Moradores de 3 barras temem rompimento de lagoa

Moradores da comunidade de “Três barras, em Lafaiete (MG), temem rompimento de lagoa cujo rompimento pode afetar a comunidade. Eles cobram uma solução da prefeitura.
Enviaram a nossa redação Correio de Minas um vídeo e cobram uma solução da prefeitura. A situação é de risco

https://youtu.be/tbunCdp5bWI

Risco de rompimento em mina da AngloGold leva medo a Santa Bárbara

Erosões profundas e progressivas em pilha de estéril que estaria sendo usada para depósito de rejeitos ameaçam ruptura, vidas e meio ambiente

Santa Bárbara – As fendas profundas e voçorocas que se abriram com as chuvas engolem a base e os taludes de uma montanha de rejeitos da mineração de ouro. Se os mais de 80 metros de detritos da chamada Pilha do Sapê vierem abaixo, uma tragédia pode ser provocada como a de Brumadinho e até mesmo cortar o abastecimento de mais de 25 mil pessoas.

Por isso, os funcionários da Mina Córrego do Sítio (CDS), da AngloGold Ashanti, em Santa Bárbara, foram evacuados às pressas, na última semana de janeiro. A empresa chegou a minimizar, comunicando que se tratava de medida preventiva.

“O processo de erosão dessa estrutura é evidente e preocupante, precisa receber intervenção urgente. Reforça isso a retirada dos trabalhadores pela própria empresa”, afirma o professor Carlos Barreira Martinez, do Instituto de Engenharia Mecânica (IEM) da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), após ver as imagens exclusivas da reportagem do Estado de Minas mostrando os rombos na estrutura. A reportagem aguarda posicionamento da empresa.

O Governo de Minas Gerais, por meio do Gabinete Militar do Governador (GMG)/Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), informou que, “ao tomar conhecimento sobre possível instabilidade em uma pilha de rejeitos de mineração do complexo da Mina Córrego do Sítio, localizada no município de Santa Bárbara-MG e explorada pela AngloGold Ashanti, solicitou, de imediato, informações à mineradora”. 

Detalhe das drenagens soterradas e da base da pilha erodida(foto: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)

Segundo a Cedec-MG, a Anglo Gold informou que identificou processos erosivos em uma pilha de rejeitos, mas que estes estão controlados, não havendo risco para a estrutura, e que o material está classificado como não perigoso.

“A empresa informou que não houve extravasamento de material ou impacto ao meio ambiente e às comunidades próximas. A empresa destacou que já faz intervenções preventivas. O Governo de Minas, por meio de seus órgãos fiscalizadores, está atento às operações da mineradora em pauta e acompanhando a situação”, aponta o órgão de estado.

Às moscas


No complexo CDS1 da porção oeste da mineradora não há mais nem sinal dos trabalhadores de macacão laranja da empresa. Tudo que ficava abaixo da Pilha de Sapê foi redirecionado, evacuado e transferido para a planta CDS2, 7,5 quilômetros a leste.

Complexo minerário de Córrego do Sítio, da AngloGold em Santa Bárbara(foto: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)

Enquanto especialistas afirmam que obras emergenciais de contenção da pilha deveriam estar em andamento, o cenário constatado pela reportagem do EM na última semana é de abandono. Não há movimentação de máquinas na pilha, e estruturas funcionais esvaziadas chegam a inundar com as chuvas ainda constantes.

A proximidade dos funcionários com o perigo se mostrava semelhante ao que se tinha na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, onde 270 pessoas morreram, em 2019.

Portaria, refeitório, áreas administrativas e operacionais sob a pilha foram evacuadas(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A.Press)

À sombra da pilha minada pela água estão áreas de trabalho que eram ocupadas e intensas, como o escritório central, a 260 metros da estrutura, os alojamentos e refeitórios (290 metros), os tanques onde trabalhadores afirmam estar estocadas misturas com cianeto que é tóxico para animais e o ser humano (322 metros) e a portaria do complexo (600 metros).

Risco de desastre 


Mas ambientalistas alertam que a devastação que um desmoronamento da Pilha do Sapê pode trazer ainda é enorme, não sendo sanada pela evacuação dos funcionários da AngloGold Ashanti.

“A estrada que leva a Itabirito e a Santa Bárbara, passando pela Mina Córrego do Sítio, não recebeu segurança, não tem equipes prontas para fechar o tráfego nem a população próxima foi alertada”, destaca o dirigente estadual da Região do Caraça do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Luiz Paulo Siqueira.

Uma onda de rejeitos precisaria percorrer apenas 525 metros a partir da pilha para chegar ao Rio Conceição. A reportagem testemunhou que um volume considerável do material do empilhamento já está escoando pelas erosões para o manancial.

De tão límpido, o corpo hídrico é considerado de classe 1 naquele segmento, ou seja, segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), as águas estão aptas ao abastecimento humano com tratamento simplificado, pesca, natação, mergulho, irrigação de hortaliças e frutas consumidas cruas.

Uma vez que rejeitos despejados de suas contenções escorrem para dentro de águas o perigo se amplia, segundo observam especialistas e ambientalistas. “Como ocorreu em em Mariana, quando a Barragem do Fundão se rompeu e o rejeito entrou na Barragem Santarém, de água, ganhando mais força e velocidade”, compara Siqueira.

Material que escoa da pilha chega ao Rio Conceição e pode afetar a qualidade das águas e abastecimento em caso de desabamento(foto: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)

Encaixada na calha do Rio Conceição, a devastação dos rejeitos da mineração de ouro e seus possíveis contaminantes teriam um caminho de 10 quilômetros para chegar até a estrada que leva ao Santuário do Caraça.

São apenas 500 metros para saltar do Rio Conceição e chegar até o Ribeirão do Caraça, em vários pontos mais baixo que o manancial carregado de rejeitos. Com isso, a comunidade, os ambientalistas e os especialistas temem que ocorra uma contaminação do Ribeirão do Caraça, que é a principal fonte de abastecimento do município de Santa Bárbara, chegando às torneiras de cerca de 25 mil pessoas.

“A devastação no caminho de uma captação de água poderia ser uma tragédia atrás da outra e temos visto isso acontecer com certa frequência no estado”, alerta Carlos Barreira Martinez, que é doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de Campinas.

A onda de rejeitos ainda traria impactos como inundações aos lares de 800 pessoas do distrito de Brumal, que fica às margens do Rio Conceição, interropendo acessos ou trazendo impactos às atividades de cerca de 2 mil pessoas dessa comunidade.

Já no Rio Santa Bárbara, o destino dos resíduos que podem ser altamente tóxicos é a Barragem do Peti, que pode conter o volume, mas teria impactos na atividade pesqueira e de lazer, sendo que após a hidrelétrica da Cemig, o manancial desagua no Rio Piracicaba e por fim no Rio Doce, em Ipatinga.

Perigo em Santa Bárbara

Erosões em estrutura com rejeitos da Anglogold ameaçam comunidades e ambiente
Mina Córrego do Sítio

  • Município
    Santa Bárbara
  • Região
    Central de MG
  • Distância de BH
    108km
  • Bacia Hidrográfica
    Rio Doce
  • Produção
    Ouro
  • Implantação
    1987, composta por duas minas subterrâneas (Minas I e II), uma mina a céu aberto (Open Pit) e duas plantas metalúrgicas
  • Barragens de rejeitos
    Métodos linha de centro (CDS1) e jusante (CDS2)
  • Situação
    Laudos de estabilidade, desativadas e sendo desmanchadas
  • Disposição de rejeitos
    A seco

Fonte: AngloGold Ashanti
Estrutura que ameaça a segurança da comunidade, trabalhadores e meio ambiente
Pilha de Sapê

  • Altura
    83 metros
  • Área
    133 mil m2 (dobro da área que contém os edifícios Minas e Gerais da Cidade Administrativa de MG)
  • Composição
    Sedimentos estéreis (inservíveis) e rejeitos (empresa afirma serem inertes, trabalhadores denunciam tóxicos presentes como cianeto e arsênio)

Problemas identificados

  • Erosões grandes e em progresso nos taludes e na base
  • Ausência de contenções
  • Material sendo carreado para o Rio Conceição
  • Não foram vistos trabalhos de reparos
  • Vias de acesso livres em caso de emergência
  • Comunidades reclamam de falta de informações e transparência

Distâncias da estrutura

  • 260 metros
    Escritório Central da Mina (evacuado)
  • 290 metros
    Alojamentos e refeitórios (evacuados)
  • 322 metros
    Tanques (trabalhadores afirmam estar estocado ali misturas com cianeto)
  • 525 metros
    Rio Conceição
  • 652 metros
    Estrada Brumal,  Itabirito (Parque nacional da Serra do Gandarela)

Distâncias dos rejeitos pelos vales dos rios

  • Rio Santa Bárbara
    7,3km
  • Estrada para o Santuário do Caraça e captação de água de Santa Bárbara
    10km
  • Brumal (Santa Bárbara)
    11,2 km
  • Barragem do Peti (Cemig)
    26,5km
  • Usina Hidrelétrica do Peti
    41km
  • Rio Piracicaba (Nova Era)95km
  • Rio Doce (Ipatinga)211km

Fontes: MAM, AngloGold Ashanti, Copasa, Cemig, ANA, Igam e reportagem, EM

Brasil tem 46 barragens em situação de emergência, três delas com risco de rompimento iminente em Minas Gerais

Os dados são da Agência Nacional de Mineração (ANM) e apontam que a maioria está em Minas Gerais após as fortes chuvas na região

O Brasil tem 906 barragens cadastradas na Agência Nacional de Mineração (ANM). Destas, 46 estão em situação de emergência, de acordo com dados divulgados no portal da Agência. A maioria das barragens afetadas com as fortes chuvas estão localizadas no estado de Minas Gerais: 39.

De acordo com a ANM, três  barragens estão em situação de emergência nível 3, quando o rompimento é iminente ou está em curso. São elas: B3/B4 em  Nova Lima, Forquilha III em  Ouro Preto, Sul Superior em Barão de Cocais, todas em Minas Gerais, e controladas pela empresa Vale. 

As chuvas das últimas semanas até o momento não provocaram nenhum incidente por causa das barragens, mas os moradores da região estão preocupados. Alexandre Andrade, perdeu um irmão, um primo e vários amigos em 2019 no rompimento da barragem de rejeitos da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), controlada pela Vale. Outras  272 pessoas morreram.  

“Com o aumento das chuvas em Minas Gerais, temos muitos receios de que outras barragens se rompam, e os moradores dessas regiões também ficam muito apreensivos, porque quando aumenta o volume de chuva, corre o risco de rompimento”.  Três anos após a tragédia ainda há impunidade, segundo Alexandre. 

Em Pará de Minas, moradores ficaram em alerta depois que a prefeitura emitiu um comunicado pedindo que algumas famílias deixassem suas casas devido ao risco de rompimento da barragem hidrelétrica da Usina do Carioca. A situação da represa, que pertence à empresa Santanense, foi classificada por autoridades como crítica.  

Em um último comunicado oficial, a empresa Santanense informou que não houve rompimento da barragem de concreto da Usina Carioca, e que declarou emergência devido à ocorrência da cheia excepcional no rio São João, que elevou o nível da água na barragem. A empresa também orientou que a população deve seguir rigorosamente as orientações das autoridades públicas competentes. 

O governo de Minas Gerais e o Ministério Público estadual  notificaram as empresas responsáveis por  barragens de rejeitos existentes no estado para que fornecessem informações sobre os efeitos das recentes chuvas e as ações adotadas para monitorar o grau de segurança estrutural das construções. 

As informações prestadas não foram divulgadas para a imprensa, mas elas teriam que informar à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) dados sobre o volume médio de chuvas que vêm atingindo essas estruturas; a existência de um plano de ação para o período chuvoso; a capacidade e o funcionamento do sistema de drenagem. São pedidos ainda dados sobre eventuais problemas estruturais e medidas de monitoramento adotadas para minimizar o risco de acidentes.

Os dados fornecidos pelas empresas serão analisados por técnicos da Feam, em conjunto com representantes do Ministério Público estadual e com apoio de firmas de auditoria independentes. Segundo o governo estadual, o objetivo da medida é intensificar o monitoramento das barragens neste período de chuvas, no qual 145 dos 853 municípios mineiros decretaram situação de emergência, e reforçar a segurança da população.

De acordo com a legislação atual vigente em Minas, o empreendedor é responsável pela segurança da barragem, devendo tomar todas as medidas necessárias para garantir a estabilidade da estrutura.

Em caso de descumprimento das solicitações, as mineradoras podem sofrer autuação por determinação de agente fiscalizador da Secretaria de Estado de de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), de acordo com o decreto 43.383/2018. A multa, a depender do porte e da capacidade poluidora da empresa, pode variar entre 250 ufemgs a 27.000 ufemgs (1 ufemgs = R$ 4,7703 na cotação atual.

MAIOR RESERVATÓRIO DA AMÉRICA LATINA

Em Goiás, o Lago Serra da Mesa, no norte do estado, considerado o maior reservatório em volume de água da América Latina, está com 38% de capacidade e deve chegar até 40% com as fortes chuvas que tem atingido o estado. O secretário de Meio Ambiente do município de Niquelândia, André Rosa, comenta a situação na região. 

“O lago nunca encheu tão rápido assim, as barragens estão todas controladas. O que temos é muita chuva, em relação a barragens não temos riscos”.

Fonte: Brasil 61

‘A barragem estava quase rompendo’, afirma diretor da ANM sobre Vallourec; veja vídeo impressionante

BR-040 passou o fim de semana interditada após inundação em dique da mineradora em Nova Lima

“A barragem estava quase rompendo. Quase rompendo mesmo. Começamos a demandar a Vallourec para descer máquinas. Se continuasse da forma que estava, ia romper porque a água estava passando por cima”. O relato impressionante é de Guilherme Gomes, diretor da ANM (Agência Nacional de Mineração), em entrevista à Itatiaia neste domingo (9). A barragem em questão fica na Mina Pau Branco, da Vallourec, onde um dique transbordou no sábado (8) e interditou a BR-040, em Nova Lima, na Grande BH.

A rodovia começa a ser liberada aos motoristas na manhã de segunda-feira (10), em apenas uma faixa, após a instalação de um radar na mina Pau Branco para reforçar o monitoramento. 

Segundo o diretor da ANM, no momento há “zero” risco de rompimento, mas em caso de eventual desmoronamento do dique o tempo para a lama tomar a BR-040 é de apenas três minutos. 

“Está sendo instalado agora um radar na pilha. Mesmo com eventual rompimento nessa pilha, essa onda só chega na rodovia com 3 minutos. Em conversa com a Via 040 eles informaram que têm condição de interditar o tráfego com 50 segundos. Isso nos deu uma segurança para desinterditar”. 

Com o novo radar, as autoridades esperam ter segurança para as operações na 040. 

Guilherme Gomes também revelou que chegou “a brigar com algumas pessoas da Vallourec para conseguir essas máquinas” que fizeram as obras de emergência em uma canaleta auxiliar. “O que temos ali atrás é um talude gigantesco em uma pilha de estéril, que pode afetar o risco”, explica.

Desde o transbordamento do Dique Lisa, no dia 8/1/22, a Vallourec não poupou esforços para, em conjunto com os órgãos e autoridades competentes, minimizar os transtornos ocorridos e restabelecer a normalidade da situação.   

Na manhã de hoje, o tráfego na BR-040 foi liberado nos dois sentidos conforme os protocolos de segurança assinados com as autoridades e a Via 040.  

Nota oficial

A Vallourec também informa que, após todas as ações implementadas e inspeções realizadas juntamente com os mesmos órgãos competentes, a Agência Nacional de Mineração (ANM) autorizou a reclassificação do nível de emergência do Dique Lisa de 3 para 2.  

A Empresa segue empenhada na adoção das medias necessárias para minimizar os impactos.

FONTE ITATIAIA

https://youtu.be/ZuqM_G0XSTM

Com risco de rompimento, barragem de pesque-pague é interditada

A Defesa Civil de Congonhas em parceria com o Corpo de Bombeiros, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a Polícia Ambiental foram acionadas, nesta quinta-feira (9), para a intervenção de uma barragem de água em um pesque-pague na localidade do Pequeri.

Representantes da Defesa Civil de Jeceaba também estiveram presentes em virtude do risco de rompimento e possível cheia nos rios que cortam as localidades de Santa Quitéria, Caetano Lopes e Jeceaba.

O Diretor de Defesa Social, Denílson Carlos de Oliveira, relatou que a situação já está controlada. “Foi colocada uma retroescavadeira para abrir alguns canais para a vasão da água e, consequentemente, diminuir a pressão na parte que estava comprometida. Com isso o volume de água na lagoa diminuiu e amenizou bastante a situação”, comentou.

Por Matheus Moreira (estagiário de comunicação) / Revisão: Reinaldo Silva – SECOM – Prefeitura de Congonhas

Foto: Defesa Civil de Congonhas

Em decisão histórica, justiça obriga CSN a pagar aluguel para famílias que vivem em área de risco em Congonhas (MG)

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) pague aluguel a moradores vizinhos à Barragem Casa de Pedra, para que eles possam sair do local devido ao risco de rompimento

A pedido do Ministério Público de Minas Gerais – MPMG– e após muita mobilização das famílias atingidas – o Tribunal de Justiça de Minas Gerais deferiu liminar determinando que a CSN Mineração arque com o custo mensal de R$ 1.500, a título de aluguel, para cada núcleo familiar atingido-residente em área de risco nos bairros Cristo Rei e Residencial em Congonhas (MG) que são vizinhos ao complexo da Barragem Casa de Pedra.

De acordo com a decisão, a empresa deverá depositar a quantia, mensalmente em conta bancária indicada pelo atingido interessado em sair da área de risco. Os moradores deverão comprovar propriedade ou posse do imóvel. Para tanto, a CSN deverá se basear em cadastro da Defesa Civil ou outro a ser procedido logo após a intimação.

A ação determina ainda que a CSN arque com os custos de equipe técnica multidisciplinar para auxiliar os moradores na tomada de decisões, cabendo ao MPMG apresentar um plano detalhado para publicação de edital de convocação em 30 dias.

Na ação, o promotor de Justiça Vinícius Alcântara Galvão destaca que a ocupação dos bairros é anterior à construção da barragem, que, pelo tamanho e volume, não tem possibilidade de descomissionamento imediato, sendo impossível manter a população no local.

Na decisão, a Juíza Flávia Generoso de Mattos afirma que “se a distância do empreendimento em relação aos bairros não foi óbice para sua expansão, deve a requerida arcar com os custos da retirada dos moradores do local, arcando com as consequências de seu empreendimento”.

Em decisão anterior, a Juíza Flávia já havia determinado pagamento de aluguel de imóvel indicado pelo município para funcionamento de creche e de escola antes instalados no Residencial. Essa mesma medida de precaução é agora estendida a todos os moradores.

Em reunião com o MAB no dia 23 de novembro, o promotor de Justiça Vinícius celebrou essa vitória como histórica. Segundo ele, a determinação prioriza o direito do atingido em relação ao interesse da empresa e cria a possibilidade de sua saída da área de risco sem ser enxotado pela mineradora. Ele disse ainda que isso é uma aplicação do conceito ampliado de atingido historicamente defendido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens. 

De acordo com a coordenação do MAB, o Movimento recebe com esperança essa decisão, sabendo que seu cumprimento vai exigir muita luta. O Movimento espera, também, que a CSN acate a decisão judicial, pois, depois dos crimes da Vale em Mariana e Brumadinho, fica claro que ‘quem paga pra ver é assassino’. Independentemente da postura da empresa, o MAB e seus parceiros continuarão na busca de solução segura e definitiva para o caso.

Audiência no TJMG em que foi deferida a decisão/REPRODUÇÃO

Polícia Civil identifica mais uma vítima da tragédia em Brumadinho

Homem, de 55 anos à época do rompimento da barragem, foi reconhecido por meio de DNA. Restam sete joias desaparecidas

Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) trouxe, nesta quarta-feira (10/11), alento a mais uma família que aguardava pelo reconhecimento de seu ente querido. Um homem, de 55 anos à época da tragédia do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, em janeiro de 2019, foi identificado por meio de exames de DNA  após 1.021 dias de missão.

 O mecânico Uberlandio Antônio da Silva, natural de Linhares (ES), foi localizado pelo Corpo de Bombeiros Militares de Minas Gerais (CBMMG), no último dia 2/10, quando foi encaminhado ao Instituto Médico Legal Dr. André Roquette (IMLAR), em Belo Horizonte.

 Conforme destaca a diretora do Instituto de Criminalística (IC) da PCMG, perita criminal Carla Vieira, trata-se de um trabalho minucioso e complexo desde a fase inicial. “Seguimos um protocolo técnico para identificar de forma qualificada e com confiabilidade essas joias, para assim trazer uma resposta às famílias”, diz.  Joias são como os familiares se referem aos entes perdidos.

 Procedimentos

 “É um processo que pode levar um tempo porque temos de repetir os exames várias vezes, comparando com o material genético dos familiares, até termos a certeza de que se trata daquele indivíduo”, explica o perito criminal Higgor Dornelas.

 Ainda de acordo com Dornelas, o procedimento rigoroso atesta que se trata de uma nova identificação e não uma reidentificação, como pode ocorrer em muitos casos. “Até o momento, já analisamos mais de mil amostras e continuamos trabalhando com outros 20 a 30 materiais”, adianta.

 A perita criminal Ângela Romano, que esteve no ponto de localização do corpo para os exames iniciais, afirma que, em muitos casos, objetos e vestuários particulares podem dar indicativos para a identificação formal, o que tende a ser mais raro na atual fase de resgate. “As roupas, adereços, alianças e outros elementos de uso pessoal que as famílias nos informam podem sim indicar uma possível identificação. Contudo, sempre obedecemos às três fases de reconhecimento: impressão digital, odontologia legal e, por fim, exame de DNA”, esclarece.

 Esta é a 263ª identificação realizada pela PCMG. Restam sete joias a serem identificadas. O rompimento da barragem da Vale S.A. em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, tirou a vida de 272 pessoas – duas estavam grávidas- e gerou uma série de impactos sociais, ambientais e econômicos na bacia do Rio Paraopeba e em todo o Estado de Minas Gerais. O Corpo de Bombeiros segue incansável nas buscas.

FONTE AGENCIA MINAS

Tragédia de Mariana: seis anos de impunidade da Vale e da Samarco

Acordo “por cima” obriga vítimas, até hoje desalojadas, a negociar com seus algozes e até hoje duas das maiores mineradoras do mundo não foram capazes de reconstruir três povoados, o maior deles com 200 casas

O colapso da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG), completa seis anos neste 5 de novembro de 2021 como símbolo de impunidade, descaso e violência contra a população e o meio ambiente. Já se passaram 2.190 dias desde que a lama do reservatório da barragem vazou e, em marcha assassina, matou 19 pessoas, destruiu três povoados por completo, eliminou bichos e vegetação e envenenou o rio Doce até sua foz, no Oceano Atlântico, na costa capixaba.

Soma-se à brutalidade da lama, que invadiu a vida de milhares de pessoas em 38 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo, outro tipo de violência: a falta de definição sobre os valores das indenizações a serem recebidas por uma série de danos individuais, sociais, ambientais e econômicos. A origem dessa situação absurda pode ser identificada no acordo que criou a Fundação Renova, custeada pelas duas mineradoras acionistas da Samarco – Vale e BHP – e que ficaria encarregada de todo o processo de reparação.

O acordo foi firmado entre o governo federal, os governos dos dois estados e as mineradoras sob o argumento de que a fundação seria mais célere do que um processo judicial comum na concessão dos pagamentos. Na época, as vítimas não foram ouvidas. Foi um acordo, digamos, “por cima”. Não tinha como dar certo – e não deu – porque a criação da fundação embutiu uma lógica perversa: as vítimas teriam que negociar com seus algozes.

A ineficiência (da Fundação Renova) pode ser medida pelo fato de que nenhum dos três povoados devastados – Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira – foi reconstruído. Portanto, seis anos depois da lama, os moradores ainda não têm suas novas casas

A fundação começou a trabalhar no segundo semestre de 2016. Passados cinco anos, a Renova tem pouco a apresentar. A ineficiência pode ser medida pelo fato de que nenhum dos três povoados devastados – Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira – foi reconstruído. Portanto, seis anos depois da lama, os moradores ainda não têm suas novas casas. Não estamos falando da construção de uma nova cidade, mas de pequenos povoados, o maior deles, Bento Rodrigues, com cerca de 200 casas, duas igrejas, uma escola, um posto de saúde, uma quadra de esportes. Duas das maiores mineradoras do mundo não foram capazes de reconstruir três povoados no interior de Minas Gerais.

Diante da ineficiência, o Ministério Público estadual propôs ação pedindo a extinção da fundação. Entre outros motivos, porque identificou problemas na prestação de contas da entidade e desvio de finalidade. O MPMG descobriu, por exemplo, que diretores receberam salários que somaram cerca de R$ 1 milhão por ano. A ação proposta pelo MPMG contra a Renova está paralisada.

O fracasso no processo de reparação levou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mediar uma tentativa de novo pacto com vistas a acelerar as compensações aos atingidos e a recuperação ambiental. Participam das negociações Vale, BHP Billiton, Samarco, representantes dos governos estaduais e federal, dos tribunais de Justiça, dos ministérios públicos e das defensorias públicas de Minas Gerais e do Espírito Santo, além do Ministério Público Federal (MPF) e da Advocacia-Geral da União (AGU). A previsão é que se chegue a alguma conclusão em fevereiro de 2022.

O que não tem nenhuma previsão é o desfecho da ação criminal na Justiça Federal. Em novembro de 2016, a Justiça aceitou a denúncia do MPF, tornando 21 acusados e as três mineradoras réus por homicídio qualificado com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), inundação, desabamento e crimes ambientais, entre outros. Decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região aceitou recurso da defesa dos réus e ninguém mais responde por homicídio. Também respondem ao processo o engenheiro e a empresa de consultoria responsáveis pela emissão do laudo que atestou a estabilidade da barragem.

Não há como analisar a tragédia de Mariana sem compreender o encadeamento de violências contra os trabalhadores da barragem, as populações que viviam nos povoados rurais e as que vivem na bacia do rio Doce e que dele tentam tirar seu sustento. São milhares de pescadores, lavadeiras, fazendeiros, agricultores, pequenos comerciantes. Dano particularmente grave é o dos indígenas Krenak, que têm o rio Doce como matriz de sobrevivência material, cultural e espiritual.

O rompimento da barragem despejou cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro em córregos, ribeirões e no rio Doce. A lama percorreu 660 km entre a barragem e a foz, no Atlântico. Pela quantidade de rejeito despejada, pela extensão percorrida pela lama e pelos danos causados, o colapso de Fundão é considerado o maior desastre socioambiental do Brasil e o maior do mundo no setor de barragens.

Tudo que envolve a avalanche de lama mineral é dolorosamente superlativo. Quando escrevi o livro “Tragédia em Mariana” (editora Record) entendi que só poderia expressar a brutalidade desse desastre se mostrasse o drama humano de cada um dos atingidos que concordaram em conversar comigo. É por isso que encerro este artigo com um trecho do livro que traz o relato de como o funcionário da Samarco Romeu Arlindo dos Anjos foi engolfado pela lama e, milagrosamente (não consigo achar outra palavra), sobreviveu para contar os minutos da sua vida em que ele achou que seria tragado para o abismo da morte.

“Entre 15h30 e 15h50, ouviu um estrondo, como se fosse um rugido das profundezas da terra. Olhou para o reservatório e viu a massa de rejeitos mover-se como uma gelatina. Foi tudo muito rápido, abrupto. Em poucos minutos, a barragem estourou por completo e a lama armazenada começou a pôr-se em movimento. Romeu travou por uns dez segundos, com as mãos no volante. Achou que estava passando mal. Olhou para a frente. Era como se o mundo se desintegrasse. O solo se desfazia em pedaços. Ele tirou o cinto, abriu a porta, desceu correndo. Viu a caminhonete tombando. Desorientado, pensou em correr para a margem esquerda da barragem. Perdeu preciosos segundos até perceber que seria impossível. Os blocos de areia se partiam em fragmentos. Tudo desmoronava. Decidiu, então, correr para a margem direita, menos esfacelada até aquele momento. Romeu corria, caía de joelhos, levantava, pulava as trincas e, quanto mais corria, mais achava que não saía do lugar. Corria sobre o solo em movimento, como se a terra fosse uma onda e ele surfasse em cima de um organismo vivo e traiçoeiro, que a qualquer momento poderia se abrir sob os seus pés e tragá-lo para as entranhas do inferno.

Era tudo escuro. Um tronco o atingiu na coxa esquerda, galhos batiam no corpo e no rosto enquanto ele rolava e girava numa inesgotável espiral de desespero. Quando achava que estava perto de sucumbir, conseguiu agarrar-se a um tronco e botar a cara para fora. Puxou o ar. Estava vivo

No desespero para se salvar, continuou pulando as trincas. Estava quase sem fôlego quando buscou as últimas forças e, num impulso, conseguiu saltar para o mato, em terreno sólido. Achou que tivesse escapado, já estava rezando e agradecendo a Deus, quando foi surpreendido por um tapa no ouvido. Era a lama, que vinha em ondas vigorosas e sucessivas e que o arrastou para a escuridão do oceano de lava espessa e viscosa. A essa altura, a massa já estava misturada aos escombros da estrutura que cedera e às centenas de milhares de árvores que havia no caminho. Tudo estava incorporado num fluxo de detritos avassalador e implacável. Romeu afundou, teve a sensação de estar se afogando. Ficou submerso por minutos, talvez segundos, que pareceram uma eternidade. Era tudo escuro. Um tronco o atingiu na coxa esquerda, galhos batiam no corpo e no rosto enquanto ele rolava e girava numa inesgotável espiral de desespero. Quando achava que estava perto de sucumbir, conseguiu agarrar-se a um tronco e botar a cara para fora. Puxou o ar. Estava vivo. Quase sem forças, se deixou levar pelo fluxo, sentindo dores, engolindo lama e areia. Até que o ímpeto da correnteza diminuiu e o fluxo baixou, como se tivesse se acomodado ao terreno.

Apesar da lama nos olhos, conseguiu avaliar o cenário. Encontrava-se cercado de árvores e troncos boiando. Calculou que estava a cerca de 30 metros do terreno natural e que, se o alcançasse, conseguiria escapar. Era a oportunidade de se salvar, certamente a última. Precisava ser ágil e rápido para se mover em meio ao lodaçal. Ele se levantou e saiu pulando por cima dos troncos, afundando, levantando, afundando, levantando, até chegar no mato. A cabeça doía. Romeu jogou-se no chão e ficou deitado por cerca de 40 minutos, vomitando sem parar. Expeliu muita lama, até sair um líquido verde. Estava zonzo. De onde observava, viu que a lama continuava descendo, com um estrondo de fim do mundo, se fim do mundo houvesse.”

FONTE PROJETO COLABORA

Acontece hoje (04) simulação de evacuação para rompimento de barragem em Congonhas

Acontece hoje 4/11 uma simulação de evacuação de emergência para rompimento de barragem realizada pela CSN em conjunto com a Defesa Civil do município de Congonhas. A simulação acontecerá na localidade do Antigo Plataforma, às 9h, e será emitido o som real das sirenes com duração de aproximadamente 7 minutos, de acordo com informações da mineradora.

Segundo com a Defesa Civil, a sirene terá o volume do som diminuído para que seja ouvida apenas naquela localidade onde, atualmente, existem quatro imóveis habitados.

A mineradora distribuirá panfletos informativos para as famílias que moram na localidade com informações referentes ao treinamento. O mesmo material orientativo será distribuído nas estradas de acesso à localidade para pessoas que eventualmente estejam passando pelo local no momento da simulação. A Defesa Civil participará destas ações. Os moradores serão orientados a evacuarem-se de suas casas, deslocando-se para o Ponto de Encontro.

Em caso de dúvida contate a Defesa Civil nesses telefones: 199 ou (31) 98476-5045.

Por Reinaldo Silva – SECOM – Prefeitura de Congonhas

Foto: Augusto Ricelli

Alerta: barragem de mineradora se rompe

Uma barragem de água se rompeu nesta segunda-feira (9) em Sarzedo, na região metropolitana de Belo Horizonte. A estrutura pertence à mina do Engenho Seco, que fica próxima ao córrego do Engenho Seco.

A Defesa Civil está a caminho do local, em uma comunidade rural que pertence ao município de Sarzedo para apurar o rompimento de um talude de uma barragem de água. De acordo com a Defesa Civil da cidade, a barragem fica em um local conhecido como terreno do Zé Carlos.

FONTE R7

https://www.youtube.com/watch?v=n0DbpuevoSU

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