Em meio ao medo da segurança de barragens, Congonhas, Itabira, Itabirito, Mariana e Belo Vale estão entre as 10 cidades do Brasil que mais arrecadaram CFEM

Nos últimos 10 dias, a segurança das barragens estiveram no centro das discussões em Minas quando a incertezas das suas estruturas, risco de rompimento e elevação do nível de emergência. A polêmica rendeu questionamentos em diversas cidades mineradoras quando as chuvas intensas provocaram o medo e o temor a população. A situação é grande e merece muita discussão do tema!

Por outro lado, os impostos geraram uma bolha de arrecadação jamais vistas na história da mineração em Minas. As prefeituras da região fecharam o ano de 2021 com os cofres cheios.

As cidades da região estão com os cofres cheios da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), o chamado imposto atividade minerária. As duas que que mais arrecadaram foram Parauapebas e Canaã dos Carajás, ambas no Pará.

Congonhas, Itabirito, Mariana, Itabira, Nova Lima e Belo Vale se posicionam entre as 10 no Brasil em arrecadação na CFEM. Desterro de Entre Rios está na 30ª posição no país.


Veja quadro abaixo.

Comece 2022 empregado: mineradora está com vagas abertas em MG

A Ferro + Mineração, empresa do Grupo J. Mendes que produz desde 2007, pertencente ao quadrilátero ferrífero de Minas Gerais e que tem foco na extração, beneficiamento e comercialização de minério de ferro, está com vagas abertas para trabalho em Congonhas-Ouro Preto, cidades localizada na região central do estado. Veja a seguir a relação de vagas:

  • Eletricista de Veículos e Máquinas
  • Lubrificador de Veículos e Máquinas
  • Mecânico de Veículos e Máquinas
  • Mecânico Sondador
  • Almoxarife
  • Analista de Custos
  • Analista de Frotas
  • Analista de Meio Ambiente
  • Analista de Meio Ambiente Sênior
  • Analista de Planejamento de Lavra
  • Auxiliar de Lubrificador de Veículos/Lavador
  • Borracheiro
  • Coordenador de Manutenção
  • Eletricista C/A Técnico
  • Engenheiro de Minas
  • Controlador de Manutenção – OF
  • Engenheiro Projetista
  • Inspetor de Manutenção Elétrica
  • Operador de Produção
  • Operador de Sondagem
  • Operador Especializado
  • Soldador
  • Supervisor de Manutenção Elétrica
  • Técnico em Automação Industrial
  • Técnico Mecânico – ITM

Como se candidatar

Se o seu perfil profissional está alinhado com alguma das vagas disponíveis na Ferro+ Mineração, você pode cadastrar o seu currículo por meio do site da J. Mendes, clicando aqui. No site da companhia também estão disponíveis os pré-requisitos e características de cada uma das oportunidades.

Todas as vagas também são destinadas a candidatos com deficiências.

FONTE MAIS MINAS

Diretora da Agência Nacional de Mineração afirma que falta de funcionários prejudica arrecadação da CFEM

LOC.: A diretora da Agência Nacional de Mineração (ANM), Debora Puccini, disse em entrevista à reportagem, que o quadro de funcionários da agência está reduzindo e que isso prejudica a fiscalização e consequente arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). 

A CFEM é uma contraprestação que as empresas mineradoras pagam à União, aos estados e aos municípios pela exploração dos recursos minerais. A ANM é a responsável por cobrar as empresas. 

TEC./SONORA: Debora Puccini, diretora da ANM

“A falta de pessoal prejudica [a arrecadação]. A gente não quer mais funcionários para robustecer a agência. A gente quer, minimamente, repor os funcionários, tendo em vista que muitos se aposentam. Só que o quadro está minguando. Por mais que a gente consiga automatizar, melhorar os sistemas, a gente ainda, sim, precisa da mão-de-obra do técnico apurada, no caso os economistas e os contadores que são da área de arrecadação.” 

LOC.: A agência tem 15 técnicos para fiscalizar a arrecadação dos chamados royalties da mineração em todo o país. Até outubro deste ano, o Brasil arrecadou mais de R$ 7,8 bilhões com a CFEM. No entanto, parlamentares e especialistas acreditam que a arrecadação da CFEM poderia ser maior se a ANM tivesse mais funcionários e recursos. Desde 2017, quando foi criada, a ANM enfrenta bloqueios orçamentários.

Na Câmara dos Deputados, tramita um projeto de lei que proíbe o Governo Federal de contingenciar os recursos da ANM que tenham origem na CFEM. Para o deputado federal Sidney Leite (PSD/AM), a proposta visa dar o mínimo de condições para que a ANM funcione adequadamente. 

TEC./SONORA: Sidney Leite, deputado federal  (PSD/AM)

“É importante que a agência possa desenvolver o seu papel na sua plenitude, que a gente possa ter decisões da própria agência qualificadas, mas para isso ela precisa não só de pessoal e com condições de mobilidade, mas de equipamento, de sistema, de software, porque a tecnologia permite isso e o potencial mineral do nosso país é significativo.”

LOC.: O PL que proíbe o bloqueio de recursos da ANM está na Comissão de Finanças e Tributação. 

Reportagem, Felipe Moura. 

FONTE BRASILO 61

Mineradoras estrangeiras são campeãs de denúncias e conflitos no Brasil

Alegações de rios de cor vermelha e bebês com má-formação. Três anos depois, a contaminação do Rio Mucurupi, no Pará, em 2018, continua gerando conflitos entre moradores das cidades de Barcarena e a empresa norueguesa Hydro Alunorte.

Mais de 20 mil famílias foram atingidas e agora a comunidade atribui a morte prematura de bebês na região aos efeitos do consumo, pelas mães, de águas com chumbo, bauxita e alumínio.

A milhares de quilômetros dali, em Conceição do Mato Dentro (MG), o alvo de protestos e acusações de moradores é a britânica Anglo American. Desde que a mineradora estrangeira se instalou ali, comunidades dizem conviver com o barulho alto de explosões nas minas, rachaduras nas casas e nuvens de poeira que estariam afetando a respiração.

Já para 746 indígenas da região do Rio Xingu, no Pará, potencial ameaça a suas terras viria dos planos da mineradora canadense Belo Sun. Um eventual rompimento de uma barragem gigante que ela pretende construir poderá afetar parte das terras indígenas Arara da Volta Grande do Xingu e Trincheira Bacajá, com o despejo de 9 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos no rio, segundo estudo da Associação Interamericana de Defesa Ambiental.

Ameaça similar provocou a “extinção” de um bairro do município mineiro de Itatiaiuçu, em Minas Gerais. Mais de 50 famílias tiveram que deixar suas casas por causa do risco de rompimento da barragem Serra Azul, da mineradora ArcelorMittal, com sede em Luxemburgo.

Esses são apenas alguns exemplos dos mais de 400 conflitos ocorridos em 2020 entre gigantes estrangeiras da mineração e moradores das áreas onde elas se instalaram, entre os quais ribeirinhos, indígenas e pequenos agricultores.

Um levantamento inédito — obtido pela BBC News Brasil — que integra o Mapa de Conflitos da Mineração 2020, mostra que as mineradoras estrangeiras, a maioria de países ricos com rígidas regras ambientais e trabalhistas, são pivôs da maior parte das disputas e acusações envolvendo populações vulneráveis no Brasil.

Indígenas
Legenda da foto,Estudo mostra que eventual vazamento de barragem que a canadense Belo Sun quer construir no Pará poderia afetar terras indígenas e inundar Rio Xingu com 9 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos

Essas gigantes internacionais são apontadas como “violadoras” em 48,7% dos conflitos ocorridos no ano passado, enquanto empresas nacionais responderam por 23,8% e o garimpo ilegal, por 19,4%.

“Essas empresas estrangeiras são grandes, seus empreendimentos são enormes e, quando elas produzem efeitos negativos, são efeitos sobre muitos indivíduos e em muitas localidades”, explica o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Luiz Jardim Wanderley, um dos autores da pesquisa.

Padrão menos rigoroso de comportamento?

O Mapa de Conflitos da Mineração no Brasil 2020 reúne todo tipo de conflito envolvendo empresas de mineração e comunidades atingidas — desde protestos ao início de processos na Justiça e acusações de danos ambientais e outras irregularidades denunciadas pelo Ministério Público, polícia ou moradores.

Conforme o levantamento, a empresa com mais envolvimentos em conflitos é a brasileira Vale — maior mineradora com atuação no território. Mas, juntas, as companhias estrangeiras superam o volume de conflitos registrados em 2020 envolvendo empresas brasileiras e a extração ilegal de minério.

Isso não quer dizer que os casos sejam mais graves, mas que possíveis danos teriam afetado um número maior de pessoas. No caso do garimpo ilegal, há violações bem mais graves a direitos fundamentais. Em 2020, foram identificadas, por exemplo, 144 pessoas escravizadas, atuando em minas irregulares de ouro e outras pedras preciosas.

Garimpo ilegal na Amazônia
Legenda da foto,Garimpo ilegal concentra casos de violações bastante graves aos direitos humanos, como pessoas em situação análoga à escravidão.

Mas os dados do Mapa da Mineração mostram que a relação das empresas estrangeiras com as comunidades onde estão instaladas é conflituosa. Para Jardim, professor da UFF, isso indica que, embora venham de nações com regras rígidas de proteção ambiental e trabalhista, a mesma lógica não parece ser aplicada por essas companhias quando atuam em nações em desenvolvimento.

“A falta de controle de órgãos ambientais e a ausência de regras rígidas de compensação a populações afetadas têm sido usadas pelas empresas internacionais para maximizar lucros”, disse.

Vantagem competitiva

O professor da Universidade Federal Fluminense conta que esteve em Oslo, na Noruega, em uma mesa de negociação com representantes da mineradora Hydro, junto com representantes de ONGs locais de defesa do meio ambiente.

Na ocasião, conta Jardim, as organizações defenderam uma proposta de lei que obrigaria empresas norueguesas a se comportarem, no exterior, dentro dos mesmo parâmetros exigidos pela legislação da Noruega.

“A resposta da empresa Hydro foi que seria inviável do ponto de vista da concorrência fazer isso, que todos os concorrentes teriam que fazer o mesmo para valer à pena”, recorda.

Operação de mineração em Nova Lima
Legenda da foto,Segundo professor da UFF, empresas estrangeiras enxergam vantagem competitiva em atuar em países com parâmetros menos rígidos de proteção ambiental e social

“Então, de uma forma, ela afirma que não se comporta de acordo com a lei do seu país de origem. Ela afirma que há uma vantagem competitiva em operar em outros países onde há menos controle ou menos rigidez moral.”

Em nota à BBC News Brasil, a Hydro diz que opera de acordo com as legislações locais, dos países onde instalam suas minas e barragens. “Adicionalmente, observamos padrões internacionais e da própria Hydro, seguindo princípios das Nações Unidas sobre negócios e direitos humanos.”

Na cesta de gigantes da mineração que concentram conflitos com populações vulneráveis no Brasil há também empresas britânicas, canadenses e australianas, entre outras.

As campeãs de reclamação

A mineradora com participação estrangeira que foi campeã em conflitos em 2020 foi a Samarco — joint venture formada pela australiana BHP Billiton e a Vale.

A maior parte das disputas diz respeito à demora na compensação e construção de moradias às centenas de pessoas afetadas pelo vazamento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), em 2015, que contaminou o rio Doce e é tido como o maior desastre ambiental causado por mineração no Brasil.

Efeito do vazamento de rejeitos em Mariana (MG)
Legenda da foto,Rompimento da barragem do Fundão contaminou o Rio Doce e inviabilizou atividade pesqueira na região

Seis anos depois, só 10 das 267 casas prometidas pela mineradora às famílias que perderam tudo no vazamento ficaram prontas. E o medo de contaminação chega até o Espírito Santo, por onde também passa o rio Doce. Moradores do município de Colatina (ES) entregaram um documento ao Ministério Público em 2020 dizendo temer que estejam tomando água contaminada.

“O que os dados mostram é que os conflitos permanecem, as comunidades dizem que as compensações não estão sendo feitas de maneira satisfatória, que os danos não estão sendo sanados”, diz Jardim, da Universidade Federal Fluminense.

Em nota, a australiana BHP Billiton diz que a Samarco, como uma joint venture, tem seus “seus próprios padrões operacionais e de gestão”.

“A BHP, como acionista, busca influenciar na adoção de padrões internacionais de segurança e sustentabilidade, no aprimoramento dos processos de governança e na transparência da relação com as comunidades locais, além de avaliar regularmente o desempenho das empresas nesses quesitos.”

Sobre as comunidades atingidas pelo vazamento de 2015, a BHP diz que foram pagos R$ 4,97 bilhões em indenizações a 330 mil pessoas atingidas. “A BHP sempre esteve e continua absolutamente comprometida em fazer o que é certo pelos atingidos”, disse a empresa à BBC News Brasil.

Também em Minas Gerais, um bairro inteiro — a comunidade de Pinheiros em Itatiaiuçu — “deixou de existir” com a remoção das 56 famílias de suas casas por causa do risco de rompimento da barragem Serra Azul, da gigante da mineração ArcelorMittal, com sede em Luxemburgo.

Em nota, a empresa disse que “reconhece o impacto causado pela evacuação, mas reitera que a ação foi feita em caráter preventivo, o que vai ao encontro de sua prioridade máxima, que é zelar pela segurança”. A mineradora também afirma agir com “total transparência e prudência, mantendo ativo o apoio às famílias desalojadas e à comunidade para mitigação dos impactos causados.”

Mortes em rodovia, barulho e poluição

Em segundo lugar no “ranking de conflitos”, conforme os dados do Mapa da Mineração, está a britânica Anglo American. Moradores de 12 comunidades de Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais, reclamam do barulho de explosões, poeira e rachaduras nas residências.

Alguns dizem que não foram incluídos no programa de compensações, embora sejam afetados pela atividade da mineradora.

Em nota, a Anglo American disse: “As comunidades onde a empresa atua estão seguras. Não há violação aos direitos humanos das comunidades do entorno de nossas operações.” Sobre as acusações de poluição e barulho, a empresa britânica disse que tem um programa de controle da qualidade do ar e emissão de ruído, que cumpre “as legislações ambientais vigentes” no Brasil.

Recentemente a morte de um jovem, Juliano Gomes Rodrigues, no Morro do Paiol (MG), levou a comunidade a fazer protestos de rua contra a mineradora e bloquear a BR-259. Rodrigues morreu num acidente envolvendo carretas a serviço da mineradora.

Moradores dizem que as atividades de extração de minério na região aumentaram o fluxo de veículos na rodovia, colocando as comunidades à margem da BR em risco. Passaram a chamar o Morro do Paiol de Morro da Morte.

A Anglo American respondeu a essas acusações dizendo que a rodovia está sob gestão do Estado de Minas Gerais e que os veículos da empresa “são equipados com controle de velocidade”, além de terem suas “condições” são checadas em postos de controle da companhia seguindo “rigorosos parâmetros de segurança.”

Município de Bento Rodrigues inundado pela lama
Legenda da foto,BHP Biliton, que junto com a Vale forma a joint venture Samarco, foi campeã de conflitos em 2020 por causa da demora na compensação de moradores de comunidades atingidas pelo vazamento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), em 2015

Contaminação por alumínio

Em terceiro lugar em volume de conflito está a norueguesa Hydro, com sede em Oslo, e atuação em sete municípios brasileiros. O Mapa dos Conflitos da Mineração 2020 identificou 20 ocorrências de atritos com as comunidades locais. A grande maioria diz respeito a acusações de moradores de Barcarena, no Pará, que dizem continuar a sofrer efeitos do transbordamento de uma barragem da gigante nórdica na região, em fevereiro de 2018.

Na época, laudo do Instituto Evandro Chagas, ligado ao Ministério da Saúde, apontou alteração nos elementos químicos presentes no solo, além da manutenção pela Hydro Alunorte de “tubulação clandestina de lançamento de efluentes não tratados”.

Em fevereiro deste ano, cerca de 40 mil pessoas das comunidades atingidas protocolaram uma ação coletiva na Justiça da Holanda pedindo reparação com base na legislação internacional.

Eles alegam que “as vítimas foram expostas a resíduos tóxicos do processamento de alumínio, que podem causar problemas de saúde, como aumento da incidência de câncer, Alzheimer, doenças de pele, problemas de estômago e diarreia”. Citam, inclusive, casos de má-formação de bebês que, na visão deles, pode estar relacionado ao vazamento.

Duto da Alunorte
Legenda da foto,Laudo do Instituto Evandro Chagas apontou existência de tubulações da Alunorte, derramando água não tratada

Em nota, a Hydro disse à BBC News Brasil que inspeções realizadas por diferentes órgãos de controle “confirmaram que não houve transbordamento da barragem de bauxita da Alunorte durante as enchentes ocorridas na época”.

“Relatórios dessas inspeções incluem aqueles feitos por autoridades ambientais como Ibama, Semas, Semade, entre outras. Isso significa que problemas de saúde ocorridos depois das enchentes de 2018 não estão relacionadas a uma situação de transbordamento”, disse a empresa, cujo acionista majoritário é o governo da Noruega.

Por outro lado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito aberta pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará concluiu, também citando laudos de órgãos de controle, que a Hydro provocou “dano concreto” às comunidades de Barcarena. E recomendou uma série de medidas, inclusive a abertura de ação penal e civil se o Ministério Público considerasse adequado.

“Embora reconhecido o dano causado pela Hydro Alunorte a partir dos eventos de 16 e 17 de fevereiro de 2018, a empresa em postura defensiva passou a tentar desacreditar os laudos emitidos pelo Instituto Evandro Chagas”, diz o relatório da CPI.

Quanto à acusação dos moradores de que a contaminação do solo está provocando má-formação em bebês, a Hydro respondeu: “as estatísticas mostram que o número de malformações na região de Barcarena é relativamente baixo em comparação com a média do estado do Pará e do Brasil”.

Conflito com povos indígenas

Garimpo em terra Yanomami
Legenda da foto,Conflitos mais violentos entre indígenas e garimpeiros ocorrem no âmbito da extração ilegal de minérios. Mas há relatos de atritos entre populações e grandes empresas nacionais e internacionais

Embora os conflitos mais violentos entre garimpeiros e indígenas ocorram na extração ilegal de minério, grandes empresas nacionais e estrangeiras também são alvos de acusações de estarem prejudicando a subsistência dos povos indígenas.

Cerca de 10% dos 823 conflitos ocorridos entre mineradoras e comunidades em 2020 envolveram populações indígenas, segundo o Mapa de Conflitos da Mineração. Entre os projetos de empresas estrangeiras que mais têm provocado alerta entre povos indígenas está a construção de uma mina de ouro pela canadense Belo Sun, na Volta Grande do Rio Xingu, no Pará.

A empresa encaminhou estudo de impacto à Funai, mas uma associação que engloba pesquisadores independentes diz que há “lacunas” na análise e aponta que eventual rompimento da barragem poderia “lançar 9 milhões de metros cúbicos de rejeitos no rio Xingu e percorrer mais de 40 quilômetros em duas horas, provocando danos irreversíveis”.

“Esses rejeitos conteriam metais altamente tóxicos, como cianeto, arsênico e mercúrio”, diz o estudo assinado por pesquisadores brasileiros e estrangeiros da Associação Interamericana de Defesa Ambiental (AIDA).

Em nota, a Belo Sun Mining diz que o projeto tem tido boa receptividade das populações indígenas do Xingu e das agências reguladoras locais. “A Belo Sun respeita e compreende os direitos das comunidades indígenas a suas terras”, disse a empresa.

“Ao longo do processo de licenciamento a Belo Sun teve discussões e apresentações abertas e honestas.” A empresa canadense também diz que a construção da barragem de rejeitos vai seguir “os mais altos padrões de engenharia e superar recomendações regulatórias nacionais e internacionais de boas práticas”.

Outra empresa canadense também figura na lista de mineradoras estrangeiras pivôs de conflitos em 2020: a Tombador Iron Mineração, com forte atuação na Bahia. Cerca de 2 mil moradores ribeirinhos da Serra da Bicuda, em Sento Sé, lutam contra a construção, pela mineradora, de uma mina de hematita a céu aberto, para produção de ferro.

A empresa conseguiu licença para operar do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), mas os moradores da região afetada dizem que não foram consultados no processo e acusam a mineradora de desmatar a região e perfurar poços para retirar água.

À BBC News Brasil, a Tombador Iron disse que o estudo de impacto ambiental que apresentou para obter a licença foi “criteriosa e tecnicamente aprovado pelo órgão (Inema)”. Mas não comentou se houve consulta à população local.

A mineradora canadense também destacou que não haverá barragem de rejeitos ou utilização de água e químicos para a produção de ferro, ressaltando que “a mina se assemelha a uma pedreira”.

Quanto às acusações de perfuração de poços e desmatamento, a empresa confirma que houve instalação de três poços para “controle da qualidade das águas” e “supressão vegetal”. Mas diz que isso foi feito dentro dos parâmetros legais e com autorização do Inema.

Mineração vem crescendo no Brasil

Desde que assumiu a Presidência, Jair Bolsonaro vem defendendo ampliar atividades de mineração, inclusive na Amazônia. Ele já defendeu a instalação de novas mineradoras estrangeiras e que a atividade passe a ser permitida em terras indígenas.

Mas o incentivo à mineração de grande escala existiu em governos anteriores, inclusive nos do PT.

“O Plano Nacional de Mineração, feito ainda no governo Dilma Rousseff, previa a aceleração da mineração no país. Então, isso é um reflexo de muitos governos que vêm estimulando o setor mineral a se expandir”, destaca Luiz Jardim, professor da Universidade Federal Fluminense.

“E isso tem grande incentivo com o preço do minério no contexto atual. Houve queda em 2012, mas o preço voltou a crescer. Esses empreendimentos estão muito lucrativos.”

Mas, segundo o professor, o desmonte de órgãos de fiscalização ambiental no governo Bolsonaro pode estar provocando um crescimento maior do garimpo ilegal, além da vinda de empresas estrangeiras que há tempos são incentivadas a explorar minério no Brasil.

“Nesse contexto atual, eu destacaria o avanço dos garimpos. A desregulação dos órgãos ambientais de controle nos últimos três anos de governo Bolsonaro estimulou uma expansão desse tipo de exploração”, diz Jardim.

Mineração traz desenvolvimento?

Trabalhadores do setor da mineração e empresas dizem que a atividade gera empregos e desenvolvimento, sobretudo nas regiões pobres do Brasil.

Já os críticos afirmam que os efeitos positivos não compensam os danos sociais e ambientais provocados pelo cotidiano da mineração e os acidentes, como os rompimentos de barragens em Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais, e o transbordamento de material tóxico em Barcarena, no Pará.

“Quando a gente tira petróleo e gás, quando falamos só da extração de minérios metálicos e não metálicos, as riquezas produzidas não chegam a 2% do PIB. É um valor irrisório do ponto de vista dos desastres que causam”, argumenta Jardim, professor da UFF.

“Quanto vale a perda do Rio Doce ao longo desse processo? Quanto vale o fim da atividade pesqueira para as comunidades da região? São valores não calculados. Os danos que a mineração produz não são compensados pelo volume de divisas que ela traz ou pelos impostos que pagam.”

FONTE BBC.COM

Nuvem de poeira encobre Congonhas e revolta: ‘Muito ruim abrir os olhos’

O fenômeno é recorrente nos meses de inverno, mas nunca foi visto com tanta intensidade e duração, segundo os moradores; MP foi acionado

O céu da cidade histórica de Congonhas está sendo tomado por uma nuvem de poeira. O fenômeno causado pelo pó de minério das atividades mineradoras nunca teve tamanha intensidade, durando até 4h, segundo moradores. O Ministério Público foi acionado nesta semana para punir os responsáveis pela poluição.

“Parece que a cada ano isso vem com mais frequência. As nuvens que antes duravam 20 minutos, agora duram três, quatro horas. Fica muito ruim abrir os olhos quando o vento bate”, relata o morador Hugo Cordeiro, de 28 anos, ao reforçar que a nuvem de poeira ocorre durante o inverno na cidade há mais de uma década. Mesmo com o incômodo e a sujeira, a principal preocupação é com a saúde dos moradores. “É uma coisa invisível, você vai tendo problemas com a respiração e percebe ao longo da vida. A população está respirando isso. É um problema maior até que a própria barragem. Se ela estourar, ela mata ‘à vista’, a poeira vai matando ‘a prazo’”, afirma o residente. Os congonhenses desconfiam que a intensidade jamais vista da nuvem seja resultado do trabalho das mineradoras. “Tem uma novidade que é o empilhamento de rejeitos a seco. O que era barragem, a partir desse ano, passou a empilhar a seco”, afirma Sandoval Souza, diretor de meio ambiente e saúde da União de associações comunitárias de Congonhas.

“É um pátio bem grande (onde fica o rejeito de minério). Então está tudo se somando, o preço do minério também está muito alto, eles estão com a produção alta”, explica.

Estado de Minas questionou as mineradoras Vale e CSN, além da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Congonhas, sobre a nuvem de poeira. No entanto, nenhum retorno foi obtido. Tão logo as procuradas respondam as questões, esta reportagem será atualizada. 

foto: Hugo Cordeiro/Arquivo pessoal 

Pedido de punição

 Na quarta-feira (28/7), o tamanho e a duração – entre o fim da manhã e o meio da tarde – de uma nuvem assustou os moradores. O diretor das associações, então, fez uma representação ao Ministério Público para pedir punição às secretarias de meio ambiente municipal e estadual. Antes, na semana passada, já tinha acionado o órgão.  “Com base no que aconteceu ano passado, quando eles falaram que iam fazer uma força-tarefa para melhorar a situação, fizemos uma representação preventiva. O objetivo é que o MP apure o que eles têm feito para evitar o problema”, explica Sandoval Souza. O líder também fundou o Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas e acredita que essa entidade pode ajudar em causas como esta. “Agora vamos partir para a filiação estadual. O objetivo é a preservação da cidade como um todo, da cultura, meio ambiente, turismo, história e resguardo de documentos”.  Enquanto isso, os moradores sofrem – e ficam preocupados – com a sujeira lançada nas residências. “Você limpa e no dia seguinte já está tudo cheio de poeira”, afirma Hugo Cordeiro.  

FONTE ESTADO DE MINAS

FOTOS HUGO CORDEIRO

Pescadores recebem até R$1,5 milhão de indenização pela tragédia da Vale em Mariana

Foto – Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais. Crédito – Antônio Cruz/Agência Brasil.

Dois pescadores conseguiram na Justiça indenização por danos morais e materiais para reparar as consequências sofridas em decorrência da tragédia ocasionada pelo colapso da Barragem de Fundão, na cidade mineira de Mariana, em novembro de 2015.
O juiz da 2ª Vara Cível de Ponte Nova, Bruno Henrique Tenório Taveira, condenou as mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton Brasil a pagarem R$ 18 mil e R$ 25 mil, respectivamente, aos pescadores Joaquim Basílio Victor e Expedito da Luz Inácio.
Os dois vão receber também valores mensais de R$ 300 e de R$ 1,5 mil, retroativos à data em que ocorreu o rompimento da barragem. A diferença nos valores deve-se à comprovação do exercício da atividade, na condição, respectivamente, de pescador amador e profissional.
Para ambos, o trabalho era um complemento da renda na subsistência de suas famílias. Diariamente, pescavam no Rio Doce e, em decorrência do desastre, não podem exercer a ocupação até hoje.

Dificuldades financeiras
Na Justiça, os pescadores alegaram que atravessam sérias dificuldades financeiras, além da vergonha de não poder honrar compromissos e oferecer o sustento das próprias casas. Os dois afirmam que tentaram um acordo amigável com as empresas por meio da Fundação Renova, na qual realizaram um pré-cadastro, mas não tiveram retorno.
Para o juiz Bruno Taveira, a contaminação dos cursos d’água da região atingida pela catástrofe ambiental e outros danos relacionados ao episódio produziram efeitos econômicos negativos na vida da população local, principalmente dos pescadores.
“A perda brusca do meio para obtenção de renda complementar pode ser comparada com a perda (na tragédia) de uma propriedade imóvel utilizada para moradia ou para fins comerciais, pois em ambos os casos a parte se vê obrigada a modificar totalmente seu modo de vida”, disse.
O magistrado completou, afirmando que não há dúvidas de que o dano gerado a um pescador prolonga-se indefinidamente no tempo, ao contrário do gerado àqueles que tiveram seu imóvel atingido.

Feam e Semad realizam vistoria em Congonhas para verificação da qualidade do ar

Foto: Edwaldo Cabidelli
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Durante o trabalho, foram avaliadas ações de mitigação relacionadas ao controle da emissão de material particulado nos empreendimentos minerários presentes no entorno do município

A Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) realizaram vistoria em Congonhas para verificar os níveis de qualidade do ar no município, localizado na Região Central do Estado. A ação fiscalizatória, promovida em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), teve como objetivo identificar possíveis fontes de material particulado (poeira) para, após avaliação conjunta com sociedade civil e o setor produtivo, serem adotadas medidas capazes de minimizar os impactos causados pela atividade minerária na região. Após o trabalho, ficou acertada a criação de uma força-tarefa entre o Estado e o município, para tratamento do tema.

A fiscalização foi motivada por relatos de moradores de Congonhas, em redes sociais, sobre a ocorrência de uma densa nuvem de poeira sobre o município ao longo de todo o dia 27 de junho. O fenômeno causou estranhamento na população e gerou repercussão devido à concentração da poeira que, segundo moradores, aumenta nos períodos de seca. Participaram da vistoria, o presidente da Feam, Renato Brandão, e a gerente de Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões da Fundação, Amanda Noronha, além de técnicos da Semad.

Durante o trabalho, foram avaliadas ações de mitigação relacionadas ao controle da emissão de material particulado nos empreendimentos minerários presentes no entorno do município e analisados os dados das sete estações de monitoramento da qualidade do ar existentes em Congonhas, integradas ao Centro Supervisório da Feam e também da Prefeitura.

Para o presidente da Feam, Renato Brandão, a ação teve como objetivo principal oferecer uma resposta à população do município com relação aos recentes relatos de moradores relacionados à piora dos índices de qualidade do ar na região. “Coletamos informações e vamos definir, junto à Prefeitura de Congonhas, metas e medidas capazes de melhorar a relação entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental no município”, explicou Renato.

Segundo ele, o Estado vai atuar de forma ainda mais próxima da administração municipal para se chegar a uma solução para o problema, acentuado em período de tempo seco e de mudança de ventos. “A Feam fará uma avaliação das medidas de mitigação que as empresas vêm realizando e vai propor melhorias nestas medidas que repercutirão nos processos de licenciamento em curso na Semad”, afirma o presidente.

“Foi verificada a existência de diversas medidas de mitigação e controle, principalmente relacionadas à umectação de taludes (molhar o terreno) para prevenção de arraste eólico, bem como de vias, com uso de polímeros para controle de ressuspensão de material particulado. No entanto, por se tratar de emissão difusa de poeira e de extensa área minerária, o controle pode ser bastante dificultado”, destacou a gerente de Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões da Feam, Amanda Noronha.

NUVEM DE POEIRA

Segundo o diretor de Meio Ambiente da União de Associações Comunitária de Congonhas (Unaccon), Sandoval de Souza Filho, a nuvem de poeira registrada no dia 27 de junho teria vindo das áreas de minas, localizadas em regiões de maior altitude com grande extensão territorial.

Foto: Hugo Cordeiro
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Moradores registraram em imagens e vídeos a nuvem de poeira que cobriu o céu de Congonhas no dia 27 de junho

“Começou com uma brisa fraquinha, porém foi intensificando por volta de meio dia, gerando um arraste de poeira de grandes proporções e trazendo um grande incômodo para a população. Muita gente fechando as casas com a nuvem de poeira cobrindo vários bairros e, até o pôr do sol, via-se aquele ar pesado parado sobre a cidade”, descreveu Sandoval, que lembrou ainda não ser a primeira vez que o fenômeno ocorre, mas “certamente foi o de maior intensidade em 2020”.

RESOLUÇÃO CONAMA

De acordo como a Resolução nº 491/2018, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que trata dos padrões de monitoramento da qualidade do ar no país, o valor máximo para concentração de material particulado do tipo MP10 na atmosfera de 120 µg/m³, e 60 µg/m³, no caso de material particulado do tipo MP2,5, ambos para um período de referência de 24h.

Na data em que a nuvem de poeira foi percebida em Congonhas, o Centro Supervisório da Prefeitura – que conta com 12 estações de monitoramento (sete de qualidade do ar e cinco meteorológicas), que também são integradas ao Centro Supervisório da Feam – registrou picos de 213 µg/m³ de MP10, na estação Motas, e 62 µg/m3, na estação Lobo Leite. Apesar dos altos valores registrados para a concentração máxima horária dos poluentes no dia do evento, não houve violação ao padrão vigente de qualidade do ar.

O secretário municipal de Meio Ambiente de Congonhas, Neylor Souza Aarão, chamou a atenção para os níveis e disse que melhorias precisam ser feitas para manutenção da saúde das pessoas na cidade. “Pretendemos realizar uma série de estudos para que possamos verificar, de forma precisa, como esses índices impactam no nosso dia a dia”, afirmou o secretário.

FORÇA-TAREFA

Durante a vistoria, a Prefeitura de Congonhas solicitou o apoio da Feam e da Semad para a criação de uma força-tarefa com medidas que possam se tornar padrão, inclusive para os próximos licenciamentos ambientais.
As propostas incluem a redução de áreas de solo exposto, com a devida revegetação de taludes ou aplicação de polímero em áreas subutilizadas, definidas como terrenos que não possuem planejamento de utilização superficial nos próximos dois anos e apresentam solo exposto, revisão do planejamento de umectação de vias internas, adoção de novas tecnologias capazes de reduzir emissão de material particulado, entre outras ações.

“A qualidade do ar tem influência de diversos fatores, desta forma não poderíamos responsabilizar uma empresa específica, pois dependemos de uma análise mais complexa na qual trabalhamos com uma infinidade de dados e informações para encontrar as fontes potenciais de poluição atmosférica. A partir do momento que identificamos que uma fonte pode ter contribuído significativamente para a piora da qualidade do ar, o Estado atua imputando a essa fonte medidas mitigatórias para correção da situação”, explicou o presidente da Feam.

O secretário Municipal de Meio Ambiente, Neylor Aarão, destaca ainda a importância da mineração para o Estado, mas salienta que a atividades deve se adequar aos atuais padrões ambientais da sociedade. “A gente não é contra a mineração, muito pelo contrário. Congonhas foi construída em cima da mineração, mas precisamos ordenar isso para que possamos conviver de forma harmoniosa com os impactos causados pelas mineradoras”, disse Neylor.

Edwaldo Cabidelli
Ascom/Sisema

Moradores de Congonhas denunciam nuvem de poeira causada por mineradoras: riscos à saúde

Céu da cidade da Região Central de MG ficou coberto no último fim de semana; Secretaria de Estado do Meio Ambiente promete fiscalização nesta sexta-feira (3).

É só o tempo ficar mais seco que os moradores de Congonhas, na Região Central de Minas Gerais já sabem: uma nuvem de poeira invade a cidade. No último sábado (27), alguns bairros chegaram a ficar encobertos. Morador da cidade há mais de 50 anos, o técnico em mecânica aposentado Sandoval de Souza Pinto Filho fez imagens e as enviou para a TV Globo.

As imagens feitas por Sandoval mostram que a poeira suja móveis, roupas. O problema vem da mineração, que é intensa na cidade. Desde 2008 os moradores sentem o incomodo. Eles dizem que dura o ano inteiro, mas fica pior nesta época do ano. A grande preocupação é com a saúde.

Nuvem de poeira em Congonhas: moradores estão preocupados — Foto: Reprodução / TV Globo
Nuvem de poeira em Congonhas: moradores estão preocupados — Foto: Reprodução / TV Globo

Para tentar entender o problema e propor soluções, a Prefeitura de Congonhas começou, há cerca de dois meses, uma pesquisa sobre a atividade mineradora na cidade. Um dos itens do estudo foi o transporte do minério de ferro, e uma das conclusões foi que os locais mais próximos das rodoviais são os que mais sofrem com a poeira.

Neylor Aarão, secretário de meio ambiente de Congonhas, disse que os parâmetros podem até estar dentro do que está na legislação, mas não são bons para a saúde.

Além dos transtornos e da preocupação com a saúde, há o medo de a poeira prejudicar também um patrimônio histórico do nosso estado: os profetas de Aleijadinho. O secretário não tem certeza se a poeira afeta e que, por isso, é preciso preventivamente.

A prefeitura diz que já acionou o Ministério Público, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a Fundação Estadual do Meio Ambiente para tentar resolver o problema. O objetivo é cobrar providências das mineradoras que atuam no município, para que patrimônio e população sejam preservados.

O que dizem os envolvidos

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente informou que existem sete estações que monitoram a qualidade do ar na cidade. Ainda segundo a pasta, uma equipe da Feam vai fazer uma nova fiscalização em Congonhas nesta sexta-feira (3).

A Vale informou que as estações de monitoramento de qualidade do ar registraram dados dentro dos padrões legais nesse fim de semana e que os controles operacionais para redução de material particulado estão funcionando normalmente.

TV Globo pediu uma posição para a Mineradora CSN, que também atua na região, mas não recebeu resposta. (G1)

Em nota unificada, entidades defendem paralisar a mineração

Hoje, 01 de abril de 2020, Mariana/MG acordou com a triste notícia da confirmação do primeiro óbito por Covid-19 na cidade. Um trabalhador de apenas 44 anos, fora do chamado “grupo de risco”, sendo, conforme indicado pela Secretaria Municipal de Saúde de Mariana, contaminado de forma comunitária, quer dizer, a transmissão do vírus aconteceu dentro da própria cidade. Lamentamos profundamente essa perda e nos solidarizamos com sua família e amigos.
Esse fato, alerta mais ainda cada trabalhador e trabalhadora que o Novo Coronavírus não se trata de uma “gripezinha”, mas que é necessário tomar fortes medidas para garantir a saúde e a vida de nossa classe, a classe trabalhadora, sendo a principal delas a garantia de isolamento social daqueles que não fazem parte de atividades essenciais em uma situação de pandemia.
Na contramão da política de isolamento social, as grandes mineradoras (Vale, Samarco, CSN e Gerdau) e suas “contratadas” mantêm sua produção, aglomerando operários e operárias dos pontos de ônibus às minas, utilizando de ações de prevenção absolutamente insuficientes, como redução parcial dos turnos, distanciamento nos ônibus e refeitórios, e triagem em algumas empresas. Até o momento já existem dois casos confirmados de Covid-19 na região sudeste da Vale S/A, sendo um em Minas Gerais. Preocupa-nos o fato de o setor minerário não ter paralisado suas atividades. Repudiamos ações do Governo Federal, como a Portaria nº 135/GM, de 28 de março de 2020, do Ministério das Minas e Energia, que autoriza o setor a manter suas atividades, não respeitando as orientações da Organização Mundial de Saúde, que estão sendo assumidas pelo mundo inteiro. Além do mais, se compararmos as normas que restringem as atividades não essenciais, não há a menor dúvida que a cadeia produtiva da indústria minerária não se enquadra como essencial de acordo com o Decreto 10.292/2020. Uma mera Portaria publicada pelo Ministro das Minas e Energia não tem efeito para dar interpretação mais flexível do que as normas restritivas do Decreto. Por ordem da hierarquia das normas, portaria interna não tem força para modificar as restrições impostas por Leis, Decretos e Recomendações Internacionais.
Os governos a nível municipal, estadual e federal que deveriam exigir mudanças quanto a essa situação, ora colaboram, ora se acovardam frente aos interesses econômicos das grandes mineradoras. Assim, junto com essas empresas, colocam a vida de seus trabalhadores, familiares e todo município em risco. Cobramos dos poderes públicos que tomem o lado da vida! Promovendo também renda básica digna aos trabalhadores autônomos e informais, isenções de impostos e crédito a juros zero a pequenos empresários e agricultores, anulação de leis que retiram recursos dos serviços públicos, mais investimentos na saúde pública e pesquisa científica, ampliando ao máximo os testes e fornecendo dados com transparência.
Passou da hora de ser garantido aos trabalhadores e trabalhadoras da mineração o direito ao isolamento social! Cada minuto faz diferença para a vida e à saúde da população das cidades mineradoras. Contudo esse direito não pode ser acompanhado de insegurança quanto aos seus empregos e salários. Por isso, deve ser combinado com estabilidade no emprego e garantia de remuneração integral a todos funcionários e funcionárias das áreas de mineração, desde as primárias às “contratadas”.
Assim, as organizações signatárias, exigem à paralisação imediata das grandes mineradoras para barrar o vírus e salvaguardar nossas cidades. Se não vier por parte da administração dessas empresas ou por ordem dos poderes públicos, convocamos os trabalhadores a construírem uma forte greve em defesa de suas vidas, de suas famílias e de suas cidades! Não podemos ser bucha de canhão da ganância das empresas, nem da irresponsabilidade e covardia dos poderes públicos. Nossas vidas primeiro!

Assinam:

Sindicato Metabase Inconfidentes
Sindicato Metabase Mariana
Sindicato dos Servidores Municipais de Mariana (Sindserv-Mariana)
Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais (FSDTM)
Sindicato dos Metalúrgicos de Ouro Preto e Região – São Julião
Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Ouro Branco (SeesS)
Sindicato dos Servidores Municipais de Ouro Preto (Sindsfop)
Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-Ute Ouro Preto)
Sindicato Nacional dos Servidores Federais (Sinasefe) Seção IFMG
Associação dos Docentes da Universidade Federal de Ouro Preto (ADUFOP)
Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da UFOP (ASSUFOP)
Associação de Defesa de Professoras e Professores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – ADPROU
Secretaria Regional Leste do ANDES-SN
Sindicato dos Docentes da Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri (Adufvjm)

Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas-Minas Gerais)
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Central das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Brasil (CTB)
Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
Unidade Classista
Fórum Sindical, Popular e de Juventudes
Movimento Luta de Classes (MLC)

Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM)
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Comitê Popular “Pereira de Luta”

Federação das Associações de Moradores de Mariana-MG (FEAMMA)
Força Associativa dos Moradores de Ouro Preto (FAMOP)

Movimento Mulheres em Luta (MML- Mineração)
União Brasileira de Mulheres (UBM – Núcleo Ouro Preto)
União Nacional LGBT de Minas Gerais (UNALGBT)
Movimento itabiritense de Lésbicas Gays Bissexuais e Travestis (ITALGBT)
Coletivo OuTro Preto
Movimento de Mulheres Olga Benario – Núcleo Ouro Preto e Mariana
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
Coletivo Elas Por Elas Ouro Preto

União Nacional dos Estudantes (UNE)
União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG)
União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES)
Associação Nacional de Pós Graduandos (ANPG)
União Colegial de Minas Gerais (UCMG)
Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (DCE-UFOP)
Centro Acadêmico de Serviço Social da Universidade Federal de Ouro Preto (CASS-UFOP)
Centro Acadêmico de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto (CALET-UFOP)

Rebeldia – Juventude da Revolução Socialista
União da Juventude Socialista de Minas Gerais (UJS-MG)
União da Juventude Comunista (UJC)
Levante Popular da Juventude
Movimento Correnteza
Juntos! Minas Gerais

Coletivo de Trabalhadores da Educação “Educação Em Luta”

Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC-Minas Gerais)
Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro (grupo interdisciplinar de pesquisa, ensino e extensão vinculado a UFVJM – Dimantina, MG)

Dimensão Sociopolítica da Arquidiocese de Mariana
Movimento Fé e Política – Arquidiocese de Mariana
Pastoral Afro-Brasileira da Arquidiocese de Mariana

Reitoria da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU)
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL-Minas Gerais)
Partido dos Trabalhadores (PT-Ouro Preto e Mariana)
Consulta Popular
Unidade Popular Pelo Socialismo

Mandato Deputado Federal Padre João (PT)
Mandato Deputado Federal Rogério Correia (PT)
Mandato Deputada Estadual Beatriz Cerqueira (PT)
Mandato Vereador de Mariana Cristiano Vilas Boas (PT) (Vertentes Online)

Apesar dos protestos de sindicatos, empresas afirmam que adotaram medidas de proteção aos trabalhadores

E meio aos protestos de sindicalistas do setor mineral e siderúrgico, cobrando medidas para proteção aos trabalhadores em torno do coronavírus, nossa reportagem ouviu as empresas do setor.
Por meio do ofício, o prefeito de Congonhas, Zelinho (PSDB), solicitou o envio de um relato completo e detalhado de todas as medidas que foram ou serão implementadas pelas empresas mineradoras para a efetiva proteção dos seus funcionários, seja como se realiza o transporte até a empresa, o modo de utilização comunitária de ambientes, como restaurantes, setores de trabalho, vestiários, entre outros.

Gerdau
O Gerdau mantém constante diálogo com os sindicatos dos trabalhadores para informar sobre as ações que vem sendo tomadas na prevenção ao coronavírus (Covid-19) entre seus colaboradores e funcionários terceirizados. A Empresa adotou uma série de medidas para mitigar o risco de transmissão nos locais de trabalho, seguindo as orientações divulgadas pelos órgãos de saúde competentes.
Para os profissionais que desempenham atividades nas áreas operacionais e necessariamente precisam ir até as unidades, a Gerdau está realizando um monitoramento rigoroso para identificação de possíveis sintomas. Diariamente, os trabalhadores seguem o procedimento padrão obrigatório de higienização e são submetidos a uma avaliação clínica com medição de temperatura. Essas medidas valem também para os motoristas que realizam o transporte dos colaboradores e dos motoristas dos caminhões que entram na área operacional.
A Empresa adotou um rigoroso processo de limpeza e desinfecção das áreas, de acordo com as recomendações técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A limpeza inclui áreas produtivas e de convivência, estações de trabalho, refeitório e ônibus fretado. Além disso, implementou a flexibilização dos horários de refeições para evitar aglomerações e assegurar o distanciamento mínimo entre as pessoas.

Trabalhadores deixam a siderúrgica VSB / DIVULGAÇÃO

Vallourec
A Vallourec criou um Comitê de Crise e vem adotando uma série de medidas para mitigar o risco de transmissão nos locais de trabalho, como a recomendação de home office e o cancelamento de viagens nacionais e internacionais, e acompanhando, diariamente, a evolução da pandemia e os impactos para seus colaboradores, suas famílias e o mercado.
Em todos os sites da Vallourec no Brasil foram adotadas medidas que incluem:

      • Isolamento preventivo

Os empregados que podem trabalhar de casa estão exercendo suas atividades em regime de home office, bem como todos os estagiários e aprendizes, empregados com idade maior ou igual a 60 anos, grávidas e puérperas, e portadores de doenças crônicas com indicação médica. Todos passaram por treinamento. Além disso, está sendo priorizado o uso dos recursos a distância para a realização de reuniões, com cancelamento de todas as viagens, eventos, treinamentos e reuniões presenciais, para o controle de possíveis aglomerações.
Viagens para empregados, terceiros e visitantes
As viagens nacionais e internacionais estão canceladas. A orientação para viajantes, que retornaram do exterior ou de estado com transmissão comunitária, é permanecer em quarentena por 14 dias. Caso apresentem sinais e sintomas de gripe, devem comunicar de imediato à Medicina do Trabalho, para as devidas orientações.

  • Transporte de pessoal

Diversas medidas para evitar o risco de contágio no transporte de pessoal foram tomadas pelas equipes de Logística e seus respectivos prestadores de serviço: aumento da frota no transporte casa/empresa/casa para proporcionar mais espaço entre os passageiros; disponibilização de álcool em gel nos veículos; circulação com as janelas abertas; higienização diária dos veículos; orientação aos profissionais de transporte e aos passageiros; e divulgação de informativos nos veículos sobre os principais cuidados de prevenção.
Locais de aglomeração de pessoas
Foi criada uma escala de uso dos refeitórios para evitar aglomerações, e a distância entre uma cadeira e outra foi aumentada em aproximadamente um metro. Além disso, os espaços de descanso nas redondezas dos refeitórios foram temporariamente interditados para evitar o agrupamento de pessoas.

  • Canal de atendimento exclusivo

Um número de telefone exclusivo para falar com a Medicina do Trabalho está disponível para que os colaboradores das empresas Vallourec no Brasil e seus familiares esclareçam dúvidas.
Ações de higiene individual e coletiva
Informativos com o passo a passo de como higienizar corretamente as mãos com água e sabão ou álcool gel foram afixados nos refeitórios, banheiros e lavabos; foi feita a instalação de dispenser de álcool gel nas áreas; e intensificada a higienização de locais como cabines, banheiros e refeitórios.

CSN
A empresa reafirma que tem seguido as recomendações do Ministério da Saúde e das autoridades competentes no assunto.

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