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Carros usados resistem à queda enquanto o 0 km perde valor

Novembro expõe forças distintas entre oferta, demanda e formação de preços

mercado automotivo mostrou um contraste curioso em novembro. Os carros usados desaceleraram a perda de valor, enquanto os modelos 0 km seguiram em queda, mesmo com um mês de vendas intensas e com a maior média diária de emplacamentos de 2025.

O movimento aparece no Índice Webmotors, que mede a variação dos preços anunciados na plataforma, e ganha contexto quando comparado aos números da Anfavea, que apontam desaceleração do mercado interno e estoques elevados de importados.

O que o estudo mostra e por que ele importa

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Segundo o Índice Webmotors, os usados registraram depreciação de 0,424% em novembro, uma queda menor do que a de outubro, quando o recuo foi de 0,547%. Isso indica uma melhora no ritmo de desvalorização do seminovo, que costuma reagir mais rápido a momentos de maior procura.

No sentido oposto, os 0 km tiveram redução média de 0,185% no mês, intensificando a retração em relação a outubro. Ou seja, o carro novo continuou perdendo preço em novembro, enquanto o usado “freou” a queda.

A leitura do CEO da Webmotors conecta esse comportamento a fatores típicos do fim de ano. “O mercado de usados mostrou sinais de recuperação no mês de novembro, enquanto os 0KM tiveram mais um mês de redução nos preços. Essa dinâmica reflete tanto questões sazonais, com a possibilidade do mercado de usados ter sido impulsionado no mês pela Black Friday e o recebimento da primeira parcela do 13º salário”, afirma Eduardo Jurcevic.

Por que o 0 km cai mesmo quando o movimento parece bom

O dado que ajuda a entender a pressão sobre o 0 km vem da Anfavea. A associação mostra que, apesar da média diária de 12,6 mil autoveículos em novembro ter sido a maior do ano, ela ficou abaixo de 2024 pelo quarto mês seguido, e o crescimento do acumulado de janeiro a novembro é pequeno, de 1,4%.

Na prática, a Anfavea afirma que essa alta do acumulado é sustentada por importados, enquanto os emplacamentos de nacionais avançaram apenas 0,1% no período. Esse detalhe é importante porque o aumento de participação de modelos vindos de fora tende a acirrar a concorrência e empurrar ajustes de preço no showroom.

Há ainda outro indicador incômodo: o estoque de importados subiu para 153 dias. Quando há mais carro disponível do que comprador disposto a fechar negócio, a conta costuma fechar com incentivos, bônus e cortes de preço para girar pátio.

O efeito colateral: usado protege valor e novo vira alvo de ajuste

Quando o 0 km entra em modo “promoção”, o reflexo não é automático no usado. Em meses de alta procura, o seminovo tende a segurar preço porque atende o consumidor que quer trocar de carro sem encarar fila, juros e o custo total de um 0 km.

Esse equilíbrio ajuda a explicar por que o usado pode desvalorizar menos mesmo quando o novo cai. O que muda é o foco do comprador: com dinheiro no bolso e oportunidade na mesa, ele pode fechar negócio rápido no usado, e o vendedor evita baixar demais.

Um mercado em alerta e com freio puxado

Pelo lado da indústria, a Anfavea também registrou queda de produção em novembro, com 219 mil unidades fabricadas, volume inferior a outubro e também abaixo do mesmo mês de 2024.

O presidente da entidade, Igor Calvet, reconheceu o sinal amarelo. “Ainda estamos com uma produção acumulada 4,1% mais alta do que nos primeiros onze meses de 2024, mas esse crescimento está muito abaixo do havíamos projetado para 2025, o que vem nos colocando em estado de alerta nos últimos meses”, afirmou.

FONTE: IG

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