15 pessoas morreram todos os dias nas rodovias federais em 2024

Número de multas cresceu 65% no primeiro trimestre em consequência da irresponsabilidade ao volante

Quinze pessoas morreram todos os dias no primeiro trimestre de 2024 nas rodovias federais brasileiras, um crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos primeiros 90 dias de 2024, elas foram palco de 16.921 sinistros, que deixaram 1.363 mortos e 19.996 feridos. Os dados são de um levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) a pedido da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra) e revelam que estamos falhando na missão de salvar vidas no trânsito. “A atual situação é fruto de políticas públicas mascaradas pela promessa de desburocratização, iniciadas em 2019, que culminaram em uma onda de infrações, violência e mortes. Paralelamente a isso a explosão de casos de ansiedade, depressão e transtornos de personalidade fizeram das ruas, avenidas e rodovias os espaços públicos mais desafiadores para se deslocar”, comenta o diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbra.
Mais mortos e feridos
A análise dos dados mostra que tanto o número de sinistros, quanto de mortes e de feridos cresceu 9%. E isso é reflexo direto do aumento no comportamento imprudente do motorista. O número de multas aplicadas pela PRF cresceu 65% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023. Foram 1.332.745 infrações no período, o equivalente a 10 multas por minuto. “Esse aumento das infrações é a materialização do desrespeito às leis de trânsito por motoristas agressivos e intolerantes. O resultado disso é percebido pelo aumento de infrações relacionadas a excesso de velocidade, uma prática que está associada à gravidade é letalidade desses eventos evitáveis de trânsito”, comenta Coimbra.
PRF fiscaliza excesso de velocidade em rodovial
Ranking da imprudência
Entre as principais causas de infrações estão o excesso de velocidade, que rendeu mais de 1 milhão de multas; ultrapassagem pela contramão; desobedecer às ordens dos agentes de trânsito e até mesmo deixar de usar cinto de segurança. “Questões que pareciam pacificadas, como o uso de cinto de segurança, voltam a figurar entre as principais causas de autuação nas rodovias federais, mostrando que nossa população acreditou nessa falácia de que cada um pode ser o responsável pela sua própria segurança. Reconstruir o desserviço será uma tarefa difícil, porém possível através do exemplo e da intensificação das fiscalizações. O momento é de extremo caos, e inicialmente precisamos restabelecer a ordem e a paz no trânsito para posteriormente revogar inúmeros retrocessos que foram aprovados pelo Congresso Nacional”, finaliza Coimbra.
Dados referentes ao 1º trimestre
Número total de acidentes
2023: 15.591
2024: 16.921
Número total de feridos
2023: 18.332
2024: 19.996
Número total de mortos
2023: 1.247
2024: 1.363
Número total infrações
2023: 806.683
2024: 1.332.745
Fonte: Polícia Rodoviária Federal

Virada ambiental: CCJ aprova projeto que permite desmatar em todos os biomas; entenda

O meio ambiente está sob ataque no Congresso Nacional. É assim que ambientalistas e parlamentares ligados ao meio ambiente enxergam a movimentação da bancada ruralista em comissões temáticas, e no próprio plenário da Câmara, com a intenção de flexibilizar legislações ambientais e ampliar permissões para desmatar áreas maiores, assim como restringir fiscalizações e amenizar punições aos infratores.

• A situação ameaçadora mais recente foi a aprovação de um projeto que libera o desmate de vegetação original em biomas que não são florestas. Essa medida, que reduz a proteção às florestas, teve o aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
• Outros cinco textos ampliam as flexibilizações de leis ambientais, como a liberação de mineração e garimpo em reservas extrativistas; afrouxam medidas de prevenção contra incêndios em áreas rurais; e extinguem taxas que custeiam o Ibama (Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), enfraquecendo a fiscalização ambiental.

As entidades que congregam ambientalistas e os deputados “verdes” estão alarmados com a aprovação na CCJ de um projeto que permite desmatar vegetações nativas não florestais em todos os biomas brasileiros, colocando em risco não apenas a Amazônia, mas regiões fragilizadas, como o Pantanal.

O texto foi analisado em caráter terminativo pela comissão e seguirá diretamente para o Senado, caso não haja nenhum recurso para análise no plenário da Câmara. A comissão atualmente é presidida pela deputada Carol de Toni (PL-SC), ferrenha apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro e integrante da bancada ruralista.

Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que hoje é presidida pela deputada Carol de Toni (abaixo), aprovou a permissão de desmatamento em áreas não florestais e avalia liberar o garimpo em reservas (Crédito:Alan Chaves)
(Tripe)

A maioria dos especialistas em legislação ambiental considera que a ofensiva contra o meio ambiente remonta aos piores momentos do governo anterior e pode integrar uma espécie de desmonte orquestrado dos mecanismos legais de preservação de matas, florestas e rios.

O ambientalista Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), já alertava para os retrocessos no setor que vinham sendo gestados desde o final do ano passado. Em uma série de artigos, o especialista afirmou que o abrandamento dos termos de licenciamentos ambientais no País, por exemplo, colocam em risco as florestas caso textos como o do PL 2.159/2021, que trata da Lei Geral do Licenciamento Ambiental, sigam adiante. “Isso faz parte de uma sucessão de tentativas de abrandar, ao longo das últimas duas décadas, o licenciamento ambiental, que é um instrumento democrático instituído pela Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA)”, escreveu Bocuhy.

Rolo compressor

• A Câmara analisa ainda textos que facilitam o garimpo em reservas, o que os ambientalistas afirmam ser uma grande ameaça até mesmo a aldeias indígenas.
• Outro projeto prevê o afrouxamento de medidas preventivas de combates a incêndios, com a subsequente amenização das punições e multas.
• Os parlamentares discutem também a flexibilização das Áreas de Prevenção Permanente (APAs), a diminuição das taxas de controle e fiscalização ambiental, que subsidiam o Ibama, e a proposta que torna “a silvicultura uma atividade sem impacto ambiental”, outro sinal que seria um grande retrocesso na legislação.

Frente Parlamentar Ambientalista iniciou no começo do ano uma mobilização de conscientização e esclarecimento a respeito dos riscos que os novos projetos em análise na Câmara podem trazer ao meio ambiente, mas admite não estar sendo fácil enfrentar o rolo compressor da bancada ruralista.

O projeto que permite desmatar vegetações nativas não florestais foi aprovado na CCJ por 38 votos contra 18, o que mostra a força dos ruralistas.

A expectativa é de que haja uma resistência maior no Senado. “Esse projeto pode abrir precedentes. O risco é ampliar a flexibilização de leis ao ponto de colocar áreas em risco para favorecer atividades econômicas em áreas de preservação, para não falar na questão da fiscalização, que inibe o crime”, diz o deputado Nilto Tatto (PT-SP), coordenador da Frente Ambientalista.

Reação

O garimpo em áreas de conservação é outra preocupação grande dos ecologistas. Aqui o temor é abrir mais precedentes para o desmonte de legislações que são eficazes na preservação do meio ambiente.

O relator do projeto, deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), afirmou em discurso no plenário que a lavra garimpeira de pequeno porte é compatível com as características das reservas, o que é contestado pelos ambientalistas.

Esse é um dos pontos que Carlos Bocuhy apontou em relação ao licenciamento ambiental. Para os parlamentares que tentam conter o avanço dos ruralistas, esse texto é a consumação da frase dita pelo ex- ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, hoje deputado pelo PL-SP, de que o governo Bolsonaro iria “abrir a porteira e deixar passar a boiada”, em alusão ao relaxamento das medidas protetivas.

A Frente Ambientalista já articula a reação aos ataques, contando com a atuação da ministra do Meio Ambiente de Lula, Marina Silva.

 

FONTE ISTO É

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