Cidade do Campo das Vertentes atrai visitantes de várias partes do país com seu artesanato, hospitalidade e tradições culturais
Oturismo em Resende Costa, no Campo das Vertentes, tem ganhado força nos últimos anos. Conhecida pelo seu artesanato em tear manual e pela hospitalidade, a cidade vem recebendo um número crescente de visitantes atraídos pela cultura, pelas tradições, pela tranquilidade e pelo charme do interior mineiro. O movimento aquece a economia local e transforma o cotidiano de moradores e empreendedores.
O crescimento do turismo
Edineia Fernandes Tavares, Gerente Comercial, presidente da ASSETURC – Associação Empresarial e Turística de Resende Costa, avalia positivamente o crescimento do turismo na cidade nos últimos anos. “Observamos um aumento expressivo no número de visitantes, principalmente nos fins de semana e feriados prolongados. O turismo tem se consolidado como um importante motor econômico local, fortalecendo o comércio e os serviços. Depois que Resende Costa foi declarada oficialmente a Capital Nacional do Artesanato Têxtil, pela Lei nº 14.929 de 2024, a visibilidade da cidade aumentou consideravelmente, atraindo turistas de todo o Brasil e até do exterior.” “Embora ainda não exista levantamento oficial contínuo, estimamos com base em dados de hospedagem, fluxo nas lojas e participação em eventos que o número de visitantes cresceu cerca de 30% nos últimos cinco anos. Esse aumento também é perceptível na ocupação de pousadas e no movimento do comércio local. O crescimento se deve à tradição do artesanato, ao reconhecimento nacional como Capital do Artesanato, ao fortalecimento digital dos empreendedores, ao apoio de instituições como o Sebrae e a Emater-MG, e à integração da cidade ao circuito turístico “Trilha dos Inconfidentes”, completou a presidente da Asseturc.
A melhoria das estradas e a hospitalidade da população também contribuíram para o aumento no número de turistas que visitam a cidade. “A tradição do tear manual, passada de geração a geração, e a autenticidade das peças tornam nosso artesanato único. O reconhecimento como Bem Cultural Imaterial de Minas Gerais reforça ainda mais o valor cultural e histórico das produções locais. O artesanato continua sendo o principal atrativo, mas o turismo rural, religioso e gastronômico vem ganhando espaço. Experiências no campo, gastronomia típica e roteiros culturais ampliam a diversidade de atrações para os visitantes”, comentou Edineia, dando destaque ao artesanato têxtil, principal produto turístico da cidade.
Ações de promoção e de fortalecimento do turismo
O fortalecimento do turismo tem ganhando ainda mais impulso devido ao diálogo entre ASSETURC e Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Turismo, Artesanato e Desenvolvimento Econômico. Segundo Edineia, “diálogo é constante e construtivo, com abertura para propostas conjuntas que promovam o turismo local e valorizem a economia criativa.” Sobre projetos conjuntos em andamento para fortalecer o turismo local, a ASSETURC vem participando de iniciativas, como roteiros turísticos integrados, capacitação de empreendedores e apoio a eventos culturais e artesanais. “Nós fazemos parcerias com a Prefeitura para eventos como a Mostra de Artesanato, Encontro de Carros Antigos e Comida de Boteco, que fortalecem a divulgação do turismo e do artesanato local. Planejamento estratégico, capacitação constante, investimento em infraestrutura e preservação da identidade cultural”, informou a presidente da ASSETURC.
Edineia falou à reportagem sobre os desafios que os empreendedores locais enfrentam no setor turístico e quais soluções eles têm procurado para os problemas que surgem. “A sazonalidade das vendas, a falta de divulgação estruturada, a necessidade de investimento em infraestrutura e tecnologia, e desafios ligados à qualificação e inovação para manter a competitividade. Muitos têm buscado capacitação em atendimento, gestão e marketing digital, além de modernizar seus espaços físicos. A profissionalização e a melhoria da experiência do visitante são prioridades.”
Sobre falta de capacitação, de divulgação, e de infraestrutura, Edineia reitera: “são três pontos que ainda precisam ser fortalecidos. A capacitação vem avançando, mas divulgação e infraestrutura permanecem como principais desafios. Os pedidos mais frequentes dos associados incluem divulgação conjunta, capacitação, apoio em eventos e representação institucional junto a órgãos públicos e regionais.”
Planos para o futuro
Fortalecimento do turismo de experiência, expansão do e-commerce artesanal e promoção do artesanato como marca cultural e identidade de Minas Gerais são projetos que a ASSETURC busca consolidar no médio prazo, além de participar de feiras temáticas, além de promover capacitações, roteiros guiados, campanhas de valorização do artesanato e incentivo à participação em circuitos turísticos regionais. “A cidade já integra o Circuito Trilha dos Inconfidentes e a ASSETURC trabalha para incluir novos roteiros regionais e ampliar o fluxo turístico entre municípios vizinhos. Nosso objetivo é consolidar Resende Costa como destino turístico reconhecido nacionalmente, unindo artesanato, cultura e hospitalidade mineira, com crescimento sustentável e geração de renda para toda a comunidade local”, diz Edineia Fernandes.
Impacto na economia local
Edson Silva Ribeiro, proprietário da Pousada Diva, também observa o aumento no fluxo de turistas na cidade, o que justifica seu mais recente empreendimento. “Tenho contato com muitos turistas na minha loja (de artesanato) no (bairro) Asfalto. Percebo que chegam muitos ônibus, a cidade está progredindo. Acredito que a maioria dos turistas é do Rio de Janeiro, mas recebemos também muitas pessoas de Belo Horizonte, do Sul de Minas, São Paulo, tem também do Espírito Santo. O pessoal chega e fica maravilhado com as coisas. Eles voltam para casa e contam para os parentes, para os amigos, que, por sua vez, trazem os parentes pra comprar também. É a famosa divulgação do “boca a boca”, que é, acredito, a melhor propaganda que se tem”, comenta Edson.
De acordo com o empresário, o movimento maior na cidade acontece entre novembro e janeiro, porém, “o Dia das Mães também é muito bom. Fora esse período cai um pouco o movimento, mas percebemos um aumento nos últimos anos”. Edison analisa o perfil do turista que visita Resende Costa. “Ultimamente o perfil do turista é aquele que vem para passear mesmo e conhecer a cidade e as mercadorias. Antes tinha muito movimento de sacoleiros que vinham para comprar, revender. Contudo, agora, com o fortalecimento da venda on-line, o sacoleiro mesmo não vem tanto, temos como maior público pessoas que estão a passeio, que compram pra uso próprio ou pra familiares. Minha loja, por exemplo, fica em frente à churrascaria (Ramona), que atrai muitos turistas, bom demais”.
Investimento no ramo hoteleiro
Além da loja de artesanato, Edson ampliou seus investimentos inaugurando recentemente a Pousada Diva, localizada na Avenida Tiradentes. “A Pousada Diva foi construída a pedido dos clientes da loja. Eles sempre procuravam um lugar para dormir, foi então que eu fui atrás dos comerciantes mais antigos da cidade e pedi opinião. Eles me disseram que era uma boa ideia e que daria certo pois eu já tinha o terreno. Demorei 10 anos para construir, foi tudo projetado por mim, mas fizemos várias mudanças ao longo do percurso. A gente foi estudando o que era mais bonito, observando as pousadas de Tiradentes e aos poucos fomos fazendo do nosso jeitinho. Nossa intenção era fazer um negócio turístico, minha pousada tem um salão onde futuramente planejamos transformar em um museu da cidade. Temos algumas artes nesse salão e uma delas é uma imagem do Valcides (artista resende-costense, já falecido, que esculpiu imagens sacras para diversos lugares do país). Eu quero transformar esse memorial em patrimônio da cidade.”
Edson planeja o futuro investindo em novos produtos. “Estamos sempre investindo em produtos novos, na forma de atender e agora com a pousada, também para atender o as pessoas. O negócio não é desanimar, é progredir sempre”, diz o empresário, que aponta dos desafios com a hospedagem na cidade, especialmente durante os grandes eventos. “Quando há festas no Parque de Exposições (Exposição Agropecuária, Encontro de Motociclistas etc.), as pousadas ficam cheias. Como eu sou novo nessa área de pousadas, posso dizer que estou satisfeito. Os hóspedes acham os valores acessíveis, acham a pousada muito bonita, ficam encantados com tudo. Acredito que Resende Costa é uma cidade privilegiada na geração de empregos. É uma cidade que tem uma boa geração de renda, tem um bom giro em todos os setores, supermercados, padaria, o que é muito bom pra todos.”
Perfil e expectativas dos visitantes
Lucas Lara, chefe da Divisão de Turismo e Artesanato da Secretaria de Turismo, Artesanato e Desenvolvimento Econômico, analisou o perfil dos turistas e o que eles esperam quando chegam a Resende Costa. “Os turistas chegam até o CAT (Centro de Atendimento ao Turista) com diferentes interesses: apoio oferecido (estacionamento, água, banheiros e demais), carimbo em passaportes turísticos e procura de informações. As informações requeridas são diversas: procura por produtos e equipamentos turísticos (o que fazer na cidade, onde comer, onde se hospedar, onde comprar artesanato …), curiosidades sobre a cidade e nossa história. Muitos perguntam sobre os Resende Costa (José de Resende Costa, o pai e o filho) e suas participações na Inconfidência Mineira… Outros ficam aguçados pela Tixa. E, cotidianamente, fazendo jus à nossa vocação, querem saber a história do nosso artesanato ou ainda conhecer a fabricação dos nossos tecidos.”
“O aumento do número de visitantes e de atendimentos é perceptível. Resende Costa teve seu devido reconhecimento ao tornar-se oficialmente como Capital Nacional do Artesanato Têxtil. E desde 2022, o CAT passou a integrar, pouco a pouco, a rotina do turista e do próprio resende-costense, comentou Lucas Lara, dando destaque ao CAT como uma importante conquista para o receptivo turístico em Resende Costa. “Hoje recebemos turistas todos os dias: de domingo a domingo durante todo o ano. Com o levantamento de dados realizado pela Secretaria de Turismo pudemos consolidar que o período de maior procura são os meses finais do ano, entre outubro e dezembro.”
O que antes era um turismo de compras mudou: hoje a cidade atrai visitantes por sua diversidade de produtos turísticos, entre eles a gastronomia, a história e as tradições culturais. “A diversidade, beleza e qualidade de nosso artesanato, principalmente o têxtil. Mas, também, a cordialidade e a estrutura oferecida são sempre lembradas por aqueles que nos visitam. Muitos dizem que em muitos lugares turísticos não encontram a atenção e os suportes encontrados em Resende Costa. Hoje temos dois perfis de visitantes. Os turistas, que muitas vezes vêm em família e casal. E aqueles que são excursionistas, que chegam em caravanas para passear e comprar em nossa cidade. Observamos uma diversidade maior entre os turistas que nos visitam. Antes tínhamos uma presença esmagadora de mulheres da melhor idade; atualmente, o perfil de nossos visitantes é mais diverso. Era comum vermos majoritariamente turistas da região metropolitana de BH e do Rio. Agora registramos visitas de todos os estados brasileiros e, inclusive, de diversos outros países”, analisa Lucas Lara.
O chefe da Divisão de Turismo e Artesanato reitera que o artesanato têxtil é o principal atrativo turístico de Resende Costa. No entanto, ele chama a atenção para outros atrativos que já estão se consolidando e caindo nas graças e nos roteiros dos turistas que visitam as cidades históricas do Campo das Vertentes. “Nosso principal atrativo turístico é o artesanato, o turismo de compras. A atividade ouro é a Avenida dos Artesanatos (avenida Alfredo Penido), com suas mais de 100 lojas de artesanato, empórios, restaurantes, sorveterias, pousadas e muito mais. Porém, estamos no movimento de mostrar que Resende Costa é muito mais que artesanato. Nesse sentido temos, por exemplo, valiosos atrativos naturais e rurais. A experiência do turismo de base comunitária no povoado dos Pinto, berço de nosso artesanato, é um grande exemplo. Em breve lançaremos, também, o circuito turístico e cultural do centro histórico (Circuito das Lajes), valorizando nossas riquezas culturais e patrimoniais. Outro projeto que será lançado em breve é a Rota das Capelas. Um lindo percurso voltado para o cicloturismo que unirá as capelas de Resende Costa, Coronel Xavier Chaves e Ritápolis”, diz Lucas, que enumera alguns desafios a serem superados a fim de melhor atender à demanda turística na cidade. “Temos ciência de que já oferecemos bastante. Mas estamos ficando pequenos. Em muitos momentos nossos banheiros e estacionamentos já não são suficientes. Em médio prazo, será necessário que o Poder Público pense em novas estratégias. Para os novos projetos, por exemplo o de nosso centro histórico, articulações e revitalizações precisarão ser feitas”, conclui Lucas Lara.
FONTE: JORNAL DAS LAJES



