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Alto Maranhão comemora 300 anos de fé

Alto Maranhão comemora 300 anos de fé/Divulgação

No ano da comemoração dos 300 anos do surgimento da devoção à Nossa Senhora da Ajuda e da localidade do Alto Maranhão, a comunidade, em comunhão com as demais de Congonhas e de cidades vizinhas, realizam uma festa em homenagem à Padroeira para ficar na história. Até a próxima quarta (dia 15), quando acontecem o repicar de sinos, leilão, celebração de quatro missas (sendo a última às 15h) e descerramento do Mastro, a fé e a devoção regerão o cotidiano daquele povo.

A programação acontece, principalmente, em dois locais: as celebrações e a quermesse, coordenadas pela Paróquia de São José Operário, no Espaço Celebrativo da Comunidade, em frente à Igreja que leva o nome da Santa. Já na Igreja, bem histórico tombado pelo Município e o Estado, os turistas e visitantes poderão apreciar a criteriosa restauração, que trouxe de volta a beleza do monumento. Após os trabalhos a edificação, segundo especialistas e populares, se aproximou consideravelmente de sua condição original. A expectativa da comunidade e a de que, tão logo for concluída a instalação do Sistema de Combate a Pânico e Incêndio, prevista para o período de 90 dias, as celebrações voltem ao local.

Nos nove dias que antecedem o 15 de agosto, a comunidade do Alto Maranhão recebe religiosos de toda região para, juntos, expressarem sua devoção à Nossa Senhora d’Ajuda. O Grupo Rejam, da Melhor Idade do Alto Maranhão, presidido por Dona Cecília da Silva Gomes, é um dos que já marcou presença este ano. O grupo já participou da acolhida juntamente com a Sociedade São Vicente de Paulo na missa celebrada pelo Padre João Carlos Chini, cooperador da Paróquia Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto.

A participação do Grupo Rejam continua durante a festa. Os integrantes ajudarão nas missas e na quermesse, sempre após as atividades religiosas do dia. Integrar às festividades tornou-se motivo de satisfação para os membros do grupo que, por décadas, estiveram na novena, missas e cumpriram o cortejo da procissão. Pedro Sacramento Pinto é um deles. Desde criança nos festejos, agora ele é voluntário. “Quando se aproxima o período da festa, a gente começa a ficar entusiasmado. Aí conversamos com os colegas sobre os preparativos. Nesses dias de celebração, agradeço as graças alcançadas e peço paz e saúde para toda a comunidade”.

Dona Maria Rita Pinto também não perde uma novena. Ela já contribuiu como cozinheira e ministra da Eucaristia. “Agora venho para pedir e agradecer pelo bem das nossas vidas. Só lamento a mudança da procissão para o domingo, ao invés do 15 de agosto. Antes ela encerrava a festa”, lembra.

A devota Sebastiana Severa da Paixão é de família de pessoas que resgataram o Congado no Alto Maranhão, que é realizado de forma integrada à Festa de N. Sra. d’Ajuda. No adro da igreja, acontece o levantamento e descerramento dos mastros. “Por toda esta tradição e pelo nosso patrimônio tombado e outras relíquias, considero o Distrito merecedor de ser visitado por turistas, sejam eles religiosos ou não”, diz.

Origem

Fonte que deu origem à devoção a N. Sra. d’Ajuda/Divulgação

Segundo a professora e historiadora Maria da Paz, manuscritos do escrivão Joaquim Batista Pinto, datados de 1931, informam sobre a lenda dos irmãos João da Silva Redondo e José da Silva Redondo, que já moravam na região no início do século 18, procurando por fontes de água para o plantio de cana-de-açúcar e café. Enquanto buscavam, os irmãos portugueses pediam a interseção de Nossa Senhora d’Ajuda, já que trouxeram de Portugal a fé na Santa.

Quando encontraram a mina d’água, ao seu do lado estava a imagem da hoje padroeira do Distrito do Alto Maranhão. Dai em diante, começou-se a devoção na localidade e a peregrinação até o local da fonte. Ainda de acordo com relato do escrivão, os irmãos Redondo colocaram essa imagem em determinado local para construir uma capelinha, mas, para o espanto deles, a cada dia, esta se encontrava em um ponto diferente. Até que construíram a capelinha no terreno que fica próximo ao coreto, mas no sentido da saída para a sede de Congonhas. Esta imagem já não mais existe.

A historiadora, que é do Alto Maranhão, conta ainda ter registros de três milagres ocorridos na fonte. Os outros dizem respeito à cura de pessoas, também registrada pelo escrivão. Uma delas, ao passar pela fonte, se lembrou dos relatos sobre o poder milagroso de sua água que já havia corrido a região e se banhou, alcançando a cura de problemas nos olhos.

“A comunidade pretende comemorar este ano, os 300 anos de devoção no local, onde hoje está o Alto Maranhão, pelo fato de, na data  de  29 de março de 1718, ter sido expedida uma carta por Dom Pedro de Almeida[, o Conde de Assumar, então governador de São Paulo Capitania das Minas do Ouro, informando de ter tomado ciência da autorização da Sesmaria, da qual consta a compra de um sítio no local por um dos irmãos (Escritos Anônimos de Évora, Portugal). Cresci sabendo que a água da fonte era milagrosa, minha mãe mesma, quando alguém manifestava alguma enfermidade, sempre dizia para buscarmos uma garrafinha, dela. Meu pai, Geraldo Lucindo, que foi o proprietário do terreno, a encanou para a família e para as pessoas do Alto Maranhão, através de uma bica que fica do lado de fora do muro da casa dele”, lembra Maria da Paz.

Há anos a historiadora luta por uma maior valorização da Festa de N. Sra. d’Ajuda, que considera possível se transformar em Jubileu. “Aqui tem Igreja, que ficou muito bonita, tem a fonte que deu origem a essa devoção, as ruínas da cadeia e do Sobrado do Capitão Moreira, sendo estas duas últimas parte da história do Brasil”, cita.

Restauração

A Igreja de N. Sra. d’Ajuda encontrava-se em um processo de degradação muito avançado, com risco de desabamento, e não havia recursos para a restauração. Em 2009, o monumento sofria, inclusive com problemas estruturais. A primeira ação foi cuidar da consolidação das paredes e a troca de toda a madeira do telhado. Em seguida, foram recuperados os 25 quadros do teto da capela mor, os altares principal, laterais e colaterais e criado o sistema de drenagem em torno da igreja. Depois foram trocados o sistema elétrico, como o piso de alvenaria pelo de madeira, instalado para-raio e realizada a pintura de toda a Igreja, sendo que este ano houve a manutenção na pintura interna.  Atualmente, acontece a etapa de Instalação do Sistema de Combate a Incêndio e Pânico, que tornará a edificação a primeira da região a possuir reservatório de água e hidrante.

Sequência da programação

Dia 10 – sexta-feira

18 h – Recitação do terço

19 h – Celebração Eucarística

Acolhida: Pastoral da Criança, AMODAM e Cenáculo

Participação: Nossa Senhora da Conceição (Matriz), Nossa Senhora do Rosário (Rosário e Alvorada), Nossa Senhora de Lourdes (Campinho) e (Primavera), Nossa Senhora das Graças e São Judas (Ribeirão do Eixo).

Dia 11 – Sábado

18 h – Recitação do terço

19 h – Celebração Eucarística

Acolhida: Catequese e Grupo de Jovens

Participação: São Sebastião (Gagé), São José ( Três Barras) e Nossa Senhora da Luz (Barreira).

Dia 12 – Domingo

18 h – Solene Procissão luminosa, com a Imagem de Nossa Senhora da Ajuda, percorrendo as ruas da Comunidade.

19 h – Celebração Eucarística

Acolhida: Equipe de Canto, Ministros e Coroinhas

Participação: São José Operário (Centro), Sant’Ana (Vila São Vicente), São João Batista (Boa Vista) e Dom Orione (Praça Bandeirantes).

Dia 13 – Segunda-feira

19 h – Celebração Eucarística

Acolhida: Pastoral do Dízimo

Participação: Sto Antônio (Mineirinha), São Sebastião (Mota), Nossa Senhora da Conceição (Barnabé), Sagrada Família (Campo das Flores) e São Cristovão / Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Pires).

Dia 14 – terça-feira

Ladainha Festiva

09 h – Missa da Saúde, benção dos enfermos

19 h – Celebração Eucarística e Ladainha festiva

Acolhida: Terço das Mulheres

Participação: Todos os devotos

Dia 15 – quarta- feira

06 h – Repicar dos sinos

7h , 9h, 11h e 15 h – Missas solenes em honra a Nossa Senhora da Ajuda

13 h – Leilões

Após a celebração das 15h, descerramento do Mastro e encerramento da Festa.

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