Diversidade entre agraciados e homenageados marcou a 1ª edição do prêmio ‘Guardião do Patrimônio Cultural’, iniciativa do Ministério Público de Minas Gerais. Honraria é concedia a pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras
A presença de representantes de vários setores da sociedade entre os agraciados e homenageados com o prêmio “Guardião do Patrimônio Cultural”, além de marcar a cerimônia de entrega da 1ª edição do evento, mostrou o quão diverso é o cenário cultural de Minas Gerais. Realizado nesta terça-feira, 26, na sede do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em Belo Horizonte, o evento homenageou seis pessoas, uma associação sociocultural, um mosteiro, um parque nacional e um centro de conservação e restauração, pelas boas práticas de valorização, conservação e restauração do patrimônio cultural de Minas Gerais.
O prêmio “Guardião do Patrimônio Cultural” foi instituído por meio da Resolução PGJ nº 9, de 28 de março de 2023, com o objetivo de agraciar pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que, por seus méritos e relevantes serviços prestados ao patrimônio cultural, mereçam especial distinção.
Estiveram presentes o procurador-geral de Justiça Adjunto Institucional, Hugo Barros de Moura Lima; secretário de Estado de Cultural e Turismo de Minas Gerais, Leônidas José de Oliveira; desembargadora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Ângela de Lourdes Rodrigues; subsecretário de Inclusão Produtiva, Trabalho, Emprego e Renda da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, Arthur Hélio Albegaria Campos; vereadora de Belo Horizonte Michelly Siqueira; presidente do Instituo Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), João Paulo Martins; e a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Maria do Carmo Lara Perpétuo.
Para o promotor de Justiça Marcelo Azevedo Maffra, que está à frente da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), o objetivo do prêmio “é funcionar como um farol para iluminar o que muitas vezes passa desapercebido no correr da vida. Um prêmio que jogue luz sobre a dedicação de quem muitas vezes trabalha árdua e silenciosamente na proteção da memória e identidade do povo mineiro”.
Ainda segundo Maffra, “premiar não significa apenas reconhecer o esforço pretérito, aplaudir o que já foi feito, mas também incentivar a continuidade do trabalho e, principalmente, inspirar as futuras gerações. Hoje iniciamos uma tradição que se repetirá a cada dois anos, com o intuito de homenagear pessoas e instituições que, por seus méritos e relevantes erviços, se dedicaram à preservação, valorização e à difusão do patrimônio cultural mineiro”.
Conforme o secretário de Estado Leônidas de Oliveira, “o Ministério Público de Minas Gerais é único no Brasil que faz coisas que o próprio governo não faz. Ele cuida da preservação e também investe na restauração. Hoje nós temos mais de 40 bens sendo restaurados pelo MPMG. Então, é por essa instituição, pelas políticas públicas do estado e também pelos mineiros, que gostam de preservar, que nós chegamos aos números fantásticos de 62% do patrimônio histórico do Brasil estar em terras mineiras. O Ministério Público tem uma competência muito grande e eu me sinto honrado em colocar a minha contribuição em tudo isso”.
“Gratidão ao Ministério Público pelo enorme esforço e dedicação em favor da preservação do nosso patrimônio histórico, artístico, sacro, espeleológico, imaterial e da riqueza de nossos biomas e tradições”, disse o bispo da Diocese de Oliveira, Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro. Ainda conforme o bispo, “aqui estão presentes diversas expressões da mineiridade, na diversidade dos serviços e dons que constroem a cultura, a história e a memória de Minas Gerais. Tantas são as expressões que constroem e preservam a pluralidade das Minas que é impossível contá-las. Talvez tantas quantos os corações nascidos nessa terra.”
Para Wilton Ferreira, premiado pelo trabalho à frente da Associação Sociocultural “Os Bem-Te-Vis”, “o importante trabalho que o Ministério Público está fazendo, promovendo a diversificação cultural, social, ambiental pode ser vista nessa premiação. Quando ele premia o trabalho feito por uma comunidade pequena de 300 habitantes, como Itatiaia, os quilombolas, a arquidiocese e o secretário de cultura, por exemplo, o MP nos mostra que não está só aqui no centro, na capital, ele está indo nas comunidades. Então vemos a importância desse gesto para nós enquanto comunidade, para toda a sociedade, que é mostrar o papel social desse órgão. É uma iniciativa assim de grande valor”.
O jornalista Gustavo Werneck, que há quase três décadas faz coberturas jornalísticas relacionadas ao patrimônio cultural de Minas Gerais, destaca que a premiação “é um reconhecimento muito grande a essas pessoas que são realmente guardiões. São voluntários, que dedicam seu tempo a cuidar dos bens culturais, zelar, preservar e denunciar. Acho isso fundamental, porque valoriza, fortalece, dá vigor, energia, estimula novas iniciativas e leva esse trabalho à frente”.
Agraciados com o prêmio Guardião do Patrimônio Cultural
O fotógrafo documental e jornalista Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés, que faleceu em maio deste ano aos 81 anos, recebeu homenagem “post mortem” por ter se destacado mundialmente ao retratar a condição humana, a diversidade cultural e os desafios das comunidades mais vulneráveis. Fundou, em 1998, o Instituto Terra, responsável por amplo projeto de reflorestamento da Mata Atlântica. A premiação foi entregue ao diretor executivo do Instituto Terra, Sérgio Rangel Gomes.
O bispo da Diocese de Oliveira, Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro, foi agraciado por sua atenção e comprometimento na defesa do patrimônio cultural, sobretudo do acervo sacro. Ele tem colaborado com denúncias de desaparecimentos e vendas ilegais de peças sacras, auxiliando no resgate e preservação de bens e empenhando-se na conservação das igrejas. Recentemente destacou-se pela reconstituição do Memorial Diocesano Dom José Medeiros Leite.
Entidade voltada à promoção e defesa do patrimônio cultural sacro, a Associação Sociocultural “Os Bem-Te-Vis” foi premiada por mobilizar a comunidade de Itatiaia, distrito de Ouro Branco, em torno das obras de restauro da Igreja Matriz de Santo Antônio. Além disso, atua em campanhas para a recuperação de peças sacras furtadas, sendo exemplo de protagonismo comunitário. A premiação foi entregue a um dos fundadores da associação, Wilton Fernandes Guimarães.

Matriarca da Comunidade “Manzo Ngunzo Kaingo”, fundada em 1970, Efigênia Maria da Conceição, conhecida como “mãe Efigênia” é referência na salvaguarda de práticas religiosas, culturais e sociais de ancestralidade africana. Em 2018, a comunidade foi reconhecida pela Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais como patrimônio imaterial do estado, registrada na categoria “lugares”.
Outra agraciada com o prêmio “Guardião do Patrimônio Cultural” foi a professora aposentada da UFMG, Maria das Graças Lins Brandão. Fundadora do Instituto Cayapiá, ela coordena o projeto “Plantas Medicinais da Estrada Real”, que percorre lugares descritos pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilarie no início do século XIX. Maria das Graças é responsável pela publicação da revista em quadrinhos “Velosinho e Joaquim”, considerado importante instrumento de educação patrimonial.
Homenageados
Leônidas José de Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais; Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor/UFMG); Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco); Mosteiro Nossa Senhora de Macaúbas (instituição localizada em Santa Luzia uma das construções mais importantes da arquitetura barroca mineira); e Miguel Ângelo Andrade (professor da PUC Minas, com atuação na defesa das Serras da Piedade e do Espinhaço).
Acompanhe a íntegra do evento que foi transmitido pela TV MP.
FONTE: MPMG