Urbanicidade – Economia x Política

É um equívoco muito grande misturar economia com política. É lógico que existem políticas econômicas, para uma empresa, para um casamento, para um município. Não é disso de que estou falando. Política econômica é sinônimo de planejamento, de objetivos a serem alcançados. De planos plurianuais, aquilo que se projeta a longo prazo. Isso não só é extremamente saudável, mas importantíssimo também para se deixar claras as metas a se alcançar; os ônus e os bônus de toda uma vida, de toda uma sociedade, de toda uma nação.

Ônus e bônus sim, porque tudo aquilo que temos que conquistar demanda esforço, sacrifício. Só assim vêm os resultados, as vitórias. Não existe almoço grátis. Desconfiem. Alguém tem pagar. Nem que seja o pato.

Mas misturar política com economia é bem diferente. Misturar política com economia nada mais é do que manipular políticas e políticos utilizando para isso poderosas forças de mercado, quebrando na maioria das vezes finos arranjos financeiros e comerciais que levaram muito tempo para se equilibrar.

Grande exemplo do passado foi a crise do petróleo, onde mãos poderosas interferiram no mercado desse óleo de pedra (petra oleum) e consequentemente causaram dores de cabeça a milhões de pessoas e a milhares de povos e à seus políticos gestores. E prejuízo nos bolsos de milhões.

Essa é a função da política. Gerir a coisa pública, as coisas do povo. Quando revejo as grandes publicações nacionais no período que compreende os últimos dois anos passados, desde a ultima eleição presidencial para ser mais exato, enxergo claramente uma mão invisível criando devagar, mas firmemente, uma tempestade de padrão bíblico, no universo político do nosso país. Aleijando toda uma economia e sacrificando trabalhadores e patrões.

Antes de mais nada, juro que sou contra a qualquer tipo de corrupção, seja ela de político, de  autoridade, de mendigos ou do cidadão comum. Se não houver sinceridade por parte das pessoas é impossível montar um tecido com um mínimo de coesão social. Sem consenso coletivo a baderna é a lei. E todo mundo perde.

Mas é impressionantemente clara a desconstrução dos valores políticos que é feita por figuras conhecidas das corporações midiáticas. Tentem ouvir as “crônicas” de mega estrelas do porte de Alexandre G ou de Arnaldo J, por exemplo. Eles são especialistas em “detonar” qualquer iniciativa, programa ou mesmo pessoas, do meio político em especial, que abram a boca para falar qualquer coisa que não esteja finamente ligada nos interesses completamente escusos das agremiações que lhes fornecem (fábulas) de dinheiro. Tão límpido como água de mina.

Anunciaram, eles e muitos outros, uma crise muito antes dela chegar. Noticiaram apenas os tropeços, e esqueceram olimpicamente das conquistas, buscando atormentar a consciência de todos nós, o tempo todo. Os frutos agora podem apodrecer. Medidas completamente na contramão de direção ameaçam, ainda que divulgadas de forma velada, conquistas nas áreas de aposentadoria, saúde e educação, ameaçando implodir todo o esforço e o sacrifício de muitas gerações de trabalhadores que lutaram para fazer da vida terrena um contraponto do inferno.

Muita gente vai perder o jogo no tapetão. E agora?

Por: Paulo Sarmento

paulo.planoter@gmail.com

Urbanicidade – Um paìs que não encolhe

Acho, no mínimo, muito interessante o crescimento incessante de meu país. Tudo muda tudo cresce a todo o momento. A cidade de nossa infância em nada se parece com o visual urbano do presente na grande maioria dos casos. Como mudam o visual das ruas, demolindo casas, dando lugar muitas vezes a frios prédios e trânsito caótico.

Nos Estados Unidos já é diferente. A primeira impressão é a de que já está tudo pronto. Grande, moderno, funcional.

Na Europa em geral, a impressão que se tem é que eles pararam no tempo. Construções antigas e belíssimas, castelos, becos, praças, muitas praças, parques, monumentos, rios e canais criam um clima que nos faz buscar a história para entender como viviam nossos bisavós. Afinal, em nossa mistura racial somos descendentes de muitos povos europeus também. Lá se convive em pretensa harmonia, o antigo e o moderno. E tudo limpo e arrumado.

Aliás, uma coisa que chama a atenção é a limpeza em geral dos países do primeiro mundo. Não consigo entender como eles eliminaram a poeira e o barro, constante na maioria de nossas cidades.

Mas é fácil deduzir. Primeiro, lá não se corta terrenos a torto e à direito, livremente, como a legislação tupiniquim permite. Toda rua e estrada são pavimentadas, de um jeito ou de outro. Parece que os caminhos rurais com pó de pedra, com vegetação imediatamente após. Não se vê terra nua. Apesar da ausência de grandes florestas, a vegetação é respeitada e incentivada, corrigindo erros de um passado milenar.  Em Pindorama qualquer um pode contratar um trator e fazer seu desmate, aterro ou desaterro, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Bem, existe uma legislação, mas…

… deixa prá lá.

Dia desses não consegui resistir e entrei num sebo em Belo Horizonte e não teve jeito! Comprei um livro sem pestanejar: “Resumo Histórico de Belo Horizonte”, de Abilio Barreto. Edição da Imprensa Oficial, de 1947. Livro raro, preço caro. É a regra do jogo.

Fechando o círculo que me fez iniciar essas mal traçadas linhas, me detive na leitura do saboroso texto em que o autor fala de como era a vida no arraial e do inicio da construção da nova capital de Minas Gerais, na ultima década do séc. XIX. Impressiona a velocidade com que se fez aquela bonita cidade. Desde Pedro Alvares Cabral que o Brasil cresce incansavelmente, com todos os prós e contras deste desassossego.

Vira e mexe devo voltar a citar essa obra literária, pois tem relatos interessantes ali. Por exemplo, a tristeza, a angústia e a revolta dos cidadãos de Ouro Preto, então capital de Minas, com o esvaziamento de sua urbe. Quebradeira dos comércios e prestação de serviços em geral são algumas das graves consequências. A mudança radical cobra seu preço. Garantia de um dos prazeres que uma leitura proporciona, “viajo” no tempo e me coloco no lugar dessas pessoas. Chego o ver minha Vó, criança ainda, embarcando com sua familia num trem de ferro para explorar um novo mundo. Novo, mas com um Belo Horizonte….

Por: Paulo Samento

paulo.planoter@gmail.com

Urbanicidade

Estamos quase iniciando as Olimpíadas 2016 que, neste caso único, acontecerá no nosso país, com sede na cidade do Rio de Janeiro e a grande mídia faz questão de publicar noticias de violência, atraso, corrupção, incompetência e mais um inventário de porcariadas que nunca foram e nem nunca serão exclusividades da sociedade tupiniquim, aqui abaixo do equador.

Isso me faz lembrar mais uma vez o escritor pernambucano/carioca Nelson Rodrigues que cunhou o termo COMPLEXO DE VIRA-LATA. Ele deixou registrado que “por ‘complexo de vira-lata(…), (é) a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima”.

Chega a doer na hipófise, glândula pituitária localizada na parte de baixo do cérebro, a descarada intenção em nos manter sempre inferiorizados perante o resto do mundo, movida principalmente pelos grandes veículos de comunicação, liderados por Globo, Veja e veículos afins.

Definitivamente foram banidos de meu repertório…

Ora, toda sociedade, todo país, tem seus problemas, seus defeitos, seus podres, mas isso não significa que a imprensa tenha que ficar martelando a mesma tecla indefinidamente. Lá fora, quem faz isso perde credibilidade e dinheiro. Quebra.

Todos nós sabemos que temos muita coisa a melhorar e muito a evoluir, mas isso não significa que o paraíso está do lado de lá. Depois de muito viajar, até para países ditos do primeiro mundo, a conclusão de muita gente é que não há país melhor do que o Brasil para se viver. Mesmo com a confusão em que se encontra. Se melhorar… é até covardia!

Já não é segredo de Estado que as grandes corporações de mídia, dentre outras, tem seus interesses umbilicalmente vinculados aos mercados alienígenas e para tanto tudo fazem para manter algum poder de controle sobre a riqueza e seus gestores na seara destes tristes trópicos (nos dizeres do antropólogo belga Claude Levi Strauss). Mas o interessante é que mesmo com a possibilidade de leitura de centenas de outras fontes de informação muito mais fidedignas do que elas, abertas pela socialização da internet, nem assim, os dinossauros midiáticos conseguem criar coragem e produzir um jornalismo coerente com século XXI, que avança velozmente. É o triste, e breve, fim que se anuncia.

Por:Paulo Sarmento

paulo.planoter@gmail.com

Urbanicidade – Rios invisiveis

Reorganizando melhor meu tempo tive como recompensa a volta à leitura de livros, que estava praticamente desativada. No começo do ano li “Quem Comanda A Segurança Pública no Brasil”, pela Editora Letramento, do professor da PUC/MG Robson Savio Reis Souza. No momento estou quase acabando “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, pela L&PM Editores, do israelense Yuval Noah Harari, um best seller internacional. Adianto-vos que normalmente fujo dos best-sellers´s, principalmente os internacionais. Como não sou crítico literário, não sou competente para analisar essa ou qualquer outra obra, mas adianto que, neste caso faço algumas restrições de como o autor desenvolve seus argumentos. Enfim, já estou quase terminando sua leitura, até porque tenho comigo que devo ler qualquer livro até o fim, assim evito a dúvida de alguma boa parte da leitura que foi perdida.

Duas outras obras entram na fila de espera, “Queda de Gigantes”, da Sextante, um romance em três grossos volumes que conta a história do século XX, de autoria do escritor britânico Ken Follet e “Rios Invisíveis da Metrópole Mineira”, do geógrafo Alessandro Borsagli, um trabalho do Clube dos Autores.

Deixo para comentar “Queda de Gigantes” após a leitura, mas sobre “Rios Invisíveis” antecipo que é um trabalho a respeito da centenária e ininterrupta canalização dos rios e córregos em Belo Horizonte. Com muitas imagens, inclusive com outra edição só com fotos dos serviços feitos na capital mineira ao longo de décadas.

Acredito também que esse estudo serve como uma luva para todas as demais situações de canalizações nos cursos de água urbanos no desenvolvimento de nossas urbes. É sabido e notório que nós não sabemos lidar com a ocupação humana, pagando muitas vezes um alto preço por isso.

Existe um trabalho de (des)conscientização muito grande por parte da mídia quando o assunto envolve meio ambiente, preservação, natureza, florestas e demais termos afins. Muitos até defendem os temas “desde que não atrapalhe o progresso!”.

Essa é a questão. O que devia nos orientar é a vida e sua qualidade. Com certeza o dinheiro, ou a defesa desenfreada pela sua busca, nunca deveria ser a prioridade. Aqueles que só a isso prioriza muitas vezes sentem o gosto amargo do sobe e desce. Do ganha e perde. Mas a grande maioria do populacho, nem este gostinho momentâneo terá.

Não digo que todos devemos imitar São Francisco de Assis quanto ao seu voto de pobreza, mas que viver uma vida simples e sem luxo é bem melhor, ah! isso é.

Por: Paulo Sarmento

paulo.planoter@gmail.com

Urbanicidade

Para quem quiser continuar no debates das idéias. Retirado em: http://jornalggn.com.br/noticia/a-implosao-do-sistema-politico-e-os-tres-partidos-por-aldo-fornazieri, “A implosão do sistema político e os três partidos, por Aldo Fornazieri”

“O sistema político brasileiro implodiu. O governo legitimamente eleito em 2014 não conseguia governar e foi afastado por um golpe jurídico-parlamentar. O governo ilegítimo de Temer, fruto do golpe, não consegue governar. Se, eventualmente, o governo legítimo de Dilma fosse restabelecido pelo fracasso do impeachment, não conseguiria governar. A aparente saída para a crise consistiria em promover uma nova eleição presidencial. Ocorre que um governo que emergisse das urnas também ficaria prisioneiro de um Congresso corrupto, fisiológico e que perdeu a representatividade junto à sociedade. Embora seja um Congresso legal, é um Congresso imoral. Esse Congresso imoral não tem a grandeza para abrir mão dos mandatos dos atuais deputados para convocar eleições gerais, com o objetivo de relegitimar o sistema político-representativo. E mesmo que fossem realizadas eleições gerais é duvidoso que a crise se equacione, pois o que entrou em colapso é o sistema político-partidário, o sistema de representação, provocando aquilo que Gramsci chamaria de crise de hegemonia.

Nas crises de hegemonia, diz Gramsci, os grupos sociais se afastam dos partidos tradicionais, dos líderes tradicionais. Durante a vigência do governo Dilma, os líderes petistas eram hostilizados nas ruas, nos restaurantes e nos aeroportos. Os próprios líderes golpistas eram hostilizados na Avenida Paulista durante as manifestações em favor do impeachment e contra a corrupção. Agora, na vigência da interinidade de Temer, os líderes e políticos identificados com o governo são escorraçados e chamados de golpistas em aeroportos, nos restaurantes, nas praias e nas festas. Não conseguem falar para o público diretamente. Nas lutas contra o golpe são partidos e movimentos sociais críticos do governo petista que mais radicalizam a luta contra o governo ilegítimo.

Isto quer dizer que o PSDB, o PMDB e o PT que eram os partidos que estabeleciam a coordenação do sistema de hegemonia vigente perderam o consentimento dos diversos grupos sociais. Poder-se-ia contestar a ideia de que o PT compõe a elite dirigente. O PT, de fato, passou a integrar a elite política dirigente nos últimos 14 anos ao adquirir a confiança de vários grupos empresariais e ao articular uma série de interesses de grupos dominantes e subalternos, permitindo que houvesse um equilíbrio de forças e uma certa paz social. A crise é grave, pois nenhum outro partido conseguiu se legitimar ao ponto de firmar-se como alternativa ao atual sistema em colapso. Nessas circunstâncias, indica o próprio Gramsci, de crise orgânica do sistema vigente e de falta de alternativa confiável, a situação é perigosa, pois “abre-se o campo às soluções de força, à atividade de poderes ocultos, representados pelos homens providenciais ou carismáticos”.

Gramsci nota que nas crises de hegemonia os processos são diferentes em cada país, mas o conteúdo é o mesmo. As crises de hegemonia ocorrem porque os grupos políticos dirigentes faliram, seja porque faliu um determinado projeto, seja porque as demandas sociais não são mais atendidas ou seja porque há uma crise do Estado em seu conjunto. A rigor, na atual crise, estão presentes elementos dessas três causas ou determinações. PSDB, PMDB e PT são variações e vieses diferentes de um mesmo partido, de uma mesma visão geral do Estado, da sociedade e da economia, com inflexões nuançadas, uns mais para o mercado e o PT mais para o social e estatal. Este projeto de país faliu e o PT, que o elevou ao seu ponto mais alto por buscar um maior equilíbrio distributivo sofreu uma crise de solução de continuidade por não ter sido capaz de renovar-se e criar um outro projeto. Os escândalos de corrupção, envolvendo as cúpulas dos principais partidos, também constituíram um fator que contribuiu para erodir a confiança da sociedade nos partidos e nos políticos.

A falência do projeto representou também um represamento das demandas sociais, seja por serviços urbanos de qualidade (2013), seja por consumo e, agora, por serviços públicos e direitos e por emprego. A crise do Estado no seu conjunto se manifesta nas crises fiscais da União, dos Estados e dos municípios, entes que perderam a capacidade de garantir serviços satisfatórios e de investir. Esses vários aspectos da crise são causas e consequências da crise econômica. Nas crises de hegemonia massas que eram politicamente passivas se colocam em movimento, sem que os partidos principais as dirijam. Isto foi perceptível tanto nas manifestações contra o governo Dilma, quanto nas manifestações contra o golpe. Aliás, o PT está ausente nas manifestações das últimas semanas.”

(segue...)

Por:Paulo Sarmento

paulo.planoter@gmail.com

Urbanicidade – Vladimir Safatle

Hoje apenas publicarei o que disse ao DCM o professor da USP e filosofo Vladimir Safatle (http://www.diariodocentrodomundo.com.br/nos-nao-vivemos-no-mesmo-pais-safatle-fala-do-brasil-pos-golpe-na-estreia-do-dcm-na-tv-por-kiko-nogueira/

“O Brasil encarou de uma vez por todas que não é um país. É completamente dividido. Nunca foi um país.

Nós nem sequer conseguimos constituir uma narrativa unificada sobre a ditadura militar, uma linha vermelha dizendo que “daqui” não passará.

Jair Bolsonaro é um resultado disso. Campeão de votos entre os mais ricos, acima de cinco salários mínimos. Ou seja, quem salva o Brasil são as pessoas mais pobres. Se dependesse das pessoas acima de 5 salários mínimos, a gente já teria sido transformado num aberração.

Sou totalmente favorável a novas eleições. Todo poder emana do povo. Se todo poder emana do povo, o povo é o poder soberano. O povo está dentro da lei e fora da lei.

Está dentro da lei porque é o fundamento da lei. Está fora porque pode destituir a lei quando bem lhe aprouver, porque o povo é o legislador de si mesmo. A tendência da democracia é saber integrar o poder destituinte do povo.

Ninguém diz que democracia é representação. Essa ideia de que só o que é representado existe é errada. O que nós precisamos agora é de pessoas que não querem ser representadas, que não querem existir sobre a representação de outro, que lutem por novos espaços. Esse modelo de representação não é o destino final da democracia.

A mídia brasileira funcionou como um partido. Alimentaram manifestações, que não teriam o tamanho que tiveram sem isso.

Foi um dos momentos mais baixos da história da República. A divulgação de grampos no Jornal Nacional, com uma hora, 40 minutos de jogral. Uma coisa aterradora.

Existe um princípio básico na democracia que diz que um cidadão, e pode ser o ex-presidente, tem o direito de se defender do Estado. Isso foi completamente anulado. Até seu próprio advogado havia sido grampeado.

Para boa parte da população que vai ficar satisfeita com o simples impeachment da Dilma, vai voltar pra casa, silenciosamente criando um assentimento mudo, o que posso dizer é: nós não vivemos no mesmo país, nós apenas ocupamos o mesmo espaço — por infelicidade.

Estamos em campos completamente opostos, temos antagonismos insuperáveis. Vamos brigar até o fim. Nós vamos nos encontrar em campos opostos.

Em certos momentos é preciso deixar isso claro. Existem divisões. Não há nada que nos una. Nós não queremos a mesma coisa. No que me diz respeito, nós vamos brigar até o fim.

Precisaremos apenas jogar para algum tipo de espaço político os nossos antagonismos. Só.”

Por: Paulo Sarmento

paulo.planoter@gmail.com

Urbanicidade – O quinto poder

Com o advento da explosão da tecnologia da informática, cujo ápice se nota pela internet, esta vem se firmando vigorosamente como uma poderosa força de troca de informações.

Certamente que em sua grande maioria serve apenas como entretenimento, como podemos verificar pelo modelo das redes sociais, onde se comunicam concomitantemente centenas e até milhares de pessoas, pipocando figuras, textos, e pequenos vídeos mostrando coisas engraçadas, de autoajuda, pitorescas e até repulsivas. Justiça seja feita, consideremos também o seu bom uso para passar informações de interesse público, principalmente pelos smartphones.

Mas, passado algumas décadas desde sua efetiva implantação e popularização, o troço avançou em muito, entranhando na vida da gente de uma maneira nunca dantes imaginada, nem mesmo por intelectuais e escritores antigos, assim como o inglês George Orwell, que trabalhando com a criatividade ao extremo, imaginou como poderia ser o mundo do futuro (pensado naquela época), criando a assustadora figura do “Grande Irmão”. O SISTEMA, que toma conta da vida de todo mundo, através de uma vigilância ditatorial.

E o avanço ainda não terminou. Suas ramificações agora começam a ameaçar perigosamente uma fortaleza que durante séculos se manteve inabalável. A imprensa escrita.

Expliquemos. Antigamente para nos inteirarmos dos acontecimentos principalmente nas esferas nacional e estadual, fora de nossos domicílios, éramos completamente dependentes de publicações de circulação nacional.

Para o bem ou para o mal, ficávamos presos aos interesses de proprietários de corporações que aumentavam ou diminuíam os fatos de acordo com seus interesses. E na maioria das vezes, os distorciam. Transformavam, às vezes, em bombásticas noticias fatos inteiramente irrelevantes.

Isso até explica o enorme desinteresse de grande parcela da população em preocupar-se com assuntos insistentemente divulgados pela grande mídia. Mesmo no inconsciente, percebia-se que a coisa não era bem assim e então divulgava-se, pelo mesmo processo, que a “massa é ignorante e alienada”. Aliás, numa palestra recente, Ciro Gomes demonstra que pode haver revolta popular, quando o povo não se vê representado pelos seus políticos. Oremos.

Então eis que surgem no âmago da internet, uma série interminável de blog’s e sites, muito mais abertos quanto ao espectro da noticia e da informação, muitas vezes até com claro posicionamento no contexto geral, mas ampliando de sobremaneira as opções da captura de informações por parte do lado mais vulnerável do povo de uma Nação. Ou seja, nós.

Aí caímos no verdadeiro desafio moderno século. Superar a tentadora dicotomia do certo e do errado, do alto e do baixo, da esquerda e da direita, do petralha e do coxinha e partimos para o que verdadeiramente nos interessa que é formar uma sociedade coesa, com os interesses coletivos unificados, buscando o equilíbrio e o bem-estar social e, principalmente, tratar do meio ambiente com o seu devido valor, lembrando que ele é parte fundamental de nossas vidas já que, sem ele, sem vida.

Urbanicidade – O quarto poder

O que significa a expressão “QUARTO PODER”? Quarto Poder é uma expressão utilizada por muitos intelectuais para qualificar os meios de comunicação de massa, também conhecidos popularmente como “MÍDIA”.

No sistema político atual exercido por quase todos os países do mundo, democráticos ou não, a mídia, ou ainda, a “grande imprensa”, exerce tanto poder e influência em relação à sociedade quanto os Três Poderes constitucionais em nosso Estado Democrático de Direito, os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

Estas enormes corporações, além de buscar fazer a cabeça das massas martelando e direcionando matérias com o firme propósito de indução de opinião, fazem pesado lobby de pressão a políticos e demais autoridades do mais alto escalão da República, numa permissividade inaceitável, com vistas a amplas (e as vezes recíprocas) trocas de favores e riquezas.  Por isso a chancela “Quarto Poder”…

Mas, por que? Sim, porque não nos resta a menor dúvida de que nenhum cidadão, principalmente aquele ocupante de cargo público, queira desafiar um poderoso órgão de imprensa, ou seu proprietário, o que no fim das contas é a mesma coisa. Seja ele de que país for. Segue exemplo.

Vou citar apenas um caso ocorrido há décadas quando um poderoso político esbarrou nos interesses da poderosa Rede Globo e passou por sérios problemas. Falo de Ibrahim Abi-Ackel, político mineiro que ocupando o cargo não menos poderoso de Ministro de Estado da Justiça, foi acusado pela citada acima de ser o proprietário de uma carga de contrabando de pedras preciosas apreendidas em Miami, o que nunca foi comprovado (confira em: http://www.viomundo.com.br/denuncias/rodrigo-lopes-biografia-de-ex-ministro-traz-bomba-sobre-globo.html).

Ibrahim Abi-Ackel, apesar de tarimbado e competente advogado, sofreu pesada campanha de difamação (o que nem nos causa nenhuma surpresa nos dias de hoje) porque foi acusado por Roberto Marinho de ser o responsável pela apreensão, pela polícia dos Estados Unidos, de malotes privados da Rede Globo onde, supostamente, serviam para transporte de nada menos do que cocaína.

Este assunto também foi citado no livro “Ibrahim Abi- Ackel, Uma Biografia”, escrita pela jornalista Lígia Maria Leite, com prefácio do senador Aécio Neves.

Isto posto, é bem interessante colocar também, que antes de alcançarmos a segunda década do terceiro milênio, aparece no universo político o “QUINTO PODER”.

Mas, me perguntam ainda vozes curiosas que me acompanham teclar estas linhas, o que seria o “QUINTO PODER”?

Pois bem, respondo; Quinto Poder nada mais é do que a poderosa internet, que abriga em seu universo, uma variedade imensa de publicações, inclusive blog`s diversos de jornalismo e informações que começam a incomodar o tacanho universo da grande mídia. Pela falta de espaço e por falta de paciência dos leitores, sobre esse assunto, volto a falar em breve.

URBANICIDADE- LEANDRO KARNAL

 

O historiador, professor e doutor Leandro Karnal é hoje uma das figuras mais conhecidas no universo institucional. Ele faz palestras para todo o tipo de evento e instituição profissional, encantando platéias das mais variadas matizes, gêneros e até órgãos públicos pelo Brasil afora, esbanjando profundo conhecimento geral, cultura e humor, utilizando como ferramenta básica, a nem sempre valorizada, HISTÓRIA.

Ele já é muito conhecido nas redes sociais, aproximando de 300 mil seguidores no facebook, confirmando que é crescente uma grande parcela do populacho que investe seu tempo em cultura e conhecimento. Seus vídeos também acumulam dezenas de milhares visualizações.  O futuro é animador, sempre lembrando que o trabalho começa hoje, no presente. A partir de seus ensinamentos, tomei conhecimento de pensadores de expressão internacional, assim como o professor anglo-polonês Zygmunt Bauman, criador do conceito, bem apropriado, “Mundo Liquido”.

Transcrevo abaixo um “post” publicado em seu perfil, dias atrás.

“Por motivos variados, amanheci refletindo sobre a ideia de Umberto Eco. O grande intelectual italiano, recém-falecido, afirmou que a internet tinha dado voz a uma legião de imbecis. Segundo ele, os imbecis sempre existiram, mas antes emitiam suas ideias ‘em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade’. Como podemos aprofundar e criticar esta ideia?

1 – a internet e o mundo líquido esvaziaram o conceito de autoridade. Muitos identificam sua opinião como válida por ser sua e não reconhecem instrumentos de validação externos (títulos, publicações, experiência etc). Minha ideia é válida porque é minha e não depende de autoridades fora da minha consciência.

2 – intelectuais, em geral, sentem este ‘tranco’ porque perderam, no sentido de Walter Benjamin, a ‘aura’.

3 o custo da divulgação de uma ideia era elevado e, hoje, é quase gratuito. Já pensou se, e invés de um blog ou uma postagem, os imbecis tivessem de procurar uma editora e escrever um livro?

4 – o quase anonimato de perfis falsos ou de pessoas realmente anônimas diminui o superego e a censura. Tudo posso no escuro úmido dos bytes e no fluxo do ciberespaço.

5 – Na área de humanas isto é ainda mais forte (como sente o humano Eco). Ainda ninguém se submete a uma cirurgia confiando que um leigo acessou bons sites e blogs sobre técnicas cirúrgicas e está disposto a operar meu coração. Mas com filósofos, historiadores antropólogos, sociólogos etc, vale a minha opinião, já que a dele seria, também, uma opinião.”

Urbanicidade -Tempos Bicudos

TEMPOS BICUDOS

Ninguém em sã consciência pode negar que este período de transição pelo qual se passa a sociedade brasileira está ficando duro de aguentar. A insistência da grande mídia em mudar de presidente já lotou a bolsa da paciência e, de minha parte, tomei algumas providencias. De caráter pessoal, que fique claro. Arranquei a antena de televisão de minha casa, entreguei a sky, cortei o cabo da parabólica e o único aparelho de tv que possuo fica apenas “decorando” um pedaço de parede no velho quarto de dormir.

Definitivamente aboli a televisão de minha vida. Junto com essa medida cancelei minha assinatura do mega jornal Folha de São Paulo (que me acompanhou por vinte anos!), fechei as portas para as grandes revistas do tipo Veja, IstoÉ, Época, etc, e procuro nem passar perto de outros órgãos de “informação”, tipo Globo, Band, SBT, etc. Bye, bye! Estou em processo de desintoxicação.

Uma grave consequência destes tempos bicudos é uma crescente radicalização de grande parte da população brasileira com uma parte contra e outra a favor. Disso ou daquilo. Cada um tem a sua razão e carrega consigo os argumentos que a justificam. E tudo isso flagrantemente insuflados pela imprensa, que supera a crise jogando lenha na fogueira para garantir as vendas de seus porcos produtos.

Digo isso, por que acho que tenho o direito de não querer me desgastar com aquilo que está fora de meu alcance. Tenho o direito de não achar nada a respeito de assuntos alimentados e forçados por uma “máquina de mídia”. Querem um exemplo? Outro dia na Capital, andando pelas suas ruas centrais, uma gentil repórter me abordou com uma pergunta: “Com licença? O senhor poderia….” no que eu, com toda a educação a interrompi e respondi: “Não, obrigado. Nada tenho a declarar. Bom dia.” E segui meu caminho. Ora, por que tenho que responder? Por que tenho que opinar? Se já não posso evitar as consequências das turbulências que virão (com certeza virá!), que pelo menos fique comigo minha opinião, minha consciência, minha vida!

Por:Paulo Sarmento

paulo.planoter@gmail.com

 

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