Moradores de vila fantasma às margens da BR 040 pedem socorro e vivem com casas fechadas pela poeira do minério

Uma localidade fantasma onde os moradores são obrigados a manter suas residências com portas e janelas fechadas. Ofuscada pela poeira, quem passa pela BR 040 quase não  percebe que ali existem dois bairros. No km 613 a pequena localidade de Vila Condé e Avenida Paralela, que dividem com o bairro Jardim Profeta, em Congonhas (MG), são as maiores vítimas do desenvolvimento econômico regional.
Embalados pelo aumento do preço do minério, o vertiginoso crescimento da extração  e do transporte por carretas na BR 040 acarretam transtornos.  A  Vila Condé e Avenida Paralela  estão há poucos kms das lavras de Congonhas e Ouro Preto, também  das siderúrgicas localizadas entre Congonhas, Ouro Branco e Jeceaba  e ao lado de um grande porto seco, na localidade de Joaquim Murtinho,  onde há transição do modal rodoviário para o ferroviário.

A Cidade dos Profetas é a 3ª do Brasil em maior arrecadação de CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral, mas comunidades sentem na própria pele e pagam caro pelos impactos do “progresso”.

Poluição, poeira, barulho

Moradores cobram das autoridades uma solução para os problemas / CORREIO DE MINAS

Os cerca de 50 moradores da Vila Condé estão à margem da rodovia BR 040, mas são castigados pela poeira, intenso tráfego de carretas de minério, poluição sonora, falta de segurança, riscos constantes de acidentes e uma dezena de mazelas até então sem quaisquer soluções para minimizar os intensos impactos ambientais como também na saúde e na segurança.
Nossa reportagem esteve na manhã de terça-feira (21) para ouvir o drama vivido pelos moradores, que se dizem órfãos do poder público e das autoridades em geral. “Aqui o tráfego de caminhões é 24 horas. A poeira invade nossas casas e afeta nossa saúde. É um jogo de empurra-empurra sem fim. Enquanto isso pagamos um preço alto e temos que conviver com tantos problemas que afligem os moradores”.
Assim expressou Paulo César da Silva que, diante da indefinição de atribuições e responsabilidades, viu seu empreendimento sequer ser aberto por falta de condições higiene e segurança. Há mais de 5 anos, ele vem empreendendo uma batalha de uma guerra travada para tentar solucionar os graves problemas vividos pela comunidade.
Ele conta que a situação agravou há um ano quando a prefeitura liberou a instalação de cooperativas e empresas transportadores ao lado da localidade sem medir os impactos. “O volume de carretas aumentou por demais e sequer fomos consultados sobre os empreendimentos”, reclamou.

Sem passarela, morador atravessa BR 040 e carro cruza rodovia: perigo constante de acidentes / CORREIO DE MINAS

Perigos
Além da poeira, o perigo é constante quando carretas e carros cruzam a BR ou mesmo os moradores se arriscam para atravessar a rodovia. A alta velocidade é também um dos graves.
Nossa reportagem, flagrou carros e carretas atravessando em alta velocidade os dois lados dos acostamentos onde transitam moradores e trabalhadores, sem qualquer passarela, faixa, radar que amenizem os riscos da travessia.
Nos trechos, os moradores relatam diversos acidentes, entre colisões e atropelamentos,  com inúmeras  vítimas fatais. “Não temos uma passarela, sinalização, iluminação ou qualquer segurança. Estamos totalmente abandonados à própria sorte”, denunciou o morador Francisco Gomes que mora há 40 anos com a família na vila.

https://www.youtube.com/embed/Ao-fYZb9aMg
Apelo
Depois de percorrer gabinetes de autoridades e enviar inúmeros ofícios a órgãos diversos, que poderiam ajudar na solução, Paulo César resolveu acionar o Ministério Público Federal. Além disso, as comunidades  aguardam há 2 anos um parecer para a prefeitura ou a Vias 040 assumam a obra de pavimentação ou a façam em convênio . “Estamos nesta expectativa de que o Ministério Público Federal e Estadual acionem as responsabilidades dos 2 lados”, assinalou.

Moradores

Moradores observam carro cruzando BR / CORREIO DE MINAS

Mas enquanto aguardam por uma solução, os moradores convivem do drama social, ambiental e de risco a saúde. Tanto que Vicente Benedito da Silva, de 76 anos, se revoltou com falta de definição e o desprezo com a comunidade tradicional. Ele tem uma pousada a beira da BR040. “A gente convive com este pó 24 horas. Isso inviabiliza nosso comércio, afugente hóspedes e afeta a comunidade. “É muito descaso conosco. Somos uma pequena vila e sentimos por demais esta situação que enfrentamos. É muita má vontade das partes envolvidas. A própria prefeitura poderia intervir e trazer uma pouco de qualidade de vida para todos nós, colocando um asfalto ou qualquer outra intervenção. Estamos marginalizados”, cobrou.
Eny Condé, de 60 anos, é uma das filhas do fundador da Vila, Vicente Condé. Ela denunciou que as carretas batem caçamba na madrugada, levantando poeira e grande barulho. *Relata ainda que a situação afeta diretamente sua família, já que sua mãe idosa sofre com problemas respiratórios. “Nossa comunidade vivia com tranquilidade mas hoje é uma tortura e estamos penalizados e sem ninguém olha por nós”, desabafou, contando que seu filho sofreu acidente na BR 040.

Devido a poeira, comunidade mantém residencias fechadas / CORREIO DE MINAS

Câmara
Por duas vezes, o morador Paulo César esteve na Câmara Municipal para usar a tribuna, mas foi impossibilitado pela pauta cheia para votações e outra por falta de quórum na sessão.

Sem esgoto
Outra cobrança da comunidade é a falta de saneamento básico e esgoto das mais de 40 casas é lançado no Rio Maranhão.

Mineração e grande tráfego de carretas impactam nas comunidades à beira da rodovia 040 / CORREIO DE MINAS

Arrecadação
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), no ranking por cidades do Brasil, Parauapebas (PA) lidera o recolhimento de CFEM, em 2019, com mais de R$1,15 bilhão, seguida por Canaã (PA) com R$705 milhões.
Na sequência estão 5 municípios mineiros: Congonhas (R$284 milhões), Nova Lima (R$197,8 milhões), Itabira (R$241 milhões), Conceição do Mato Dentro (R$180,9 milhões) e São Gonçalo do Rio Abaixo (R$160 milhões).

Depoimentos
Ao longo da semana, nossa reportagem vai ouvir os diversos lados envolvidos no drama vivido pelos moradores da Vila Condé  e Avenida Paralela ( Bairro Jardim Profeta), entre os quais Prefeitura Municipal de Congonhas,  MPMG, MPF, Secretaria de Meio Ambiente,  Via 040, transportadoras e Sindiextra.

Fotos e video:

Moradores de vila fantasma às margens da BR 040 pedem socorro e vivem com casas fechadas pela poeira do minério

Uma localidade fantasma onde os moradores são obrigados a manter suas residências com portas e janelas fechadas. Ofuscada pela poeira, quem passa pela BR 040 quase não  percebe que ali existem dois bairros. No km 613 a pequena localidade de Vila Condé e Avenida Paralela, que dividem com o bairro Jardim Profeta, em Congonhas (MG), são as maiores vítimas do desenvolvimento econômico regional.
Embalados pelo aumento do preço do minério, o vertiginoso crescimento da extração  e do transporte por carretas na BR 040 acarretam transtornos.  A  Vila Condé e Avenida Paralela  estão há poucos kms das lavras de Congonhas e Ouro Preto, também  das siderúrgicas localizadas entre Congonhas, Ouro Branco e Jeceaba  e ao lado de um grande porto seco, na localidade de Joaquim Murtinho,  onde há transição do modal rodoviário para o ferroviário.

A Cidade dos Profetas é a 3ª do Brasil em maior arrecadação de CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral, mas comunidades sentem na própria pele e pagam caro pelos impactos do “progresso”.

Poluição, poeira, barulho

Moradores cobram das autoridades uma solução para os problemas / CORREIO DE MINAS

Os cerca de 50 moradores da Vila Condé estão à margem da rodovia BR 040, mas são castigados pela poeira, intenso tráfego de carretas de minério, poluição sonora, falta de segurança, riscos constantes de acidentes e uma dezena de mazelas até então sem quaisquer soluções para minimizar os intensos impactos ambientais como também na saúde e na segurança.
Nossa reportagem esteve na manhã de terça-feira (21) para ouvir o drama vivido pelos moradores, que se dizem órfãos do poder público e das autoridades em geral. “Aqui o tráfego de caminhões é 24 horas. A poeira invade nossas casas e afeta nossa saúde. É um jogo de empurra-empurra sem fim. Enquanto isso pagamos um preço alto e temos que conviver com tantos problemas que afligem os moradores”.
Assim expressou Paulo César da Silva que, diante da indefinição de atribuições e responsabilidades, viu seu empreendimento sequer ser aberto por falta de condições higiene e segurança. Há mais de 5 anos, ele vem empreendendo uma batalha de uma guerra travada para tentar solucionar os graves problemas vividos pela comunidade.
Ele conta que a situação agravou há um ano quando a prefeitura liberou a instalação de cooperativas e empresas transportadores ao lado da localidade sem medir os impactos. “O volume de carretas aumentou por demais e sequer fomos consultados sobre os empreendimentos”, reclamou.

Sem passarela, morador atravessa BR 040 e carro cruza rodovia: perigo constante de acidentes / CORREIO DE MINAS

Perigos
Além da poeira, o perigo é constante quando carretas e carros cruzam a BR ou mesmo os moradores se arriscam para atravessar a rodovia. A alta velocidade é também um dos graves.
Nossa reportagem, flagrou carros e carretas atravessando em alta velocidade os dois lados dos acostamentos onde transitam moradores e trabalhadores, sem qualquer passarela, faixa, radar que amenizem os riscos da travessia.
Nos trechos, os moradores relatam diversos acidentes, entre colisões e atropelamentos,  com inúmeras  vítimas fatais. “Não temos uma passarela, sinalização, iluminação ou qualquer segurança. Estamos totalmente abandonados à própria sorte”, denunciou o morador Francisco Gomes que mora há 40 anos com a família na vila.

https://www.youtube.com/embed/Ao-fYZb9aMg
Apelo
Depois de percorrer gabinetes de autoridades e enviar inúmeros ofícios a órgãos diversos, que poderiam ajudar na solução, Paulo César resolveu acionar o Ministério Público Federal. Além disso, as comunidades  aguardam há 2 anos um parecer para a prefeitura ou a Vias 040 assumam a obra de pavimentação ou a façam em convênio . “Estamos nesta expectativa de que o Ministério Público Federal e Estadual acionem as responsabilidades dos 2 lados”, assinalou.

Moradores

Moradores observam carro cruzando BR / CORREIO DE MINAS

Mas enquanto aguardam por uma solução, os moradores convivem do drama social, ambiental e de risco a saúde. Tanto que Vicente Benedito da Silva, de 76 anos, se revoltou com falta de definição e o desprezo com a comunidade tradicional. Ele tem uma pousada a beira da BR040. “A gente convive com este pó 24 horas. Isso inviabiliza nosso comércio, afugente hóspedes e afeta a comunidade. “É muito descaso conosco. Somos uma pequena vila e sentimos por demais esta situação que enfrentamos. É muita má vontade das partes envolvidas. A própria prefeitura poderia intervir e trazer uma pouco de qualidade de vida para todos nós, colocando um asfalto ou qualquer outra intervenção. Estamos marginalizados”, cobrou.
Eny Condé, de 60 anos, é uma das filhas do fundador da Vila, Vicente Condé. Ela denunciou que as carretas batem caçamba na madrugada, levantando poeira e grande barulho. *Relata ainda que a situação afeta diretamente sua família, já que sua mãe idosa sofre com problemas respiratórios. “Nossa comunidade vivia com tranquilidade mas hoje é uma tortura e estamos penalizados e sem ninguém olha por nós”, desabafou, contando que seu filho sofreu acidente na BR 040.

Devido a poeira, comunidade mantém residencias fechadas / CORREIO DE MINAS

Câmara
Por duas vezes, o morador Paulo César esteve na Câmara Municipal para usar a tribuna, mas foi impossibilitado pela pauta cheia para votações e outra por falta de quórum na sessão.

Sem esgoto
Outra cobrança da comunidade é a falta de saneamento básico e esgoto das mais de 40 casas é lançado no Rio Maranhão.

Mineração e grande tráfego de carretas impactam nas comunidades à beira da rodovia 040 / CORREIO DE MINAS

Arrecadação
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), no ranking por cidades do Brasil, Parauapebas (PA) lidera o recolhimento de CFEM, em 2019, com mais de R$1,15 bilhão, seguida por Canaã (PA) com R$705 milhões.
Na sequência estão 5 municípios mineiros: Congonhas (R$284 milhões), Nova Lima (R$197,8 milhões), Itabira (R$241 milhões), Conceição do Mato Dentro (R$180,9 milhões) e São Gonçalo do Rio Abaixo (R$160 milhões).

Depoimentos
Ao longo da semana, nossa reportagem vai ouvir os diversos lados envolvidos no drama vivido pelos moradores da Vila Condé  e Avenida Paralela ( Bairro Jardim Profeta), entre os quais Prefeitura Municipal de Congonhas,  MPMG, MPF, Secretaria de Meio Ambiente,  Via 040, transportadoras e Sindiextra.

Fotos e video:

Fim da poeira? Prefeitura de Congonhas solicita ANTT aprovação de projeto para obra na Vila Condé; MPF avalia situação

Moradores da Vila Condé e rua Paralela convivem com poeira, poluição e barulho / CORREIO DE MINAS

A Prefeitura enviou solicitação à ANTT(Agência Nacional de Transportes Terrestres) para executar obras de infraestrutura em área de domínio da BR-040. A Prefeitura informou ainda que irá realizar obras, por ora, somente no trecho da Avenida Paralela.
Esta matéria faz parte de uma série de reportagens sobre a grave situação por quem os moradores de Congonhas no Km 611, quando são obrigados a manter suas casas fechadas em função da poeira oriunda do tráfego intenso de carretas de minério, além a total falta de infraestrutura. Abandonados a própria sortes, os moradores lutam há mais de 5 anos para conseguir condições qualidade de vida.

Gestão urbana
O Departamento de Fiscalização de Obras e Posturas, da Secretaria de Gestão Urbana, conforme a legislação em vigor (Lei 2.624/2006), relativa ao Uso e Ocupação do Solo no município de Congonhas, afirmou que a localidade está inserida na Zona Industrial e Comercial. Este zoneamento permite a instalação de garagens de veículos de transporte coletivo e carga, garagens para veículos, máquinas e equipamentos pesados e outros similares. Porém, região está sujeita a eventuais estudos prévios de impacto de vizinhança. Neste quesito, a comunidade sequer ouvida sobre os impactos de garagem de transportadoras, principais empreendidos causadores dos danos a saúde e meio ambiente.

O Procurador

Moradores protestam por melhores condições de infraestrutura/ DIVULGAÇÃO

O Procurador, Fernando Martins, informou que Ministério Público Federal (MPF) recebeu no dia 7 de maio deste ano, uma manifestação de cidadão sobre vários problemas entre os km 611 e 614 (Município de Congonhas), tais como acessos irregulares, travessias de pista inseguras, poeira na pista, falta de iluminação (…). A partir daí a concessionária foi notificada, e enfatizou que a maior parte dos problemas seria de responsabilidade do Município.
Com relação especificamente ao km 613 (excesso de poeira, inundações com lama na faixa de rolamento, sinalização e iluminação), a concessionária respondeu que a raiz do problema seria o acúmulo de sujeira na pista, aliado à deficiência de drenagem, ambos causados pelos acessos irregulares existentes ao longo do trecho. Por conseguinte, seriam de responsabilidade dos respectivos proprietários de cada acesso, aos quais cabe implementar as obras necessárias de regularização.
A concessionária alega que tem o dever de fiscalizar tais ocorrências e notificar os interessados, e que por diversas vezes esteve em negociações com o Município para mitigar os problemas. Haveria, outrossim, a necessidade de fechar vários acessos irregulares, e que a pavimentação das vias laterais no km 613 não seria de responsabilidade da Via 040, não constando no Termo de Arrolamento e Transferência de Bens do DNIT para a concessionária.
Quanto aos problemas de sinalização, a concessionária informou que implementaria ao longo do mês de julho de 2020 melhorias na localidade.
A respeito da iluminação das áreas das vias laterais que interceptam a rodovia, não seria dever da concessionária, e sim, do Município.

https://youtu.be/Njfow4OIGM4

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Comunidade na BR 040 é obrigada a manter casas fechadas em função da poeira e barulho de carretas de minério; moradores recorrem ao MPF e falam em descaso,

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No km 613 a pequena localidade de Vila Condé e Avenida Paralela, que dividem com o bairro Jardim Profeta, em Congonhas, são as maiores vítimas do desenvolvimento econômico regional.
Embalados pelo aumento do preço do minério, o vertiginoso crescimento da extração  e do transporte por carretas na BR 040 acarretam transtornos.  A  Vila Condé e Avenida Paralela  estão há poucos kms das lavras de Congonhas e Ouro Preto, também  das siderúrgicas localizadas entre Congonhas, Ouro Branco e Jeceaba  e ao lado de um grande porto seco, na localidade de Joaquim Murtinho,  onde há transição do modal rodoviário para o ferroviário.
A Cidade dos Profetas é a 3ª do Brasil em maior arrecadação de CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral, mas comunidades sentem na própria pele e pagam caro pelos impactos do “progresso”.

Poluição, poeira, barulho

Moradores cobram das autoridades uma solução para os problemas / CORREIO DE MINAS

Os cerca de 50 moradores da Vila Condé estão à margem da rodovia BR 040, mas são castigados pela poeira, intenso tráfego de carretas de minério, poluição sonora, falta de segurança, riscos constantes de acidentes e uma dezena de mazelas até então sem quaisquer soluções para minimizar os intensos impactos ambientais como também na saúde e na segurança.
Nossa reportagem esteve na manhã de terça-feira (21) para ouvir o drama vivido pelos moradores, que se dizem órfãos do poder público e das autoridades em geral. “Aqui o tráfego de caminhões é 24 horas. A poeira invade nossas casas e afeta nossa saúde. É um jogo de empurra-empurra sem fim. Enquanto isso pagamos um preço alto e temos que conviver com tantos problemas que afligem os moradores”.
Assim expressou Paulo César da Silva que, diante da indefinição de atribuições e responsabilidades, viu seu empreendimento sequer ser aberto por falta de condições higiene e segurança. Há mais de 5 anos, ele vem empreendendo uma batalha de uma guerra travada para tentar solucionar os graves problemas vividos pela comunidade.
Ele conta que a situação agravou há um ano quando a prefeitura liberou a instalação de cooperativas e empresas transportadores ao lado da localidade sem medir os impactos. “O volume de carretas aumentou por demais e sequer fomos consultados sobre os empreendimentos”, reclamou.

Sem passarela, morador atravessa BR 040 e carro cruza rodovia: perigo constante de acidentes / CORREIO DE MINAS

Perigos
Além da poeira, o perigo é constante quando carretas e carros cruzam a BR ou mesmo os moradores se arriscam para atravessar a rodovia. A alta velocidade é também um dos graves.
Nossa reportagem, flagrou carros e carretas atravessando em alta velocidade os dois lados dos acostamentos onde transitam moradores e trabalhadores, sem qualquer passarela, faixa, radar que amenizem os riscos da travessia.
Nos trechos, os moradores relatam diversos acidentes, entre colisões e atropelamentos,  com inúmeras  vítimas fatais. “Não temos uma passarela, sinalização, iluminação ou qualquer segurança. Estamos totalmente abandonados à própria sorte”, denunciou o morador Francisco Gomes que mora há 40 anos com a família na vila.


Apelo
Depois de percorrer gabinetes de autoridades e enviar inúmeros ofícios a órgãos diversos, que poderiam ajudar na solução, Paulo César resolveu acionar o Ministério Público Federal. Além disso, as comunidades  aguardam há 2 anos um parecer para a prefeitura ou a Vias 040 assumam a obra de pavimentação ou a façam em convênio . “Estamos nesta expectativa de que o Ministério Público Federal e Estadual acionem as responsabilidades dos 2 lados”, assinalou.

Moradores

Moradores observam carro cruzando BR / CORREIO DE MINAS

Mas enquanto aguardam por uma solução, os moradores convivem do drama social, ambiental e de risco a saúde. Tanto que Vicente Benedito da Silva, de 76 anos, se revoltou com falta de definição e o desprezo com a comunidade tradicional. Ele tem uma pousada a beira da BR040. “A gente convive com este pó 24 horas. Isso inviabiliza nosso comércio, afugente hóspedes e afeta a comunidade. “É muito descaso conosco. Somos uma pequena vila e sentimos por demais esta situação que enfrentamos. É muita má vontade das partes envolvidas. A própria prefeitura poderia intervir e trazer uma pouco de qualidade de vida para todos nós, colocando um asfalto ou qualquer outra intervenção. Estamos marginalizados”, cobrou.
Eny Condé, de 60 anos, é uma das filhas do fundador da Vila, Vicente Condé. Ela denunciou que as carretas batem caçamba na madrugada, levantando poeira e grande barulho. *Relata ainda que a situação afeta diretamente sua família, já que sua mãe idosa sofre com problemas respiratórios. “Nossa comunidade vivia com tranquilidade mas hoje é uma tortura e estamos penalizados e sem ninguém olha por nós”, desabafou, contando que seu filho sofreu acidente na BR 040.

Devido a poeira, comunidade mantém residencias fechadas / CORREIO DE MINAS

Câmara
Por duas vezes, o morador Paulo César esteve na Câmara Municipal para usar a tribuna, mas foi impossibilitado pela pauta cheia para votações e outra por falta de quórum na sessão.

Sem esgoto
Outra cobrança da comunidade é a falta de saneamento básico e esgoto das mais de 40 casas é lançado no Rio Maranhão.

Mineração e grande tráfego de carretas impactam nas comunidades à beira da rodovia 040 / CORREIO DE MINAS

Arrecadação
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), no ranking por cidades do Brasil, Parauapebas (PA) lidera o recolhimento de CFEM, em 2019, com mais de R$1,15 bilhão, seguida por Canaã (PA) com R$705 milhões.
Na sequência estão 5 municípios mineiros: Congonhas (R$284 milhões), Nova Lima (R$197,8 milhões), Itabira (R$241 milhões), Conceição do Mato Dentro (R$180,9 milhões) e São Gonçalo do Rio Abaixo (R$160 milhões).

Depoimentos
Ao longo da semana, nossa reportagem vai ouvir os diversos lados envolvidos no drama vivido pelos moradores da Vila Condé  e Avenida Paralela ( Bairro Jardim Profeta), entre os quais Prefeitura Municipal de Congonhas,  MPMG, MPF, Secretaria de Meio Ambiente,  Via 040, transportadoras e Sindiextra.

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