio competitivo”.

O outro lado da balança, exportações também disparam

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Exportação do Brasil para o México 2023

Apesar da preocupação com a “invasão” de chineses e outros importados, a indústria comemora o bom desempenho das exportações. No primeiro semestre de 2025, o envio de veículos fabricados no Brasil para outros países aumentou 59,8%, saltando de 165,3 mil unidades em 2024 para 264,1 mil unidades.

O crescimento foi impulsionado principalmente pelo mercado argentino, que mais que dobrou suas compras. Os principais destinos dos veículos brasileiros foram:

  • Argentina: 157.350 unidades (crescimento de 183,1%)
  • México: 36.989 unidades (queda de 18,4%)
  • Colômbia: 19.939 unidades (crescimento de 38%)

Produção nacional, um crescimento positivo, mas com ressalvas

A produção nacional de veículos no primeiro semestre de 2025 chegou a 1.226.663 unidades, um aumento de 7,8% em relação ao mesmo período de 2024. No entanto, o resultado, embora positivo no acumulado, esconde uma desaceleração recente.

A produção registrou queda pelo segundo mês consecutivo, com uma retração de 5,9% em maio e de 6,5% em junho. Esse cenário, combinado ao avanço dos importados, mantém a indústria em estado de alerta para o segundo semestre do ano.

O que você acha do aumento de carros importados no Brasil? É bom para o consumidor ou um risco para a indústria nacional?

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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