O alto custo da habilitação de moto, que ultrapassa R$ 3 mil em diversas cidades brasileiras, contribui para o crescente número de motos ilegais nas ruas. Saiba como o valor da CNH no Brasil impacta a regularização e a segurança no trânsito
Um problema crescente nas ruas brasileiras chama atenção de autoridades e especialistas: cerca de metade dos motociclistas no país não tem habilitação para pilotar motos. Segundo estudos recentes, o principal motivo para esse cenário é o alto preço da CNH de moto, que em muitas cidades ultrapassa facilmente R$ 3.000. Essa realidade não apenas impacta a segurança no trânsito, como contribui para o aumento do número de motos ilegais em circulação. Entenda os motivos por trás da alta evasão no processo de habilitação de motociclistas, os desafios enfrentados pela categoria e quais caminhos podem ajudar a reverter a situação no Brasil.
Habilitação de moto cara pressiona motociclistas brasileiros
A habilitação de moto cara tem sido apontada como um dos maiores entraves para que motociclistas regularizem sua situação. O processo para obter a CNH categoria A envolve uma série de etapas obrigatórias, incluindo exames médicos, curso teórico, aulas práticas e exames finais, tudo isso com custos que se acumulam rapidamente.
Conforme o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e levantamento da Motonline, o custo total da CNH de moto pode variar entre R$ 2.500 e mais de R$ 3.500, dependendo da cidade, da autoescola escolhida e das taxas locais.
Em cidades maiores, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o preço da CNH para motos costuma ser mais elevado do que em cidades menores, frequentemente ultrapassando os R$ 3.000.
Além das despesas financeiras, o processo envolve tempo e disponibilidade para frequentar as aulas exigidas pela legislação, o que afasta muitos motociclistas que precisam do veículo para trabalhar rapidamente.
Custo da CNH de moto contribui para motos ilegais nas ruas
O custo da CNH de moto tem uma consequência direta no aumento do número de motos ilegais no Brasil. Um estudo realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado em 2024, mostrou que quase 50% das motos em circulação no país são conduzidas por pessoas sem habilitação adequada.
Esse número alarmante não é apenas uma questão burocrática — ele impacta diretamente a segurança do trânsito. Motociclistas sem CNH geralmente não passaram pelo treinamento mínimo obrigatório para circulação em vias públicas, aumentando consideravelmente o risco de acidentes.
Valor da CNH no Brasil varia muito entre estados e municípios
O valor da CNH no Brasil não é padronizado e sofre forte influência regional. O custo do processo para tirar a CNH categoria A em São Paulo fica em média entre R$ 1.600 (pacote da autoescola) mais cerca de R$ 500 em taxas do Detran, totalizando cerca de R$ 2.100—ou seja, valores mais acessíveis que os frequentemente relatados em regiões metropolitanas maiores
Essas diferenças são explicadas por fatores como custo operacional das autoescolas, valores de aluguel de pista, equipamentos, salários de instrutores e taxas cobradas pelos órgãos estaduais de trânsito.
No Nordeste, por exemplo, o preço médio é menor do que nas regiões Sul e Sudeste, porém o acesso a centros de formação de condutores é mais limitado em algumas localidades, dificultando a regularização.
O número de motos ilegais preocupa as autoridades
A expansão do número de motos ilegais no Brasil é uma preocupação crescente para órgãos de trânsito e para a segurança pública. Dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (SINESP) revelam que motos sem documentação ou conduzidas por pessoas sem habilitação estão envolvidas em uma parcela relevante dos crimes de trânsito, além de serem mais difíceis de fiscalizar.
Fiscalizações realizadas pelo Detran e pela Polícia Rodoviária frequentemente apontam índices superiores a 40% de veículos de duas rodas com algum tipo de irregularidade, seja documentação vencida, ausência de CNH ou inadimplência de impostos.
Essa informalidade não só representa riscos à segurança, mas também compromete a arrecadação tributária e o controle de acidentes.
Programas buscam reduzir o custo da CNH de moto
Nos últimos anos, alguns estados e municípios têm criado programas específicos para ajudar motociclistas de baixa renda a obterem sua habilitação de forma mais acessível. Entre as iniciativas mais conhecidas estão:
- CNH Social: presente em estados como Espírito Santo, Pernambuco e Goiás, o programa oferece isenção de taxas para cidadãos em situação de vulnerabilidade.
- Parcerias com autoescolas: algumas prefeituras oferecem subsídios ou convênios com autoescolas para reduzir o valor da CNH no Brasil.
- Facilitação de pagamento: autoescolas particulares, em várias regiões, têm oferecido condições de parcelamento em até 24 vezes.
Apesar dessas medidas, o alcance é limitado e a maior parte da população continua enfrentando dificuldades financeiras para se regularizar.
A habilitação de moto cara e seus reflexos na segurança do trânsito
Especialistas em trânsito, como o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), apontam que a habilitação de moto cara tem impactos que vão além da irregularidade documental.
A falta de formação adequada de motociclistas aumenta a exposição a acidentes fatais, reduz a cultura de respeito às leis de trânsito e agrava o quadro já crítico dos hospitais públicos, sobrecarregados por acidentes envolvendo motos.
Segundo a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (ABRAMET), motociclistas estão entre as maiores vítimas de traumas hospitalares no país, e o custo médio por internação ultrapassa R$ 20 mil ao sistema público de saúde.
A correlação entre motociclistas sem habilitação e acidentes graves é clara para os especialistas, o que reforça o debate sobre a necessidade de tornar o processo de obtenção da CNH mais acessível e eficiente.
Caminhos para tornar a CNH de moto mais acessível
O debate sobre reduzir o custo da CNH de moto envolve tanto a revisão das exigências burocráticas quanto o fortalecimento de programas de inclusão social. Alguns caminhos apontados por especialistas incluem:
- Reduzir o número mínimo de aulas obrigatórias para casos específicos, como condutores experientes;
- Ampliar programas de CNH Social para mais estados;
- Diminuir taxas públicas como exames médicos e psicotécnicos;
- Incentivar a adoção de tecnologias de ensino à distância para reduzir custos com estrutura física das autoescolas;
- Promover campanhas educativas para conscientizar sobre a importância da formação correta.
A adoção de medidas desse tipo pode facilitar o acesso dos motociclistas à legalização, promover mais segurança e reduzir custos indiretos, como hospitalizações e danos materiais causados por acidentes.
A necessidade urgente de reduzir a informalidade nas ruas
O número elevado de motociclistas sem CNH e o avanço das motos ilegais nas ruas refletem um problema estrutural no país, em que o alto custo da habilitação impede o acesso à regularização e compromete a segurança pública. Com a habilitação de moto cara e o valor da CNH no Brasil superando a casa dos R$ 3 mil em diversas cidades, o problema se torna ainda mais desafiador para trabalhadores e cidadãos de baixa renda.
Para mudar esse cenário, é fundamental que governos, órgãos de trânsito e sociedade civil trabalhem juntos em soluções que tornem a CNH mais acessível, melhorem a fiscalização e promovam a formação adequada dos motociclistas. Assim, será possível construir um trânsito mais seguro e justo, beneficiando a todos que circulam pelas ruas e estradas do Brasil.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS