Por que preço do leite desabou, mas queijo e manteiga continuam caros?

“A desculpa para o preço dos derivados do leite subirem sempre foi o preço do próprio leite e o dólar. Pois bem, o leite está praticamente a metade do que era há um ano atrás, e o dólar está estabilizado faz tempo. Qual é a desculpa agora para o queijo custar 50 paus o quilo?”

O questionamento é de um consumidor de Botucatu, no interior de São Paulo, e foi publicado em fevereiro deste ano nas redes sociais.

É a dúvida de muita gente que chegou a pagar R$ 8 por litro de leite nos supermercados em meados de 2022 e, agora, paga entre R$ 4 e R$ 5, mas não viu uma queda semelhante no preço de derivados como o queijo e a manteiga.

No IPCA, índice de inflação oficial do país medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, o leite longa vida acumula queda anual de 7,9% até fevereiro, mas o queijo recuou apenas 0,82% no mesmo período.

Um levantamento da empresa de pesquisa de mercado Kantar Worldpanel mostra um quadro ainda menos favorável para o preço dos laticínios.

Entre janeiro do ano passado e igual mês deste ano, o preço médio por quilo dos queijos em geral subiu 9,7%, e o da manteiga, 12,3%, conforme esses dados.

A mussarela, tipo de queijo mais consumido no país e que representa mais de 60% do volume de mercado, ficou 3,7% mais cara no período.

A alta de preços foi maior para o minas frescal (19,7%) e os queijos especiais (20%), como brie, cheddar, colonial, cottage, gorgonzola, entre outros, segundo a Kantar.

Mas, em um momento em que os preços da manteiga e do queijo subiam nos supermercados, a vida não esteve nada fácil para os produtores de leite.

No ano passado, em meio a importações recordes de leite em pó, o preço médio do litro de leite pago ao produtor despencou.

Passou de R$ 3,57 para R$ 1,97 entre agosto de 2022 e outubro de 2023, uma queda de 45%, segundo a série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP).

Neste início de ano, o valor voltou a subir um pouco e ficou em R$ 2,14 em janeiro – ainda 40% abaixo da máxima recente de R$ 3,57 registrada em agosto de 2022.

Com a queda acentuada de preços, pequenos produtores de leite têm abandonado o setor no Brasil – fenômeno crescente ano após ano, e que acontece também em outros países.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, o número de produtores de leite vinculados à indústria recuou 18% entre 2021 e 2023, passando de 40.182 para 33.019, segundo o Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leiteda Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS).

Em relação a 2015, quando o Estado tinha 84.199 produtores, a queda é de 61% em oito anos.

O Rio Grande do Sul é o terceiro maior Estado produtor de leite do país, com participação de 12,4% da produção nacional em 2021, segundo o IBGE, atrás apenas de Minas Gerais (27,2%) e Paraná (12,5%).

Mas o que explica esse cenário contraditório? Por que o preço do leite desabou, prejudicando produtores, mas o preço do queijo e da manteiga não cai?

Por que o preço do leite desabou

Antes de entrar na questão do preço dos laticínios, é preciso entender por que o leite encareceu tanto no Brasil em 2022 e, depois, despencou no ano passado.

Entre os fatores que levaram à forte alta do preço naquele ano estão uma menor produção, impactada pela estiagem prolongada no Sul do país, como consequência do fenômeno climático La Niña.

Também pesaram uma forte alta de custos, principalmente dos grãos (usados para alimentar os animais) e dos combustíveis, impactados pela guerra na Ucrânia e pelo aumento das exportações, devido ao real desvalorizado à época, lembra Natália Grigol, pesquisadora de leite do Cepea.

A alta de preços incentivou investimentos na produção, mas, como a pecuária leiteira é uma atividade de ciclos longos, esses investimentos só começaram a se refletir em um aumento da produção em meados de 2023.

O crescimento tardio da oferta interna veio acompanhado, no entanto, de um forte aumento da importação, fruto de um ganho de competitividade do leite em pó oferecido por países vizinhos, como Argentina e Uruguai, em relação ao produto brasileiro.

Em 2023, o Brasil importou um recorde de US$ 853,6 milhões (cerca de R$ 4,3 bilhões) em leite, creme de leite e laticínios, exceto manteiga ou queijo, alta de 66% em relação ao ano anterior e maior valor da série da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do governo federal.

O Brasil é tradicionalmente um país importador de lácteos, explica Grigol, porque, apesar de ser o quarto maior produtor de leite do mundo – atrás de Índia, EUA e Paquistão –, a produção nacional não é suficiente para abastecer o mercado interno.

“O problema é que, em 2023, muito rapidamente, as importações que correspondiam em média a 3%, 4% – nunca passavam de 5% – da nossa produção, chegaram a representar 9%, 10%”, diz a pesquisadora do Cepea.

“É uma situação que bota uma pressão [sobre os preços], em um período em que o consumidor ainda passava por um momento de recomposição de renda.”

Ou seja, o preço do leite caiu, num momento em que os brasileiros ainda se recuperavam do baque econômico da pandemia e controlavam o consumo. Foi uma combinação de fatores que prejudicou o setor leiteiro.

Mas, se o valor do leite desabou, por que o preço dos derivados não caiu?

O que diz a indústria

Na opinião de Fábio Scarcelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq) e membro do conselho da Viva Lácteos, associação que representa as maiores empresas de laticínios do país, a culpa pelo alto preço dos derivados está no varejo e não na indústria.

“Nós ajustamos o preço para baixo [em 2023]. O preço dos queijos caiu significativamente, porque sempre trabalhamos com planilhas de custos – a partir do momento que o preço do leite baixa, imediatamente nós baixamos nossos produtos”, diz Scarcelli.

O presidente da Abiq avalia que o problema seria, portanto, outro.

Scarcelli diz que os supermercados não consideram o queijo um produto “de alto giro”, que são aqueles consumidos quase que diariamente pelas pessoas e que costumam ser escolhidos muitas vezes pelo melhor preço.

“Por conta disso, eles mantêm margens [diferença entre custos e preços praticados ao consumidor] mais elevadas no queijo do que em outros produtos.”

Segundo Scarcelli, trata-se de uma forma de o varejo compensar perdas em produtos vendidos com margens mais apertadas, como arroz e feijão, por exemplo.

Em um produto vendido a R$ 100, o produtor rural fica com R$ 25, a indústria com R$ 25 e o varejo com R$ 50, exemplifica o executivo.

“Os varejistas ficam com a grande fatia da composição de preço final ao consumidor”, afirma.

“Sem entrar no mérito dos custos que eles têm – porque todos temos custos –, as maiores margens que se pode encontrar no mercado de queijos no mundo é a praticada no Brasil.”

Segundo o representante da indústria, se os supermercados reduzissem as margens, particularmente dos queijos especiais, as vendas aumentariam, o que beneficiaria toda a cadeia de laticínios.

A BBC News Brasil procurou a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) para responder às críticas do porta-voz da Abiq, mas a entidade informou que não comentaria a questão.

Segundo a Abras, a associação “não atua nesse ponto da precificação”, ou seja, não define como cada empresa associada decide a estratégia de preços ao consumidor.

Produtos caros para uma população pobre

Natália Grigol, do Cepea, observa que, embora os diversos produtos lácteos – leite UHT, leite em pó, iogurtes, manteiga, queijos, entre outros – sejam parte de uma mesma cadeia produtiva, eles são trabalhados pelas empresas de formas distintas, visando públicos diferentes.

Há produtos mais “comoditizados”, em que a marca é menos importante, e o consumidor compra mais pelo preço – caso do leite longa vida e da mussarela.

Outros produtos têm uma chamada “elasticidade-renda” maior. São aqueles que o consumidor compra quando tem mais disponibilidade de renda – caso do iogurte, do queijo e da manteiga.

“São produtos substituíveis – como a manteiga, que pode ser substituída pela margarina – e mais ‘nichados’, se pensarmos que a população brasileira é pobre, na média. Temos grande parte da população vivendo com dois, três salários mínimos no máximo”, lembra a pesquisadora.

“Os lácteos no Brasil ainda são um produto caro para as famílias. Não é à toa que, nos últimos anos, vimos aparecer nos mercados produtos ‘similares’.”

São exemplos dessa tendência produtos como a “mistura láctea condensada”, alternativa mais barata ao leite condensado; a “bebida láctea”, como opção ao iogurte; a “mistura láctea sabor requeijão”, entre outras.

Dois tipos de produtos lácteos vendidos pela Nestlé
Produtos que substituem parte do leite por ingredientes como soro de leite, amido, açúcar, gordura vegetal e aditivos químicos se tornaram comuns nas prateleiras

A especialista concorda que o varejo tem seu papel no alto preço dos laticínios no Brasil. “Há uma concentração no mercado varejista que impõe uma pressão [sobre os preços]”, diz Grigol.

Segundo dados da Abras, os cinco maiores varejistas de alimentos do país representavam juntos 32% do faturamento do setor em 2023.

Além disso, observa a analista, há uma diferença de custos para o varejo entre produtos refrigerados e não refrigerados.

No caso do queijo, há também o custo da mão de obra empregada para dividir o alimento nas porções que são vendidas nas lojas.

“A partir do momento que esses produtos são transformados, passam a ser trabalhados, tanto pela empresa de laticínio, quanto pelo varejo, com estratégias diferentes visando o público-alvo”, afirma Grigol.

Essas diferenças ajudam a explicar porque os derivados do leite não baratearam na mesma medida que sua matéria-prima.

“A transmissão da oscilação do custo de matéria-prima para o consumidor é muito diferente, porque o processamento, a logística, o armazenamento mudam muito”, diz a analista.

Gargalos na cadeia produtiva

Tanto a pesquisadora do Cepea quanto o presidente da Abiq avaliam que as ineficiências da cadeia produtiva do leite são um dos problemas que impedem laticínios como queijo e manteiga de serem mais baratos no Brasil.

Grigol observa que, mundialmente, há desafios crescentes para a produção da matéria-prima. As mudanças climáticas têm aumentando os custos de produção do leite e levado a demanda a superar a oferta em escala global.

“Em muitos países, no entanto, há mecanismos para ajudar o produtor a lidar com as flutuações de mercado”, diz a pesquisadora

Ela cita recursos como seguro rural, derivativos (instrumentos financeiros usados para administrar os riscos da produção agrícola) e políticas públicas como subsídios e linhas de financiamento específicas para o setor.

“No Brasil, ainda carecemos de trabalhar essas imprevisibilidades”, avalia.

Para Grigol, ações protecionistas, como aumentar impostos de importação do leite em pó, não resolverão o problema.

Em outubro, o governo federal aprovou uma medida (decreto 11.732/2023) com objetivo de desestimular importações de leite em pó de países do Mercosul, que estabeleceu que importadores passam a ter menor acesso a créditos tributários.

O governo também aprovou o aumento do imposto de importação de 12% para 18%, pelo período de um ano, para alguns produtos lácteos. E anulou uma redução da Tarifa Externa Comum (TEC) em 10% para 29 itens lácteos.

Em março deste ano, foi a vez do governo de Minas Gerais retirar as empresas importadoras de leite em pó do Regime Especial de Tributação do Estado.

“São medidas que não trabalham as causas da nossa vulnerabilidade. Para isso é preciso aumentar capital – humano e financeiro – dentro das fazendas”, sugere a pesquisadora do Cepea.

Em nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que, desde que foram identificadas dificuldades na cadeia produtiva leiteira, o governo federal vem tomando medidas de socorro ao setor.

Entre essas medidas, a pasta cita a criação de um grupo de trabalho com objetivo de propor medidas conjunturais e estruturais para o setor.

Menciona ainda a assinatura do decreto 11.732/2023; a disponibilização de R$ 200 milhões para apoio à comercialização de leite em pó como uma medida emergencial de socorro aos produtores de leite; além dos desestímulos tributários à importação.

Para Fábio Scarcelli, da Abiq, uma medida importante para o setor seria um aumento da escala das fazendas de leite.

Segundo ele, isso reduziria os custos de captação da matéria-prima para a indústria e poderia resultar em produtos nacionais mais baratos para o consumidor final.

“Precisamos ter mais produtividade, fazendas com produções maiores. É muito difícil administrar produtores de 100, 150 litros [por dia]. Com todo respeito à agricultura familiar, mas, para a indústria, é um custo muito alto”, diz o executivo.

Uma pesquisa da MilkPoint Ventures mostra que esse movimento de concentração do setor já está acontecendo no país.

O levantamento analisou uma amostra de 41 empresas de laticínios, sendo 17 cooperativas e 24 não cooperativas, representando um terço (32%) da produção de leite formal do país.

Segundo essa amostra, os 4,8% de produtores de leite com capacidade acima de 2 mil litros por dia (ou seja, os grandes produtores) produzem quase metade do leite do país (46%). Outros 43% da produção vêm dos produtores de médio porte.

Já aqueles com capacidade abaixo de 200 litros por dia (os pequenos) são 61% do total de produtores, mas respondem por apenas 11% do leite produzido.

“Isso permite inferir que os produtores de menor porte, ainda que relevantes do ponto de vista numérico e que certamente demandam políticas públicas a eles orientadas, serão cada vez menos relevantes do ponto de vista de abastecimento”, escrevem os pesquisadores no estudo da MilkPoint.

O que dizem os pequenos produtores

Paulo Aranã, de 30 anos, faz parte da terceira geração de sua família que trabalha com leite.

Seu avô comprou a fazenda Ipê, em Itambacuri, no interior de Minas Gerais, em 1963. Os pais assumiram o negócio em 1989. Ele trabalha ali desde 2015 e está à frente da operação há sete anos.

Com 60 vacas em média no curral, a fazenda produz entre 400 e 600 litros de leite por dia, vendidos para uma cooperativa local que produz derivados como manteiga, mussarela, queijo coalho e doce de leite.

Paulo Aranã
Quanto mais distribuída a atividade leiteira, maior é a distribuição de renda, da terra e a geração de empregos, argumenta o produtor rural Paulo Aranã

“Não é uma cooperativa muito grande, mas é muito bem estruturada e uma das últimas que sobrou na nossa região”, diz Aranã.

Ele lembra que muitas cooperativas do setor quebraram nos anos 1990, quando as multinacionais do leite entraram no mercado nacional oferecendo aos produtores valores muito maiores pela matéria-prima do que as cooperativas podiam pagar.

“Quando os produtores migravam das cooperativas para esses laticínios, as cooperativas quebravam e, então, os laticínios derrubavam os preços. Os produtores se viam então sem alternativa, porque eles dependem da cooperativa ou do laticínio para beneficiar o leite.”

Diferentemente do representante da indústria, o produtor avalia que a crescente concentração do mercado leiteiro em grandes fazendas produtoras é uma armadilha e pode, na verdade, deixar leite e laticínios mais caros para o consumidor.

Segundo o produtor rural, para a indústria e as grandes empresas de laticínios, a saída dos pequenos do mercado é vista como algo positivo.

Isso porque, com isso, essas empresas passam a negociar com menos gente, fazem compras em volumes maiores e economizam no transporte e logística.

“Para eles é mais fácil e mais barato trabalhar desse jeito. Mas, para o consumidor, é um perigo, porque ele vai ficando refém de pouca gente”, avalia Aranã.

“A indústria de laticínios já é muito concentrada, agora está acontecendo a concentração dos produtores. No fim das contas, vai ficando pouquíssima gente produzindo tudo. Todo mundo fica dependente deles e, quando não houver mais alternativa, eles podem cobrar o quanto quiserem.”

O produtor afirma ainda que, quanto mais distribuída a atividade, maior é a distribuição de renda, da terra e a geração de empregos.

“O grande produtor geralmente acaba empregando muito menos, porque se trata de uma produção altamente mecanizada”, diz Aranã.

“Em vez de ter mais gente participando da atividade e o dinheiro circulando entre mais pessoas, entre mais municípios e rodando mais na economia, ele vai ficando concentrado no bolso de pouca gente.”

Para Natália Grigol, do Cepea, a questão da renda é também crucial para ampliar o consumo de laticínios no Brasil, o que beneficiaria toda a cadeia leiteira.

Segundo a Abiq, o brasileiro consome atualmente cerca de 6 kg de queijo por ano, muito abaixo dos 11 kg da Argentina e dos mais de 20 kg de países da Europa.

“Os governos, em diferentes esferas, podem trabalhar o incentivo ao consumo público, através das compras públicas. Mas a ferramenta mais efetiva [para aumentar o consumo de laticínios no Brasil] são todas as medidas que levarem o país ao crescimento e ao aumento de renda da população”, diz Grigol.

FONTE BBC NEWS

Inflação de 2023 fecha abaixo do teto da meta

Maior impacto negativo do ano no IPCA ficou com o grupo de transportes; gasolina acumulou alta de 12,09%

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do país, subiu 0,56% em dezembro, encerrando o ano de 2023 com alta acumulada de 4,62%. Segundo os dados, divulgados nesta quinta-feira (11/1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a primeira vez em dois anos que o índice fecha dentro da meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3,25% no ano passado, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, entre 1,75% e 4,75%.

Em dezembro, todos os nove grupos de produtos e serviços investigados pela pesquisa registraram alta. A maior veio de alimentação e bebidas; os preços subiram 1,11%, maior impacto sobre o resultado geral.

Com o aumento nos preços da batata-inglesa, do feijão-carioca, do arroz e das frutas, a alimentação no domicílio subiu 1,34%. Por outro lado, o preço do leite longa vida baixou pelo sétimo mês seguido. No mesmo período, a alimentação fora do domicílio subiu 0,53%, com alta do lanche e da refeição, itens que aceleraram na comparação com novembro.

O gerente da pesquisa, André Almeida, atribuiu a variação a uma sazonalidade climática. “O aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas”, explicou.

Os demais grupos registraram os seguintes resultados: Transportes (0,48%), Habitação (0,34%), Artigos de residência (0,76%), Vestuário (0,70%), Despesas pessoais (0,48%), Saúde e cuidados pessoais (0,35%), Educação (0,24%) e Comunicação (0,04%).

Combustíveis

O maior impacto negativo do ano ficou por conta do grupo de transportes. Com o maior peso entre os subitens do IPCA, a gasolina exerceu no ano a maior contribuição individual para o resultado geral, acumulando alta de 12,09%. “Vale lembrar que a gasolina teve o impacto da reoneração dos tributos federais e das alterações nas cobranças do ICMS”, destacou o gerente da pesquisa.

Outras altas relevantes no grupo foram do emplacamento e licença, que subiram 21,22%, e das passagens aéreas, que acumularam alta de 47,24% em 2023. Já os preços dos automóveis novos e usados desaceleraram em relação a 2022. “Como os preços dos automóveis subiram em 2022, o IPVA refletiu essa alta no ano seguinte”, disse Almeida.

Já o grupo de alimentação e bebidas subiu 1,03% no ano. O resultado se deve à queda nos preços da alimentação no domicílio, com a deflação do óleo de soja do frango em pedaços e das carnes. Outros grupos de destaque no acumulado do ano foram Saúde e cuidados pessoais (6,58%) e Habitação (5,06%).

FONTE ESTADO DE MINAS

A espera acabou: Descubra quando será pago o salário mínimo de R$ 1,4 MIL

Salário mínimo de R$ 1,4 mil? Confira todos os detalhes sobre as últimas informações do governo federal sobre a previsão de pagamento.

As recentes discussões sobre o piso do salário mínimo para 2024 têm gerado bastante expectativa e interesse por parte dos trabalhadores e da população em geral. O governo federal tem sido o centro das atenções, pois é responsável por definir o valor mínimo a ser pago aos trabalhadores no próximo ano.

Segundo os últimos anúncios, o próximo valor previsto para o salário dos brasileiros é de quase R$ 1,4 mil. Continue a leitura para conferir todos os detalhes sobre o assunto.

Salário mínimo passará a ser de R$ 1,4 mil

O valor do salário mínimo no país tem sido pauta constante do atual governo. No começo do ano, o salário mínimo ajustado era de R$ 1.302 e em maio, após decisão do presidente Lula, foi reajustado para R$ 1.320.

Os planos do presidente, no entanto, era de aumentar ainda mais esse valor, de acordo com suas próprias declarações. A ideia é que o piso nacional chegue a R$ 1.389, mas será que tal reajuste acontecerá ainda em 2023?

Planos para o próximo ano

A resposta para a pergunta anterior é: provavelmente não. Isso porque, segundo o governo federal, não é viável realizar um terceiro reajuste esse ano. Portanto, os brasileiros passarão a receber o valor aproximado de R$ 1,4 mil somente a partir de 2024.

No entanto, mesmo que o novo valor seja animador para a população, ainda continuará muito abaixo da inflação nacional. Até o próximo ano, pode ser que novas discussões sobre o aumento do salário mínimo sejam levantadas pelo governo Lula.

O reajuste do piso nacional é um assunto de extremo interesse para a população brasileira, já que a maioria das famílias depende do valor estabelecido para sobreviver, garantindo as necessidades básicas.

Quanto maior o valor do salário mínimo, melhor as condições de vida dos trabalhadores, que buscam uma maneira de conseguir viver tranquilamente com seus respectivos salários, para que, além da sobrevivência, possam garantir outras necessidades para suas famílias, como o lazer, por exemplo.

FONTE CAPITALIST

NOVO salário mínimo de R$ 1.550 tem sua data de pagamento ANUNCIADA

Em 2023, já vimos uma série de aumentos sendo realizados em diversas áreas da sociedade. Entre estes reajustes, é extremamente importante lembrarmos do aumento realizado no valor do salário mínimo, que agora está sendo pautado para ser ampliado novamente. Desta vez, o valor será de R$1.550; confira abaixo.
O salário mínimo é conhecido por milhões de brasileiros. Isto porque o valor do piso salarial corresponde ao mínimo recebido pelos trabalhadores que exercem a sua profissão de carteira assinada, ou em regime CLT. Além disto, o valor do salário mínimo também serve como base para outros pagamentos feitos.

Para exemplificar, poderíamos falar sobre o pagamento do abono salarial PIS/PASEP, que foi ampliado após o aumento salarial; o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que também sofreu alterações após o reajuste e também o pagamento da aposentadoria para quem recebia até um salário mínimo.
Porém, o que foi anunciado em 1º de maio pelo governo federal, além da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, é que o salário mínimo aumentaria para R$1.320, e não R$1.550. Então, o governo federal vai aplicar um novo aumento no piso salarial? Entenda melhor o caso.

O que vai mudar no salário mínimo?
Existem estados que possuem o seu próprio piso salarial. Ou seja, eles possuem a sua própria definição do que deve ser um salário mínimo no estado. Isto acontece em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e em São Paulo, que está encaminhando para votação o aumento do piso para R$1.550.

O projeto foi realizado após a ampliação do piso nacional. Devido ao aumento realizado no piso salarial de todos os brasileiros, aqueles que moram em estados que possuem o seu próprio piso tiveram o valor do salário mínimo reajustado.
No caso de São Paulo, o projeto foi apresentado pelo governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e foi votado na Câmara dos Deputados. Após aprovação, o texto seguiu para assinatura do governador e começa a valor a partir do mês que vem, em junho.

Fonte FDR: https://fdr.com.br/2023/05/20/novo-salario-minimo-de-r-1-500-tem-sua-data-de-pagamento-anunciada/

MAIS MUDANÇAS! Salário mínimo pode subir para R$ 1.410 e trabalhador comemora

Imagina só receber R$ 1.410 todos os meses? Este deveria ser o verdadeiro salário mínimo caso a política de valorização que dispunha sobre a inflação junto à variação do Produto Interno Bruto (PIB), tivesse sido mantida entre os anos de 2020 a 2022. 
O ano de 2023 começou pagando um salário mínimo de R$ 1.302, valor sugerido pela equipe do ex-presidente Jair Bolsonaro, o orçamento anual. No entanto, com a mudança de poder que resultou na posse de Luiz Inácio Lula da Silva, surgiu o interesse de consolidar uma das principais promessas de campanha. 

Com isso, o salário mínimo passou por um segundo reajuste em 2023, um cenário peculiar na história econômica do país, pagando R$ 1.320 desde o dia 1º de maio. Agora, Lula deseja tornar permanente, os aumentos anuais superiores à inflação, impactando não apenas a renda da população, como também os cofres públicos. 
Na hipótese da manutenção da política de valorização, atualmente, o salário mínimo estaria em R$ 1.410. O cálculo foi realizado pelo pesquisador do mercado de trabalho da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Daniel Duque. O valor representa uma diferença de 7% em relação ao piso atual. 

Embora muitas pessoas possam desprezar o aumento de R$ 90, segundo o pesquisador, a quantia é quase o bastante para o trabalhador conseguir comprar um botijão de gás de 13kg em São Paulo (SP).

De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), um gás de cozinha é vendido pelo preço médio de R$ 108,89 na capital paulista.


É importante lembrar que, a política de valorização do salário mínimo acima da inflação foi deixada de lado durante o governo Bolsonaro. Entre os anos de 2011 a 2019, o piso nacional foi atualizado com base no Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC), referente ao ano anterior e, na variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. 

Governo propõe aumento real no salário mínimo
O aumento real do salário mínimo acontece a partir do momento em que o ganho dos trabalhadores supera a inflação apurada para o período, assegurando que haja um ganho no poder de compra, não caracterizando uma mera manutenção do piso nacional. 

Em tese, o impacto pode ser significativo na qualidade de vida do trabalhador de baixa renda, ajudando na redução da pobreza e desigualdade social. Confira abaixo o histórico dos últimos salários mínimos pagos no Brasil nos últimos anos:
Ano 2023 – R$ 1.302/R$1.320;
Ano 2022 – R$ 1.212;
Ano 2021 – R$ 1.100;
Ano 2020 – R$ 1.045;
Ano 2019 – R$ 989;
Ano 2018 – R$ 954;
Ano 2017 – R$ 937.
Como é feito o cálculo do salário mínimo?
É importante reforçar que o reajuste do salário mínimo é uma prática anual, oficializada sempre no primeiro dia de cada ano. A base salarial paga aos cidadãos brasileiros é revista com o objetivo de preservar o poder aquisitivo e assegurar a sobrevivência financeira dos trabalhadores. 

No entanto, o formato do cálculo passou por algumas mudanças nos últimos anos. Até 2019, dois fatores eram levados em consideração:
O Produto Interno Bruto (PIB);
A inflação com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Eram considerados os números de ambos os índices referentes ao ano anterior ao do reajuste, neste caso, 2022. No entanto, desde 2020 a inflação passou a ser incluída nas estatísticas de crescimento econômico. Mas ao que parece, a fórmula também deve ser alterada, pois o presidente Lula demonstrou insatisfação com o modelo atual.

Fonte FDR: https://fdr.com.br/2023/05/15/mais-mudancas-salario-minimo-pode-subir-para-r-1-410-e-trabalhador-comemora/

Salário mínimo terá aumento acima da inflação

O valor do salário mínimo deverá ter o primeiro reajuste acima da inflação depois de mais de 3 anos. Para o trabalhador, isso é um sinal de que o poder de compra vai aumentar, o que é sempre uma boa notícia. Com o aumento, além de repor o poder de compra, o trabalhador receberá um “valor adicional”, que permitirá um gasto acima do previsto inicialmente.

Isso porque o Governo Federal estipulou, no orçamento de 2023, uma previsão de inflação maior que a inflação atual. Com isso, o valor do projeto está acima do que a mera correção do salário mínimo. Contudo, o governo petista quer colocar um valor ainda maior, mas não disse quanto.

Salário mínimo mais agradável

O valor do salário mínimo deve ficar mais agradável ao bolso do consumidor no ano que vem. Impactando mais de 35 milhões de pessoas, o valor subirá acima da inflação pela primeira vez em mais de 3 anos. A última vez que isso aconteceu foi em 2019, mas o reajuste foi levemente acima da inflação. Agora, a proposta do orçamento se comunica com a vontade do novo governo de dar aumento real ao trabalhador.

Isso porque o governo petista enviou ao Congresso um projeto para aumentar o salário mínimo. O novo cálculo se baseará na reposição da inflação e adicionar um valor a mais. Esse adicional será a média de crescimento do país nos últimos cinco anos. Segundo o time econômico da equipe de transição, esse reajuste deve ficar entre 1,3% e 1,5%.

Contudo, o próprio valor do orçamento de 2023 já está dando um reajuste acima da inflação. Isso porque o governo de Jair Bolsonaro fez o texto em agosto, com a previsão de inflação em 7,4%. Agora, o Ministério da Economia prevê que a inflação será de 6%. Por isso, o valor de R$1.302, que é o previsto para 2023, já respeitaria a regra do novo governo.

Pode aumentar ainda mais

Contudo, o presidente eleito, Lula, e sua equipe parecem estar dispostos a colocar o salário ainda mais para cima. Isso porque foi enviada uma PEC ao Congresso brasileiro retirando o Auxílio Brasil do teto de gastos de forma permanente. Com isso, abre-se espaço para um reajuste um pouco maior do salário mínimo.

Especialistas já chegaram a cogitar um valor na casa dos R$1.320, mas ainda não há comunicação oficial. Além disso, para que o novo governo consiga, de fato, dar um salário mínimo ainda maior, seria preciso aprovar a mudança na lei, que depende de duas aprovações da Câmara dos Deputados e duas aprovações no Senado.

A proposta do Auxílio Brasil, que se reflete no salário mínimo, vem gerando um grande impasse entre Lula e o mercado financeiro. O medo dos economistas é que o novo governo gaste muito acima do que pode e, com isso, acabe causando estragos maiores na economia. Apesar disso, Lula segue reiterando de que vai ser responsável com o dinheiro público.

FONTE BRASIL123

Inflação acaba com o valor da nota de R$ 200

Cédula com imagem do lobo guará perdeu 19,6% do seu valor em apenas dois anos

Com a inflação generalizada e na casa dos dois dígitos, o poder de compra do brasileiro vem sendo corroído pelos altos preços dos produtos e em todas as áreas. Apesar da deflação atingida no mês de julho, de 0,68%, alguns itens, como os alimentos, seguem em alta. Uma nota de R$ 200 não é o suficiente para fazer a mesma compra de dois anos atrás. 

Nesse sentido, a nota que tem a estampa o lobo guará e completa dois anos em 2022 teve seu poder aquisitivo corroído em 19,6%. Ou seja, hoje, a nota de R$ 200 “vale” cerca de R$ 161. 

Nota de R$ 200 corroída pela inflação 

Nos últimos dois anos, a inflação chegou a altos patamares no Brasil. Dessa forma, o poder aquisitivo dos cidadãos caiu drasticamente. Diante dessa realidade, o valor da nota de R$ 200 em julho de 2022 é quase 20% menor quando comparado ao seu valor em setembro de 2020.

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), grande parte desse poder de compra se relaciona com a alta expressiva dos alimentos. 

Em 2020, um almoço com os mesmos itens custava em média R$ 80 mais barato do que atualmente. Hoje, com base nos produtos considerados, uma refeição completa chega a R$ 175 em média na cidade de São Paulo. 

Deflação no mês de julho não atinge os alimentos 

A deflação de 0,68% registrada em julho pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da taxa inflacionária, foi influenciada principalmente pelos preços dos combustíveis e energia elétrica. 

O grupo de alimentos não recuou no período analisado. Pelo contrário, teve aumento de 1,3%. 

A inflação sobre os itens alimentícios neste ano chegou a 9,83%, o percentual é mais que o dobro da taxa inflacionária geral do mesmo período, que ficou em 4,77%. 

Poder de compra em queda 

Uma recente pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Mercado de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou que cerca de 90% das profissões tiveram seu poder de compra corroído pela inflação no país. 

Em alguns casos, o poder aquisitivo foi reduzido em 16%. 

Outro fator importante é que o salário mínimo, como é ajustado apenas com base na inflação, quando atualizado, não gera nenhum ganho real aos brasileiros. 

Segundo o Dieese, o salário mínimo ideal para suprir as necessidades de uma família de quatro integrantes seria de R$ 6.388,55, o que corresponde a quase cinco vezes mais que o piso nacional atual, de R$ 1212. 

FONTE SEU CREDITO DIGITAL

Inflação alta faz brasileiros mais pobres substituírem alimentos saudáveis por comida ultra processada

A volta da fome significa também que, além de comer menos, a maioria dos brasileiros está comendo mal. A inflação dos alimentos, que nos últimos 12 meses acumulou alta de 11,73%, está contribuindo para o aumento do consumo de ultraprocessados. Análises feitas pela equipe do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) com base nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs) do IBGE indicam um crescimento no consumo desses produtos entre os 60% mais pobres do Brasil desde a início da crise econômica, ainda no governo de Michel Temer.

Mesmo com a desaceleração de 0,6% para 0,3% constatada na análise que comparara os estudos de 2002/2003 e 2008/2009, com estudos de 2008/2009 e de 2017/2018, há razões para se preocupar. A vice-coordenadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens), Patrícia Constante Jaime, explica é preciso atentar para os fatos recentes como o desmonte das políticas públicas de alimentação e nutrição, a pandemia de Covid-19 e a inflação dos alimentos:

“Não há dúvidas de que esse contexto alterou a alimentação da população brasileira, possivelmente refletindo no aumento do consumo de alimentos ultraprocessados”, afirma. Novamente, a conta pesa no bolso das camadas mais pobres, que precisam fazer a troca injusta entre comida saudável e comida ultraprocessada.

Uma das razões que explica esse crescimento está no fato da alta de preços dos alimentos in natura ser maior do que dos ultraprocessados, tornando mais viável, por exemplo, comprar um pacote de macarrão instantâneo por R$ 2,00, em vez de um maço de alface, que em Recife, custa R$ 4,00.

No entanto, a curva só apresentou a desaceleração de 0,6% para 0,3% porque, nas faixas onde estão os 40% de brasileiros com maior renda mensal, o consumo de alimentos naturais cresceu, enquanto caiu o de ultraprocessados. Entre os mais pobres, o consumo de ultraprocessados cresceu.

É preciso entender como se dá a análise dos pesquisadores do Nupens: a amostra da pesquisa é dividida em quintis, ou seja, grupos de cinco, com pessoas de diferentes faixas de renda, desde as camadas mais pobres até aquelas com maior poder aquisitivo. Cada quintil corresponde a 20% da população. O quinto grupo (linha azul claro), que corresponde aos mais ricos, se deu o luxo de apresentar redução no consumo de ultraprocessados. No segmento logo abaixo, o consumo de ultraprocessados permaneceu praticamente estável durante o período analisado (linha amarela). No entanto, nos três grupos mais pobres, foi registrado o aumento no consumo de alimentos. No gráfico, é possível ver que a linha azul, que representa a camada mais pobre da amostra analisada, está um pouco mais acentuada.

Maior insegurança alimentar

De acordo com o 2º Inquérito sobre a fome no Brasil (Vigisan), divulgado pela Rede de Pesquisadores em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), 125 milhões de pessoas convivem com insegurança alimentar no Brasil. Esse número engloba as pessoas que consomem mais ou estritamente produtos ultraprocessados. Isso ocorre porque esses itens são apenas substâncias derivadas de alimentos, ricas em gordura, açúcares e aditivos químicos. “Quando uma família tem acesso apenas ou majoritariamente a alimentos ultraprocessados, não se tem alimentação adequada e, portanto, não há segurança alimentar”, observa Patrícia.

Por pressão da indústria, o Brasil não reconhece que o aumento ou o consumo exclusivo de ultraprocessados causa insegurança alimentar. E isso só aumenta o problema é um problema. Essa falta de reconhecimento está presente em meio à sociedade, à indústria e ao poder público. As doações de cestas básicas, repletas desses produtos, às populações vulneráveis durante a pandemia é um bom exemplo. “A oferta desses alimentos não garante saúde às pessoas, tampouco atende às necessidades diárias para uma vida saudável, mas dá a ideia de que se está consumindo algum alimento”, analisa. Diversos estudos relacionam o consumo destes itens com o surgimento de doenças crônicas, a exemplo da diabetes, hipertensão e obesidade.

Sai a banana, entra o biscoito recheado 

O peixe, a banana, o arroz e a mandioca eram alimentos presentes no cardápio da comunidade quilombola Pixaim, composta por 23 famílias, que fica na região de Piaçabuçu, no baixo São Francisco, em Alagoas. Com o aumento da intrusão salina, ou seja, o avanço da água do mar sobre o rio São Francisco, que margeia as portas das casas, os peixes desapareceram e o solo ficou impróprio para o cultivo de arroz, feijão e mandioca.

A jovem dona de casa Iara Calixto, conta que o fim da pesca afetou a alimentação e a renda das famílias. Ela, que vive da renda do Auxílio Brasil, hoje consome produtos comprados no supermercado, em sua maioria, “milho pré-cozido, biscoito recheado, bolacha, salsicha e mortadela”, relata. 

Nas comunidades vizinhas, a situação é ainda mais grave, pois além de não conseguirem plantar, dependem de carros pipa para obter água de consumo humano. O problema da intrusão salina é um dos mais graves e persistentes na região próxima à foz do São Francisco. De acordo com o coordenador das Expedições Científicas do Baixo São Francisco, programa de pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Emerson Soares, “a intrusão salina reduziu, nos últimos dez meses, de 16 quilômetros rio acima para 12 quilômetros, devido ao aumento da vazão, que chegou a 4 mil m³ do rio. Agora, o problema deve aumentar, uma vez que a vazão voltou a oscilar entre 700 m³ e 1.100 m³”.

Além da intrusão salina, outros quatro problemas afetam o rio São Francisco. A retenção de água por parte das hidrelétricas, que levam a adoção da Resolução 2081, que limita a vazão em 1.100 m³. A erosão, que leva ao assoreamento do leito,  é causada pelo movimento constante de aumento e diminuição da vazão e dos efluentes que são lançados, sem tratamento, no São Francisco. Segundo o professor, os agrotóxicos também afetam de forma significativa a saúde do rio. “Foram encontrados [nas pesquisas] 14 tipos de agrotóxicos”, afirma.

A salinidade na região da foz do São Francisco tornou o solo imprestável para a agricultura. Crédito: Acervo Iara Calixto

A gente deixou de ter vida saudável”

Na época da fartura de água, a agricultora Ariana Pereira, da Fazenda Buriti, área rural de Correntina, no Semiárido baiano, mantinha, junto com os seus filhos, uma alimentação semelhante à da sua infância. Tinha feijão, mandioca, verduras cultivadas pela própria família, com a água de dois córregos e do rio Arrojado, afluente do Correntes, um dos que formam a bacia do São Francisco. Há três anos, Ariana parou de produzir. Os desmatamentos constantes fizeram com que os córregos secassem. Já o volume do rio Arrojado, reduziu de forma drástica, devido às estiagens severas e à retirada de água para atender ao agronegócio na região. 

Na época, Ariana e os filhos passaram a viver da renda do antigo Bolsa Família, hoje Auxilio Brasil. Ela se queixa que, devido à alta nos preços, o dinheiro já não é suficiente para garantir as despesas com alimentação para ela e os três filhos. Por isso, é mais fácil consumir ultraprocessados. “A gente deixou de viver uma vida saudável, porque o que a gente produzia da terra, sem agrotóxico, era saudável. Agora, tudo o que a gente compra é industrializado”, lamenta. 

As trocas no cardápio envolvem, por exemplo, a rapadura, antes usada para adoçar o café, agora, substituída pelo açúcar refinado. Ariana, hoje, sofre com problemas de saúde e acredita que a causa seja o consumo desses produtos, uma vez que, desde criança, ela sempre consumiu alimentos frescos. “Eu adquiri várias alergias, vários problemas de saúde, creio eu que é por causa da alimentação”, suspeita.

Comida não é só nutrição

De acordo com a professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e   coordenadora da Campanha Comida é Patrimônio, Juliana Casemiro, “os sistemas alimentares, com base na sabedoria popular,  sustentaram o povo brasileiro ao longo de séculos. Essa sabedoria está sendo perdida para dar vida ao agronegócio, um sistema que não produz comida de verdade,” observa. A afirmação de Juliana fundamenta-se no fato de que, em meio à pandemia, o agronegócio bateu recordes de  exportação, enquanto a fome só aumentou.

Criada com o objetivo de ampliar o debate e defender os sistemas alimentares mais justos, a campanha Comida é Patrimônio defende que comida não é só nutrição, mas, também  patrimônio, afeto, identidade, diálogo e modo de vida. Assim, retirar as condições de produção das famílias agricultoras do Semiárido também representa romper com as suas raízes.https://marcozero.org/campanha-comida-e-patrimonio-lanca-mapa-interativo-da-cultura-e-alimentos-dos-biomas-brasileiros/embed/#?secret=nqDwADHsgC

Iara, a jovem da comunidade quilombola Pixaim, citada mais acima, vive esse problema na pele. Devido à salinidade acentuada do São Francisco, ela não cultiva mais a mandioca, base da tradicional receita do bolo de Massa Puba, prato que os seus avós preparavam.

Independente da pandemia da Covid-19, que acentuou o quadro de fome no Brasil, Juliana cita que o sistema hegemônico, base da produção de ultraprocessados, está no alicerce de um processo chamado sindemia global. “A nossa forma atual de produzir, comercializar e consumir tem levado a população a conviver com três grandes epidemias: a obesidade, a carência nutricional e as mudanças climáticas”, explica. As mudanças climáticas, em especial, têm exercido pressão cada vez maior entre as populações mais vulneráveis, incluindo as famílias agricultoras, ameaçando a alimentação das pessoas do campo e da cidade.  

Comida de verdade

O conceito de segurança e soberania alimentar e nutricional é algo amplo. Envolve o acesso a comida natural, cultivada sem agrotóxicos, adequada à cultura local. De acordo com o membro da Conferência Nacional Popular, Democrática e Autônoma por Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e da coordenação Executiva da ASA, Naidison Baptista, “o Semiárido sempre teve capacidade de produzir comida de verdade, mas este potencial foi retirado através do desmonte das políticas públicas”, destaca

O  Programa Cisternas, que garante água de consumo humano, é o ponto de partida. Em 2021, o programa teve a execução mais baixa da sua história, entregando apenas 4.305 cisternas.  Em seguida, vem o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), que serve ao cultivo de alimentos agroecológicos e praticamente parou. Segundo dados do Ministério da Cidadania,  em 2014, foram entregues 42.307 tecnologias, enquanto em 2019, as implementações não passaram de 5.232. 

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), substituído em 2021, pelo Alimenta Brasil,  teve o orçamento reduzido drasticamente. A essência do programa é adquirir produtos da agricultura familiar e doar  às populações em situação de fome. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) assegura que 30% do orçamento da merenda escolar seja destinado à agricultura familiar. Este está sob ameaça de projetos em tramitação no Congresso Nacional, que estabelecem cotas de compra de alimentos oriundos de setores do agronegócio. ”É preciso que a gente retire essas políticas do esquecimento, para fazê-las voltarem a apoiar o povo a se alimentar bem”, finaliza Naidison.

PNAE assegurava mercado para agricultura familiar. Crédito: Agência Brasil

FONTE MARCO ZERO

Qual o valor do salário mínimo dos aposentados para 2023? Confira

Viu isso? Salário mínimo dos aposentados para 2023 tem reajuste. Não perca tempo. Todas as informações você acessa aqui:

Congresso Nacional (CN) recebeu o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) do ano de 2023. Esse documento, contém a projeção de correção do salário mínimo do próximo ano. Nesse sentido, o piso nacional se refere ao valor mensal recebido pelo trabalhadores, bem como, pelos aposentados do INSS. Isso porque, conforme a legislação brasileira, nenhum beneficiário do Instituto pode receber o valor abaixo do salário mínimo vigente.

Todos os anos, a correção do salário mínimo, ocorre conforme os índices da inflação no Brasil. Dessa forma, o Ministério da Economia é responsável por fazer a projeçãoVeja o que muda para 2023:

Como calcula o aumento de salário mínimo?

Para realizar o cálculo do piso nacional, o Governo do País utiliza o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o qual, mede a inflação. Dessa forma, o IBGE publica todos os meses esse índice e assim, o Governo usa o percentual acumulado de 12 (doze) meses para fazer o cálculo do aumento de salário.

Qual o salário mínimo para 2023?

De acordo com o PLDO encaminhado pelo Congresso Nacional, o Ministério da Economia realizou a projeção com base no INPC atual. Sendo assim, se o índice seguir nesse patamar, os valores que estão registrados no documento, devem permanecer iguais.

A projeção é que o INPC atinja 8,1% até o final deste ano. Então, caso permaneça nesse percentual, o valor do salário mínimo para 2023 deve ficar em R$ 1.310,00. Cujo o objetivo é manter o poder de compra dos brasileiros, ou seja, não haverá ganho real.

Gastos para os cofres públicos:

A correção do salário mínimo impacta os cofres públicos. Em estudo feito pelo Ministério da Economia, a cada R$ 1,00 de aumento no piso nacional, nasce uma despesa R$ 389,8 bilhões aos cofres públicos. Isso porque o reajuste impacta muitos setores. Além de afetar o salário dos trabalhadores e dos aposentados do INSS.

FONTE JOÃO FINANCEIRA

Saiu o valor do Salário mínimo para 2023; veja quanto

Embora o ano de 2022 ainda não tenha acabado, o Governo Federal já realiza projeções do salário mínimo do ano de 2023. O novo valor do piso nacional já consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), enviado pelo Governo ao Congresso.

A princípio, vale destacar que o valor do salário mínimo para 2023 leva em consideração os dados macroeconômicos com o PIB (Produto Interno Bruto), INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Esses são os índices que medem a inflação.

Ademais, vale frisar que o Governo prevê a correção do salário mínimo para 2023 somente para evitar as perdas para a inflação.

Neste ano de 2022, a expectativa é que a inflação alcance 8,1%. Caso esse índice se mantenha até o deste ano de 2022, o salário mínimo de 2023 será de R$ 1.310, um aumento de R$98 em relação ao valor atual, de R$1.212.

Em regras gerais, o salário mínimo é o menor valor que uma empresa deve pagar aos funcionários, ou seja, nenhum trabalhador pode receber uma quantia inferior ao piso nacional.

Para que o poder de compra dos trabalhadores ou dos beneficiários não seja prejudicado, anualmente a remuneração passa por uma reavaliação de custo de vida.

Logo, a correção leva em consideração os preços básicos de insumos no mercado consumidor para que possa ser definido um valor capaz de garantir a subsistência do cidadão.

Salário mínimo de 2023 não tem ganho real; Entenda!

O Governo Federal indica, com a correção do salário mínimo de acordo com o percentual do INPC, que não vai dar aumento real para os brasileiros. Na verdade, o aumento do salário é apenas uma reposição pela inflação. O que significa dizer que os trabalhadores apenas não perderão o poder de compra.É como se o aumento do salário servisse apenas para compensar a capacidade de compra que o brasileiro tem. Na prática, o cidadão não vai deixar de conseguir comprar o que já comprava, mas também não vai poder aumentar mais.

Impactos do reajuste no INSS e demais benefícios

O salário mínimo serve para determinar valores de benefícios, salários e auxílios. O INSS, por exemplo, não pode conceder um abono inferior ao piso nacional aos seus segurados.

Também entram nessa definição o abono salarial PIS/Pasep, o seguro-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Conforme aponta o Ministério da Economia, a cada R$ 1 de aumento no salário mínimo um impacto de R$ 389,3 milhões é gerado no orçamento da União.

Todavia, é importante frisar que o salário mínimo de 2023 se trata apenas de uma previsão, podendo haver variações até o encerramento deste ano.

FONTE NOTICIAS CONCURSOS

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