Por Que a Vida Off-line Está Virando o Novo NormalTalvez desconectar seja, na verdade, uma forma de se reencontrar
Você já sentiu uma necessidade de se desconectar para realmente se conectar? Shows esgotados de Gilberto Gil, Caetano e Betânia, Lady Gaga, filas de cinema para ver Ainda Estou Aqui, além de festas juninas com lotação máxima são a prova de uma sede urgente por encontros presenciais em um mundo cada vez mais dominado pela presença digital.
Vivemos na era da revolução tecnológica, onde cada inovação redefine nossas relações, consumo e comportamento, além, claro, de vermos as nossas vidas sendo facilitadas de muitas formas. O brasileiro, por exemplo, passa 9 horas e 13 minutos online diariamente – mais tempo do que dormindo, segundo o Relatório Digital 2024: 5 billion social media users.
O Preço da Conectividade e o Retorno à Essência Humana
Diante dessa sobrecarga digital, surgem os clubes offline, espaços dedicados a conexões reais, longe das telas. E os grandes shows e festas nada mais são do que imensos ambientes offline que celebram a energia de estar junto.
Embora a tecnologia tenha nos proporcionado ver imagens surpreendentemente realistas, nada substitui a interação ao vivo e em cores. Os jogos de futebol são exemplos vivos e perfeitos do que significa saborear o momento presente ao lado da sua torcida.
Em um mundo em que as telas são onipresentes, mais e mais pessoas estão trocando parte do tempo grudado no smartphone por horas de convívio real, com menos distrações digitais. É a redescoberta da nossa humanidade: a experiência de “sentar ao redor do fogo”, uma prática que nossos ancestrais mais primitivos viviam milhares de anos atrás. Hoje, essa busca se manifesta nas rodas de samba lotadas de jovens, em clubes do livro presenciais, mega espetáculos e piqueniques em parques. Essa experiência compartilhada é o que tem despertado a atenção de tanta gente globalmente.
Por que o Offline é o Novo Bem-Estar?
A diferença é clara: em encontros presenciais, a risada é genuína, e não um “kkk”. Os comentários ganham uma voz, e as conexões são mais profundas porque ocorrem entre pessoas, e não com algo que sequer sabemos se é um robô virtual. Não precisamos ser cientistas para perceber que os benefícios são palpáveis: redução do estresse e da ansiedade, satisfação e sensação de bem-estar. Exatamente o que sentimos ao encontrar amigos.
A vida offline não é apenas uma tendência; é um resgate do que nos torna humanos, uma poderosa ferramenta para a saúde mental e a felicidade.
*Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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FONTE: FORBES