Próximo ao fim do pagamento do auxílio emergencial, mercado financeiro começa a fazer projeções para 2021. De acordo com as datas estabelecidas pela Caixa Econômica Federal em parceria com o governo federal, o coronavoucher deverá ser encerrado em dezembro. Sem perspectiva de nova extensão, o fim do programa deverá gerar um impacto direto no mercado nacional.
O auxílio emergencial começou a ser liberado ainda no mês de abril como uma medida federal com a finalidade de reduzir os impactos do covid-19.
Com o mercado parado, setores sem funcionar e trabalhadores sendo demitidos, o pagamento de R$ 600 mensais foi uma alternativa encontrada pela gestão pública de manter o PIB minimamente estável.
Dentro dos últimos meses, pesquisas mostram que tal benefício de fato gerou uma movimentação econômica considerável. Mesmo com o país em uma das maiores crises dos últimos anos, milhares de brasileiros passaram a ter acesso a quantias extras que foram diretamente injetadas no mercado.
Cortes retomam cenário negativo
Próximo ao fim do cronograma, as expectativas para 2021 não parecem ser positivas. A decisão de não elaborar um novo programa para dar continuidade a liberações financeiras deverá afetar diretamente não somente os cidadãos, mas também os grandes bancos e demais empresários.
Os bancos temem que, com menos recursos, os cidadãos passem a gastar menos o que significa que haverá uma circulação financeira menor entre as instituições e empresas.
Serviços de base poderão ser novamente paralisados e a queda do consumo voltará a afetar o mercado como um todo.
“A compra de bens básicos, duráveis e materiais de construção tem crescido em todas as regiões brasileiras, refletindo a flexibilização das medidas de distanciamento social em momentos diferentes e o deslocamento da demanda para esses bens. Os serviços às famílias seguem mais restritos, diante das medidas ainda presentes, mas também mostram retomada gradual após as flexibilizações, também com disparidades regionais. A rápida reversão da queda do consumo, especialmente de bens, está associada aos programas emergenciais de renda e emprego, entre outros fatores, que sustentaram a massa de rendimentos. O possível encerramento dos programas, no entanto, levanta dúvidas sobre a continuidade de retomada do consumo das famílias, principalmente para as regiões com maior assistência”, avaliou o banco Bradesco.
Impactos já sentidos pelo benefício
Ainda neste mês de outubro, com a aprovação da extensão do auxílio até o mês de dezembro, o governo realizou um corte de 50% no valor total do benefício.
Tal decisão já passou a gerar impactos econômicos, fazendo com que a venda em supermercados fossem 5% menores em comparação com o mês de setembro. Somente no Nordeste essa queda foi de 10%.
“Possivelmente, vai haver um freio no setor de varejo de eletrodomésticos para serviços mais essenciais, como de alimentação e saúde quando o auxílio se encerrar no fim do ano, com o setor de alimentos e de farmácias devendo sofrer bem menos”, avalia Arthur Anderson Sousa, assessor de investimentos da Aplix Investimentos.
Ações em variação
Diante do cenário incerto, as empresas começam a pensar nos efeitos sentidos em suas ações, para tentarem amenizar as perdas. A Ambev, por exemplo, divulgou que no último mês teve um crescimento de quase 10% em suas ações. Já o Credit Suisse, por exemplo, aponta para um crescimento de 14% no volume de cerveja vendida no Brasil ao longo do terceiro trimestre.
Os números são positivos uma vez em que levam em conta toda a contabilidade registrada nos últimos meses onde o auxílio emergencial era de R$ 600.
Mas, com a redução para R$ 300 ambas as marcas esperam uma queda considerável e por isso pensam em como elaborar campanhas para tentar incentivar o consumo de seus produtos.
Até o momento, a estimativa é de que o real efeito dos cortes do auxílio só poderá ser sentido no primeiro trimestre de 2021, quando for registrado o balanço de consumo dos brasileiros sem acesso ao benefício.
Para os bancos o cenário também não é positivo, o bradesco explica que os investidores deverão revisar os valores aplicados para retomar a cobertura de suas ações.
“Acreditamos que o fim da ajuda emergencial do governo no final do ano acione uma troca de ações entre os investidores do setor para os nomes que são mais resilientes em cenário de menor renda disponível. Neste contexto, preferimos a M. Dias Branco (MDIA3)”. (FDR)