Minas Gerais atrai bilhões em investimentos no lítio, gera milhares de empregos e registra produção recorde do mineral usado em baterias de carros elétricos e energia limpa, colocando o Vale do Jequitinhonha no centro da transição energética global.
Minas Gerais consolidou, em dois anos, R$ 6,3 bilhões em investimentos ligados ao lítio e já contabiliza mais de 3,9 mil empregos diretos em 17 municípios do Vale do Jequitinhonha e regiões próximas.
O Governo de Minas projeta alcançar 7.500 vagas formais até 2026, impulsionado pela expansão de projetos de extração e beneficiamento do mineral que abastece baterias de veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia.
Investimentos e empregos no Vale do Lítio
O programa estadual conhecido como Vale do Lítio foi lançado para atrair empresas e estruturar a cadeia produtiva do mineral no Norte e no Jequitinhonha/Mucuri.
De acordo com o governo, o montante investido de R$ 6,3 bilhões resultou na criação de mais de 3,9 mil postos de trabalho diretos desde 2023, com novas contratações previstas à medida que plantas e minas ampliam a capacidade.
A meta oficial é chegar a 7,5 mil empregos com carteira assinada no próximo ano.

Municípios beneficiados e foco territorial
A iniciativa concentra-se em uma área que reúne as principais reservas brasileiras do mineral.
Entre as cidades diretamente atendidas estão Araçuaí, Salinas, Itinga, Divisa Alegre, Águas Vermelhas, Cachoeira de Pajeú, Coronel Murta, Francisco Badaró, Fruta de Leite, Itaobim, Jenipapo de Minas, Novorizonte, Pedra Azul, Ponto dos Volantes, Rubelita, Taiobeiras e Virgem da Lapa.
A seleção territorial orienta a instalação de infraestrutura, capacitação de mão de obra e atração de fornecedores da cadeia.
Produção industrial em alta e metas de capacidade
Na ponta produtiva, a Sigma Lithium, uma das empresas com operação ativa na região, reportou desempenho crescente em 2025.
No 1º trimestre, a companhia registrou produção de 68.308 toneladas de concentrado de óxido de lítio, vendas de 61.584 toneladas e receita de US$ 47,7 milhões, 28% acima do 1º trimestre de 2024.
Parte dos volumes comercializados foi reconhecida após o corte contábil do trimestre, por causa do embarque de um lote de 29 mil toneladas programado para a primeira semana de abril.
No 2º trimestre de 2025, a empresa informou 68.368 toneladas produzidas, ligeiramente acima da meta trimestral de 67,5 mil toneladas e 38% superior ao mesmo período de 2024, mantendo custos operacionais abaixo do objetivo anual.
O avanço decorre do ganho de escala e da estabilização logística.

Expansão de capacidade e efeitos na cadeia local
A mineradora segue com a construção de uma segunda linha industrial para dobrar a capacidade instalada de 270 mil para 520 mil toneladas/ano de concentrado, com investimento aprovado em 2024.
Com a expansão, a expectativa é de ampliar o encadeamento econômico na região, gerando demanda por serviços, transporte e insumos, além de novas oportunidades de qualificação profissional.
A empresa informa ainda que sua presença tem puxado contratações diretas e indiretas no entorno das operações.
Segundo dados corporativos, são mais de 1.700 empregos diretos e cerca de 20 mil indiretos relacionados às atividades e programas sociais ligados ao empreendimento.
Trata-se de informação da companhia, distinta do cômputo oficial de empregos do governo estadual.
Exportações em trajetória de crescimento
A expansão da produção e a entrada de novos projetos refletem-se no comércio exterior.
As exportações ligadas ao lítio nos municípios do Vale do Lítio somaram R$ 4,3 bilhões no biênio 2023–2024, patamar mais que o dobro do verificado em 2021–2022 (R$ 1,9 bilhão).
O salto reforça a inserção de Minas Gerais na rota global de minerais críticos.
Por que o lítio importa para a transição energética
O lítio é insumo central nas baterias de longa duração usadas em carros elétricos e em sistemas de armazenamento que estabilizam redes elétricas com fontes renováveis.
Com a eletrificação da frota e o avanço de energias solar e eólica, a demanda por cadeias qualificadas do mineral ganhou status estratégico nos fóruns internacionais.
Nesse contexto, a organização territorial e a previsibilidade regulatória têm sido apontadas pelo estado como fatores para converter reservas em valor agregado, renda e emprego local.
Próximos passos sob observação
Os números de investimentos, produção e exportações indicam um ciclo de amadurecimento do setor em Minas Gerais.
Ainda assim, a continuidade do crescimento dependerá do cumprimento de cronogramas de expansão industrial, de condições de mercado — incluindo preço internacional do lítio — e da manutenção de práticas ambientais e sociais exigidas pelos licenciamentos.
Órgãos públicos e representantes locais acompanham as operações para assegurar que o avanço econômico caminhe com salvaguardas às comunidades e aos recursos hídricos.
Enquanto as obras e as linhas de produção avançam, a pergunta que move gestores e empresas é objetiva: a região conseguirá transformar o boom do lítio em desenvolvimento duradouro, diversificado e com empregos de qualidade que resistam aos ciclos do preço internacional?
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS