Na última segunda-feira, 24 de novembro, a Prefeitura de Congonhas realizou a cerimônia oficial para entrega do Inventário Atualizado de Emissões Atmosféricas, produzido por meio de convênio com o Projeto Atmosfera. Participaram do evento o prefeito de Congonhas, Anderson Cabido, o secretário de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, João Lobo, Dr. Henrique Resende Martins, Diretor da Escola de Engenharia da UFMG e o representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Sr. David de Holanda Viana.



O inventário foi construído a partir de diagnóstico e monitoramento da qualidade do ar em Congonhas, com análise meteorológica e controle de fontes difusas, além de informações acerca dos impactos ambientais e sociais. O Projeto Atmosfera, coordenado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, teve início em 2022 e realizou diversas ações, como campanha para coleta de material particulado, utilização de IA para desenvolvimento de modelo de predição da qualidade do ar, identificação das condições meteorológicas que intensificam a poluição do ar local, simulação de episódios de nuvem de poeira, identificação do potencial de arraste pelo vento de material de áreas abertas e sítios industriais, identificação das vias de tráfego com maior emissão, propostas de tecnologias para controle mais eficiente das emissões, entre outras.



Dr. Henrique Resende Martins, diretor da Escola de Engenharia da UFMG, comentou sobre o sucesso da parceria entre a academia e a gestão pública para a solução de problemas cotidianos, como é o caso do enfrentamento à poeira em Congonhas. “Esse tipo de parceria leva não só esse problema, mas outros problemas diários para dentro da academia; então é uma via de mão dupla em que eu enriqueço a academia, podendo formar cientistas, engenheiros e engenheiras voltados à resolução de problemas reais, contribuindo para o pleno desenvolvimento da sociedade, que é papel da ciência.”



O principal objetivo do inventário é identificar e quantificar as principais fontes emissoras de poluentes atmosféricos na região de Congonhas, fornecendo subsídios para ações de gestão da qualidade do ar pelos órgãos responsáveis. Além disso, propor uma metodologia de cálculo que poderá ser utilizada como referência em estudos futuros. O relatório é baseado no ano de 2023 e foram inventariados os poluentes MPT, MP10, MP2,5, SO2, NOx, CO, COV, e NH3. Foram avaliadas as fontes emissoras biogênicas, urbanas, industriais e de queimadas.
Em relação às emissões urbanas, o teor médio de poluição em Congonhas em 2023 é superior ao histórico local e está acima das faixas observadas em Vitória, que é uma cidade parâmetro no Brasil em termos de poluição. Os dados reforçam um cenário de acúmulo intensificado de poeira superficial, compatível com a presença de tráfego pesado, influência de áreas mineradas e ausência de rotinas sistemáticas de limpeza. O inventário traz gráficos que demonstram a variação de níveis de poluição em toda a cidade e em diferentes períodos do dia e apresenta ainda uma comparação com as emissões urbanas de outras cidades da região.



No caso das emissões industriais, são avaliadas as emissões decorrentes de atividades produtivas e operacionais associadas a empreendimentos industriais, minerários, de beneficiamento e de transporte de cargas, incluindo unidades de pequeno, médio e grande porte presentes na região. De acordo com os dados coletados, o maior volume de MPT (Material Particulado Total) é referente à atuação das empresas Vale, CSN Mineração, Gerdau e Ferro +.
O inventário conclui que a pesquisa demonstra um diagnóstico detalhado e atualizado das emissões atmosféricas em Congonhas e identifica as fontes críticas por cada tipo de poluente, sendo, portanto, uma base sólida para a gestão da qualidade do ar no município e uma ferramenta estratégica para a tomada de decisão. A recomendação é de que sejam reforçadas as ações de controle para as principais fontes emissoras e as intervenções nas vias de tráfego sejam priorizadas. É importante também que as práticas operacionais em empreendimentos industriais sejam aprimoradas. Além disso, a coordenação da pesquisa aconselha a atualização periódica do inventário bem como a integração com modelos de dispersão e monitoramento.



Na oportunidade, a Diretoria de Gestão Ambiental, gestora do convênio com o Projeto Atmosfera, apresentou os avanços no monitoramento da qualidade do ar em Congonhas. Atualmente, o município conta com 13 estações de monitoramento, que medem parâmetros meteorológicos e de qualidade do ar, avaliando mais de 25 critérios diferentes. Por meio do centro de monitoramento, é possível agir integrada e preventivamente para evitar maiores transtornos à população e na mitigação dos impactos ambientais. A equipe da Diretoria de Gestão Ambiental atua com a emissão de boletins de qualidade do ar diários, mapas de poluentes em tempo real e visitas preventivas constantes às empresas. Antônio Vieira, coordenador de monitoramento da qualidade do ar, destaca que neste ano, graças às ações preventivas realizadas, especialmente as análises meteorológicas e notificações enviadas às mineradoras, foram evitados 8 episódios de nuvens de poeira na cidade. “É importante que isso seja falado, porque quando ocorre a nuvem de poeira, obviamente, todos ficam sabendo, mas quando ela não acontece, é importante dizer que ela não ocorreu porque houve um trabalho preventivo por trás disso; Neste ano de 2025, nós tivemos 8 momentos em que as condições climáticas eram favoráveis à ocorrência de nuvem de poeira, mas ela não aconteceu em virtude desse trabalho da Prefeitura de Congonhas em parceria com as diversas empresas da nossa cidade”.



Com o Inventário Atualizado de Emissões Atmosféricas, Congonhas avança na construção de políticas ambientais mais eficazes e baseadas em evidências. O relatório reafirma o compromisso do município em aprimorar o monitoramento, fortalecer ações preventivas e promover medidas que garantam mais qualidade de vida à população e um ambiente cada vez mais seguro e sustentável.



